Algo atormentava Felippa desde o nascimento da filha. Ela amava Johanna com toda a sua alma. Ian também amava a menina. Entretanto, ela temia que ele escondesse a decepção por ter tido a filha mulher, pra não magoá-la. O observava atentamente, mas não tirava nada concreto.
-Eu acho que isso é neurose sua. Diego dá a vida por Victoria, porque Ian não daria? -Mariah perguntou claramente.
Mariah e Felippa haviam se tornado bastante amigas, desde o parto conjunto que as duas tiveram. Toda a mansão Stravinsky dormia agora. Uma loja veio à tarde, e trouxe uma cama nova pro quarto de Laís e Christopher, muito mais luxuosa que a original. A casa estava no mais completo silêncio. Mas Felippa não conseguiu dormir, então recorreu a Mariah, que era a quem tinha.
-É claro. Diego tem a Dieguinho.-Disse, passando a mão nos cabelos.-Ao menos se eu conseguisse engravidar novamente, ele podia se contentar.
-Ele já se queixou?-Perguntou confusa.
-Não. Ele ama Johanna. Mas, não sei.-Ela suspirou, passando as mãos nos cabelos.
-Pare com isso. É bobagem, Felippa. Ian baba por Johanna. Logo você engravidará novamente.-Disse tranquilizando. Felippa sorriu. Queria acreditar em Mariah.-Agora vou voltar pra cama. Se Diego acordar, e eu não estiver lá, ganho problemas.-Disse, se levantando.
Mariah foi pro seu quarto, e Felippa ficou pensando, sozinha. Até que ouviu o choro fino de uma bebê. Não era Isadora, ou Victoria. Era sua Johanna. Ela reconhecia seu choro. Sorriu de canto e subiu pra ver a filha, mas parou na porta do quarto. Ian já estava lá, e ninava a menina veementemente. Ele cantarolava algo, e alisava os cabelos da pequena, que o observava atentamente.
-Eu te quero, bela e pálida, como sonhei que você era.-Cantarolou, e a menina sorriu, sonolenta.-Eu sinto você, Johanna.-Ele sorriu de canto, vendo a filha adormecer. A música era lenta, calma. Felippa nunca ouvira. Ian estava compondo pra Johanna, dando ritmo ao que lhe vinha na cabeça. Era típico dele.-Minha pombinha, minha querida.-Ele beijou a testa da filha, já adormecida.-Você não estava na cama, aconteceu alguma coisa?-Perguntou, agora era pra Felippa, mesmo sem ter olhado ela.
-Não. Apenas estava sem sono, e fui conversar um pouco com Mariah.-Justificou, entrando no quarto. O quartinho de Johanna era amarelo clarinho, com bonecas, ursinhos.
-Veja como ela dorme. Parece um anjo.-Comentou, pondo a filha no berço.
-Tem o sono leve, como você.-Comentou, abraçando-o pela barriga. Ian sorriu, e a abraçou.
-Venha, vamos dormir.-Ele selou os lábios com os da esposa, que sorriu.
Felippa sorriu, e foi com ele, tranquila. Não tinha mais medo. Ela já tivera a certeza de que precisava. Dois meses se passaram. A cama não voltou a se quebrar. Em compensação a isso, a bancada da penteadeira despencou, e se Christopher não tivesse amparado Laís, ela teria caído. Os dois riram com isso. Mas não estamos aqui pra falar de sexo. Felippa não tinha mais duvidas em relação a Ian. Trocará farpas e mais farpas com Laís, mas não passou disso.
Isadora estava aprendendo a falar, também. Mariah e Diego, Ian e Felippa se amavam muito. Mas não tanto quanto Laís e Christopher. O amor deles dois era intenso demais. Dava pra ver até pelo olhar. Era um tipo de amor que rasga a pele, e deixa o sangue fluir. A única coisa que atrapalhava eram as malditas cartas, que continuavam chegando.
-Está ficando bonito.-Mariah comentou vendo o bordado que Laís fazia. Ela tinha um projeto. Um conjunto de toalhas, alvas. Na ponta inferior ela bordava um "S" preto, com uma sombra, o que formava um L e um C. Laís e Christopher, obviamente.-Eu ia te dizer pra você fazer umas toalhas de renda, pra mesas, só que com a mania que vocês ganharam agora de destruir os móveis, é melhor nem desperdiçar.-Felippa riu, e Sophia sorriu.
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A Nobreza
RomanceA Nobreza Antoni por inconsequência havia cometido um erro. No nascimento de Laís sem que a mulher soubesse havia prometido a filha em casamento. Cinco anos se passaram e foi então que ele contou a esposa que a pequena filha do casal seria entregue...