capitulo 15 A volta por cima II

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Laís observou Christopher sair com o olhar frio. Depois, a curiosidade lhe venceu. Levantou-se e foi, sem emoção alguma, até a caixa. Tirou a tampa, pondo-a de lado, desdobrou o papel de seda rosa. Seu choque foi tão grande que suas mãos tremeram. Ela conhecia aquelas rendas. Puxou o vestido de dentro da caixa, e lá estava ele. Seu vestido de noiva. Intacto, como se nunca tivesse sido rasgado. Ela olhou, e a costura estava perfeita. As rendas pareciam nunca ter sido tocadas. Laís estremeceu. Sentia vontade, mas não chorou. Seus novos olhos se recusaram a choramingar. Ela ergueu o rosto, respirou fundo, colocou o vestido com todo o cuidado dentro da caixa novamente e o guardou.

-Pensei que não viesse mais aqui. -Sorriu, ao entrar no chalé e vê-la lá. Há dias não saia de casa.

-Eu gosto daqui. -Ian sorriu de canto, olhando o lugar. Aquilo sim era seu refúgio, o chalé era tudo de mais precioso que lhe fora dado nos últimos tempos.

-Você gostava do Carllo. -Observou, sentando-se perto dela. Laís não respondeu. -Tenho medo de que não goste mais de mim também. -Admitiu, encarando-a.

-É diferente. -Ela sorriu, acariciando o rosto dele. -Eu ainda gosto do Carllo, gosto muito, foi o melhor presente que eu já recebi. -Ian sorriu de canto. -E eu amo você. É mais que gostar. -Passou o dedo na ponta do nariz dele.

-Bobo. -Sussurrou, com a testa colada a dele.

-Me diz. -Ele começou, olhando ela. -O que está te aporrinhando aqui dentro? -Perguntou, tocando o cabelo dela, que continuava severamente preso.

-Ian, eu sei que não devia perguntar, mas é que eu preciso saber. -Ela hesitou, e Ian esperou, paciente. -Quem foi Amanda?

Ian levou Laís pra caminhar perto do chalé, enquanto procurava as palavras pra explicar.

-E então? -Pressionou, olhando-o.

-Bom Laís. Como você já deve saber, Amanda foi uma namorada do Christopher, de adolescência. -Começou.

-Ele disse que tinha esperado por mim a vida toda. -Laís lembrou com ironia.

-E ele esperou. Toda uma vida. Mas por uma vez, uma única vez, ele desistiu de você. -Explicou. -Nós andávamos em festas, bailes. Quando se é um Stravinsky as portas se abrem pra você. Isso subiu a cabeça de Christopher. Era um adolescente insuportável. O preferido do nosso pai, é claro. Tinha noitadas, bebia, se drogava. E numa festa da faculdade conheceu Amanda.

Laís ouvia atentamente, montando a cena em sua cabeça. Christopher jovem, mas ainda com a mesma prepotência, e Amanda em sua feminilidade exagerada.

-Uma ordinária. -Laís cerrou a sobrancelha. -Sim. Conheceu-a em uma daquelas orgias de faculdade. Christopher se apaixonou por ela. Era toda risos e cortesias. O problema é que havia você. Ele era seu, por anos. -Laís assentiu. -Essa mansão virou um algazarra. Pela primeira vez Christopher se virou contra o nosso pai. Fazia Diego de pombo-correio. Deu certo, até que Diego se revoltou e se negou a ir. Mais brigas, mais discussões, e o nosso pai proibiu Christopher de ver ela. Então, ele resolveu fugir. -Disse, relembrando. -Pegou pouca roupa, o dinheiro que tinha, e foi embora. Levou-a. Só que a mãe dele descobriu no dia, papai não estava aqui. Vickie ficou descontrolada. Pegou o carro e seguiu o rastro dele sozinha. Encontrou-o aos na saída da cidade. Bom, dessa parte eu não sei direito, eu não estava lá. Eu e Diego fomos atrás dela assim que mandamos avisar ao nosso pai, mas era tarde, e ela havia sumido.

-Ele ficou desnorteado depois daquele dia. Perdera a mãe e a mulher em um único golpe. Demorou a se recuperar. E então, perdeu tudo. Ele era feliz, Laís. Tinha alegria, havia vida em seu rosto. Depois ficou assim, mais insuportável do que já era. Ele não se lembrava de muita coisa. Só que Vickie chegou, queria que ele parasse, mas ele não o fez. E então ele apagou. Quando acordou, estava no hospital. Foram tempos difíceis. Ele se apaixonou por uma mulher que além de não valer nada ainda carregava um sobrenome vergonhoso, enquanto você era dele. Papai não ia manchar seu nome desfazendo o trato pra que ele ficasse com Amanda. Eu mandei Felippa pra longe, por mais que me doesse, assim que nós nos casamos. Ela é sensível, não lhe faria bem.

-Obrigado por me contar. -Laís sorriu de cabeça baixa. Mesmo sendo doloroso, era melhor saber a verdade.

-Um dia, todo esse inferno vai passar, minha Laís. -Ele prometeu, abraçando ela pelo ombro -Haverão crianças correndo por essa mansão, e isso não será mais que um passado escuro. -Laís sorriu com a ideia, e ele lhe beijou a testa. 

Mesmo que os dois já aviam  se beijado sabiam que não poderiam levar isto adiante pois Iam tinha Felippa ela nao merecia oque estavam preste a acontecer. 

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