-Papai!-Isadora insistiu, começando a chorar.
Laís se afastou do caixão, em lágrimas, quando aconteceu. Haviam grunhidos de dor ali. Era a voz de Christopher. Alguém lhe tomou Isadora dos braços, e ela se virou pro caixão, secando o rosto. O marido continuava imóvel. Mas os grunhidos de dor eram cada vez mais altos. Mais agonia, pra alma atormentada dela. Os grunhidos, até gritos tornavam-se cada vez mais fortes. Laís olhou em volta, ninguém parecia ouvir. Ela voltou ao caixão dele, com o coração batendo acelerado. Ouvir a voz dele novamente lhe fazia bem. Mas ele não estava gritando, então, que diabos era aquilo? Então tudo foi ficando branco. Branco. Branco demais. Laís fechou os olhos com força, tentando espantar a claridade do rosto. Quando ela voltou a abri-los, encontrou um par de olhos a sua frente. Um par de olhos azuis.
-Laís? Laís, você pode me ouvir?-Ian perguntou preocupado.
Laís olhou em volta. Tudo naquele lugar era branco. Um hospital.
-Ian?-Perguntou ainda desatenta.
-Sou eu.-Ele sorriu torto, aliviado.-Diego, ela acordou!-Diego se aproximou, e sorriu ao ver Laís acordada.
-Christopher!-Ela grasnou, se sentando. Outro grunhido encheu a sala. Laís recebeu aquilo como se fosse um sopro de ar quando ela estava prestes a morrer sufocada. Se grunhia, estava vivo.-Ian, onde está o Chris?!-Perguntou, se levantando com tudo da maca onde estava deitada.
-Calma.-Ian segurou ela na cama. Laís ficou tonta de novo. Sua cabeça doía.
-CHRISTOPHER!-Gritou, tentando sair da cama. O marido não respondeu.-Onde ele está?
-Estão cuidando dele. Retirando a bala.-Disse, paciente com ela.
Laís gemeu, nauseada. Se grunhia era porque estava vivo. Mas estava em agonia.
-Christopher.-Disse, de novo tentando se levantar. Ian não deixou.-Que diabo, eu estou bem, me deixe ficar de pé.-Retrucou, franzindo o cenho pra ele. Ian riu de leve.
-O que você acha?-Perguntou a Diego.
-Deixe-a.-Disse, e agora sua expressão era realmente tensa.
Laís pulou da cama pro chão quando Ian a soltou. Queria ir atrás de Christopher. Queria tocá-lo, ouvir sua respiração. Mas ficou tonta ao se levantar, e cambaleou de volta pra cama. Ian a amparou.
-Eu avisei.-Disse, sorrindo pra ela.
-Cala essa boca Ian.-Retrucou, mas se sentou.
Minutos se passaram. Os gemidos de Christopher não cessavam. Laís já estava indócil.
-Faça isso parar.-Murmurou, com as mãos nas orelhas. Não aguentava mais ouvir a dor dele.
-Se eu pudesse, não teria nem começado.-Disse, e já não sorria.
Mais tempo se passou. Então Christopher parou de gemer. O silêncio reinou. Laís ergueu a cabeça, olhando pra frente. Silêncio não era bom. Talvez os gemidos fossem melhores. Não demorou muito, o médico entrou na sala. O médico conversou com Diego, e sua cara não era boa. Em seguida ele respirou fundo e, sorrindo, virou-se pra Laís.
-Vamos ver esses ferimentos?-O médico perguntou gentil, erguendo a mão pra tirar o cabelo de Laís, grudado no sangue, na testa.
-Não toca em mim.-Disse, se afastando.-Onde está o meu marido?-Perguntou impaciente.
-Está no quarto ao lado, se recuperando. Nós já removemos a bala.-Ele ergueu a mão de novo.-Agora vamos cuidar disso, antes que infeccione.-A enfermeira veio com um kit de primeiros socorros.
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A Nobreza
RomanceA Nobreza Antoni por inconsequência havia cometido um erro. No nascimento de Laís sem que a mulher soubesse havia prometido a filha em casamento. Cinco anos se passaram e foi então que ele contou a esposa que a pequena filha do casal seria entregue...