-Obrigado, meu Deus.-Murmurou pra si mesmo. Mas nessa hora, um gritinho animado e inocente inundou a sala. Christopher se virou, com o coração pulando de saudade. Diego entrava no hospital, trazendo uma Isadora que só faltava bater no tio, querendo ir pro colo do pai. A menina dava gritinhos, pulava, ria, batia palmas. Christopher sorriu de canto. Sonhou tanto em ver aquele sorriso novamente.
-Isadora.-Murmurou pra si mesmo, enquanto avançava pra filha.
Diego entregou a menina a Christopher, que se agarrou com força ao pai. Ele aspirou o cheiro da filha, como se dependesse disso pra viver, enquanto a acolhia em seu peito. A saudade era tanta que fazia ele querer gritar. Ele encheu o rostinho e o pescoço de Isadora com beijinhos estralados, fazendo ela rir.
-O que foi?-Perguntou sorrindo, enquanto a filha ria nos braços dele. Isadora tapou os olhinhos com as mãos por um momento, e depois destampou-os depressa, fazendo carinha sapeca, e tocou o peito de Christopher. Christopher se derreteu com isso.-É, o papai está aqui, minha sapeca.-Isadora bateu palminhas, enquanto Christopher beijava ela de novo.
-A mamãe não está aqui.-Respondeu, acariciando os cabelos da menina, que estavam com um penteado fofinho.-Não está, meu amor.-Isadora fez bico.-Não, não chore. Nós vamos ver ela daqui a pouco, sim?-Isadora continuou com bico.-Mas não pode chorar.-Avisou, olhando-a. Era incrível. A cor dos olhos de Isadora era minuciosamente idêntica ao seus. Era como se olhar num espelho pequeno e louro. Isadora abraçou o pai de novo, e ele a ninou. Passara tanto tempo imaginando o momento que poderia niná-la de novo, que agora que podia fazê-lo, era surreal.
Assim que foi liberado, Christopher se postou ao lado de Laís em seu leito, e de lá não saiu. A loura tinha a aparência fraca, débil. As horas se passaram, e ela não se movia, apenas respirava. Seus cabelos estavam soltos, no travesseiro branco. Ela vestia uma camisola amarela-clara, do hospital. Christopher segurou a mão dela pelas horas a fio. Parecia não piscar os olhos, enquanto observava a esposa. Pediu pra levarem Isadora que estava irritada pra casa, não achava bom que ela ficasse no hospital muito tempo. Os cantos da boca de Laís estavam vermelhos, e seus pulsos tinham grandes curativos. A madrugada e a chuva reinavam lá fora, quando Laís começou a falar.
-Era mentira.-Sussurrou, virando o rosto levemente pro rosto pro lado. Christopher a encarou, atentamente.
-Calma.-Pediu, acariciando-lhe o cabelo.
-Amanda.-Sussurrou novamente, franzindo a sobrancelha.
-Já acabou.-Acalmou, ainda acariciando-a.
-Não adianta, era mentira.-Murmurou, atordoada.
-O que era mentira, meu amor?-Tentou acalmar, vendo a agitação dela.
-Tudo. O filho, era mentira. -Ela se balançou de novo, com uma expressão de dor no rosto.
-Calma, Laís.-Ele beijou a testa dela. Laís se aquietou por um instante, e ele a observou, pensativo. Uns minutos depois, a loura abriu os olhos, e o encarou fixamente.
-Não.-Ela recuou, se encolhendo na cama, ao focalizar Christopher em sua frente.
-Calma. Está tudo bem agora.-Acalmou ela, segurando-a pelo ombro. A pele dela queimou sob o toque dele. Já ele tinha vontade de possuí-la ali mesmo.
-Não está bem. Você me encontrou.-Concluiu, se sentando. Sua cabeça estava um pouco pesada, pelos remédios.-Cadê a minha filha?!-Perguntou assustada.
-Laís, calma. Isa está em casa, Mariah está cuidando dela. Ela está bem.-Laís suspirou, relaxando na cama.-Porque fugiu?-Perguntou, sentando-se nos pés da cama, ainda segurando a mão dela.
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A Nobreza
RomansaA Nobreza Antoni por inconsequência havia cometido um erro. No nascimento de Laís sem que a mulher soubesse havia prometido a filha em casamento. Cinco anos se passaram e foi então que ele contou a esposa que a pequena filha do casal seria entregue...