Laís assentiu, olhou ele uma ultima vez e saiu do banheiro. Christopher virou-se pro enorme espelho que havia ali. Que diabo de sentimento era aquele? Porque gostara tanto quando a criança reagiu ao seu toque? Nem ele sabia responder.
Laís completou seis meses de gravidez. Estava com um barrigão enorme. Ela e Mariah se esbaldaram comprando roupinhas neutras, já que ainda não sabiam o sexo da criança, por opção resolveu que não queria saber.
-Você se empolgou com a história do bebê da Laís.-Diego comentou, sorrindo pra esposa, que estava sentada na ponta da cama dos dois, com um macacãozinho na mão.
-A Laís é muito só. Christopher não dá nem um terço do que ela merece. Então eu faço o que posso.-Diego sorriu mais ainda, pela doçura dela.
-Agora ela vai ter o bebê.-Confortou, enquanto tirava o terno.-Todos nós teremos um novo herdeiro, pra fazer companhia ao Diego.
-Novos herdeiros.-Corrigiu.
-Novos?-Virou-se confuso pra mulher. Mariah ergueu a sobrancelha, e ele entendeu. Novos herdeiros. Mais de um. Duas grávidas.
A gritaria recomeçou. Foi quase exatamente como a vez de Diego, só com algumas diferenças. Laís, que comia uma torrada, engasgou-se com o grito que Diego deu. Eles nem precisavam anunciar, todos adivinharam. Laís sorriu, feliz. Christopher fez uma cara estranha, mas sorriu pra si mesmo. Ian riu. Um novo herdeiro.
-Eu preciso ir buscar Felippa.-Ian concluiu na hora do jantar. Toda a família estava reunida em volta da mesa.-O pai dela faleceu, fiquei sabendo hoje de manhã.
Laís virou a cabeça bruscamente pra Ian, atônita. Christopher observou a reação da mulher com um sorriso de canto no rosto. Se Ian era seu farol, agora ela estava perdida.
-Ian, o bebê.-Murmurou no dia seguinte, antes dele partir, no chalé.
-Eu voltarei pra ver ele nascer, eu prometo.-Respondeu, abraçando-a.-Eu preciso ir. Felippa está atordoada sozinha. Perdoe-me.
-Eu preciso de você aqui, pro bebê nascer. Eu tenho medo.-Admitiu, com o rosto no peito dele. Embora tivesse vontade que o filho fosse dele, tinha medo da reação de Christopher.
-Eu estarei aqui, minha Laís.-Acalmou ela, acariciando-lhe os cabelos firmemente presos.-Eu preciso ir.
Laís ergueu os olhos pra ele, e estava em pânico. Precisava de Ian aqui. Ele segurou o rosto dela, e a beijou por um bom tempo. Era um beijo de despedida. Na opinião de Laís, a pior classe de beijo. E então, com um "Até logo.", ele havia sumido, deixando aquele vazio doloroso em seu peito.
-Ele foi embora. -Christopher caçoou no dia seguinte, à noite, quando ela entrou no quarto dos dois.
-Vá pro diabo que te carregue.-Mandou quieta, enquanto tirava as botas.
-Você fica tão bonitinha quando está só.-Continuou divertido.-Oh, pobre Laís, seu Ian voltou pra mulher.-Ele riu gostosamente com isso.
-Vamos parando? -Perguntou, erguendo o rosto pra ele.
-A essa hora ele deve estar com ela.-Provocou, e Laís olhou pra frente.-Você não conhece a mansão da França, mas é incrível.-Atiçou, sentando-se na outra ponta da cama.-As camas são enormes. Imagino, Felippa tendo ficado sozinha tanto tempo, em que condição os dois não devem estar agora.-Concluiu malicioso.
Laís não admitiu, mas era nisso que ela estava pensando. Ian estava com Felippa agora. Ele era apaixonado por ela. Felippa o levaria pra cama. Laís admitiu pra si mesma, levaria Christopher pra cama também, se não estivesse com uma barriga tão grande, e se Amanda não estivesse marcada em cada pedaço da pele dele. Não podia piorar. A raiva dela chegou ao auge, e antes de pensar, ela pegou um pequeno vaso que estava na penteadeira e atirou nele. Christopher desviou, e o vaso atingiu em cheio a parede, partindo-se em dezenas de caquinhos. Laís foi pro banheiro e bateu a porta com força, ainda ouvindo o riso glorioso de Christopher vindo do quarto. Ian com Felippa. Christopher torrando-lhe a paciência. Sua barriga, cada vez mais pesada. Inferno de vida. Um mês se passou. Ian ligava para Laís toda semana. Queria saber como ela estava, sentia saudades. Sua barriga estava maior que nunca.
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A Nobreza
RomanceA Nobreza Antoni por inconsequência havia cometido um erro. No nascimento de Laís sem que a mulher soubesse havia prometido a filha em casamento. Cinco anos se passaram e foi então que ele contou a esposa que a pequena filha do casal seria entregue...