Capitulo 33 Eu Sabia

4.8K 340 7
                                    

Laís

Como assim Isadora nasceu? Não faltavam dois meses? Ah, eu queria ter estado ai. Mas você está bem? E Christopher, qual foi a reação dele? Ele não maltratou você, não é? As coisas aqui estão admissíveis. Sinto saudade. Ah, sim. Eu contei a Felippa sobre nós dois. Não se preocupe. Ela ficou irritada, tentou me enfocar, disse que ia matar nós dois, mas por fim aceitou. Está tudo bem. Sinto sua falta. Dê um beijo em Isadora por mim.

Esperando que esteja bem,

Ian.

Laís abaixou a carta, com os olhos arregalados. Ian era louco? Por fim ela dobrou o papel, e voltou sua atenção a filha. Isadora terminara de mamar, e adormecera no colo da mãe. Laís se levantou, e ninou a filha por minutos. Por fim, ajeitou sua blusa, e pôs a bebê no berço. Foi ai que Christopher chegou.

-O que é isso?-Perguntou ao se sentar na cama, vendo a carta.

-Telegrama de Ian.-Respondeu sem dar atenção, ajeitando o corpete preto.

Christopher passou o olho na carta, sem dar atenção. Até que seu olhar parou em uma coisa. Sua boca amargou lendo a frase.

-Eu contei a Felippa sobre nós dois.-Repetiu, abaixando a carta.

-O que tem isso?-Perguntou, erguendo o rosto. Christopher a encarou, enfurecido.- Francamente, você mantém uma amante na minha cara, e agora vai se fazer de marido traído inocente? Poupe-me.

-Então assume que foi pra cama com ele?-Perguntou incrédulo, se aproximando dela. Laís sentia o perigo vindo. Mas sabia que teria de enfrentar isso um dia, não ia prorrogar.

-Eu fui. Várias vezes.-Disse calma, e viu o rosto de Christopher se transformar.-Foi bom. Eu gostei. Tive orgasmos. Prefiro você.-Observou, calma.-Mas ainda assim foi bom.

A próxima coisa que Laís sentiu foi a bela bofetada que levou no rosto. Ela virou o rosto pro lado, sentindo a queimação absurda na face.

-VAGABUNDA!-Rugiu, partindo pra cima dela de novo. Mas a porta estava aberta, e Diego tirou Laís do caminho dele antes que ele conseguisse atingi-la novamente.

-Posso ser vagabunda, sim.-Disse, com um sorriso inexpressivo nascendo no rosto.-Mas eu sou uma vagabunda de luxo.-Continuou.-Ao contrário de algumas, que precisam ficar escondidas em hotéis baratos, esperando por sexo.-Disse em voz alta, e Christopher rosnou de raiva.-Eu sou vagabunda por amor, Christopher.-Ela sorriu, e ele foi pra ela de novo.

-CHEGA!-Diego a puxou da frente, colocando seu corpo entre os dois. Isadora começou a chorar, assustada.

-O que houve? Laís?-Mariah perguntou, aparecendo na porta.

-Segura ela.-Diego entregou uma Laís que ria a Mariah, e foi pro irmão.

-Agora você sabe como dói, Christopher. Sabe como é ser traído. Provou do próprio veneno. Agora sabe o que eu senti diariamente, no último ano. Sim, eu trai você.-Disse, sorrindo.

-Eu vou matar você, Laís.-Disse, possesso de ódio.-Eu te avisei que antes que fosse parar nos braços de outro, estaria morta.

-Vem, eu estou esperando.-Incentivou, lutando com os braços de Mariah.-Seja homem e acabe logo com isso. VAMOS, CHRISTOPHER, ME MATE!-Ela riu disso.-A doce e honrada Amanda ficará decepcionada por saber que você teve a oportunidade de me matar, e a desperdiçou.

Christopher se lançou a Laís de novo, e ela foi ao encontro dele. Mas antes que os dois se chocassem, o casal os contiveram.

-Se vai fazer, faça logo. Minha filha está chorando. Ou ela chora pela morte da mãe, ou eu vou acalmá-la.-Debochou.

-Vocês enlouqueceram.-Diego rosnou, puxando o irmão.-Vamos sair daqui. Mariah, segure ela.-A ruiva assentiu, e viu o marido arrastar Christopher pra fora do quarto. Laís se soltou da amiga e olhou com desgosto pela porta por onde o marido havia saído, e em seguida foi ver a filha. Sentia-se leve, por finalmente não ter mais que guardar esse segredo. Agora todos sabiam.

-Laís.-Mariah disse fechando a porta, enquanto a loura carregava a filha.-Ian?

-É, Ian.-Confirmou, se sentindo leve.-Shiii... Mamãe tá aqui.-Acalmou Isadora, que ainda chorava.

-Mas...como? Você enlouqueceu?-Ela se sentou na borda da cama.

-Eu estava só. Ian também. É simples, direto, e fácil de gravar.

-Você...você traiu o seu marido.-Processou a ideia, e Laís não deu atenção. Isadora estava se acalmando.

Laís não voltou a ver Christopher naquele dia. Não até a noite. Ela ficou na sala de estar até mais tarde. Quando entrou no quarto, Chris embalava o sono de Isadora, perto do berço. Laís passou direto por ele, indo pra penteadeira, tirando as sapatilhas e pondo-as no lugar. Quando se virou, Christopher estava atrás dela, já sem a menina.

-O que quer?-Ela perguntou, na defensiva.

-Por quê?-Perguntou, encarando-a.

-Porque você me machucou. Eu amava você. E você me jogou fora, me desprezou, como um lixo. Porque você me humilhou.-Explicou séria.

-Meu irmão, Laís.-Disse, encarando-a.

-Seu irmão. Seu irmão soube me dar o que você se negou. Carinho, afeto. Amor. Maldição, nós estávamos tão bem.-Lembrou, e ao dizer isso sua voz tremeu.-Eu teria amado você. Pra sempre. Só que mais uma vez, você pôs tudo a perder. -Acusou séria.

Dessa vez não havia gritos, nem agressões. A verdade machucava mais que tapas. Christopher encarou Laís por um bom tempo, e ela manteve o olhar dele. Estava leve agora. E a falta de peso fazia com que o amor que ela sentia por ele se tornasse mais forte, a ponto de fazê-la gritar. Ele, inconscientemente, ergueu a mão, tocando a maçã do rosto dela com as costas da mão. Laís fechou os olhos, sentindo a respiração se dificultar. Sentia tanta falta dele.

-Nós podíamos ter sido felizes.-Murmurou, sentindo o toque da pele dele sob a sua.

-Nós éramos felizes.-Completou, e havia algo diferente em sua voz.

Laís abriu os olhos, e o encarou. O amava tanto, que seu peito ficava pequeno só de pensar. Podia ter sido tão diferente. Christopher não pensou no que fez, apenas obedeceu o que seu corpo mandava: A beijou. Beijou com gana, com saudade. Laís pôs as mãos no peito dele, e retribuiu o beijo. Ela o que ela queria. Ser mulher dele, novamente. Era por isso que seu corpo gritava. Ela sentiu quando ele enlaçou as mãos em sua cintura, puxando-a bruscamente pra si. O beijo era tão agressivo, que os lábios dos dois foram rapidamente ganhando um tom de vermelho. Aquele era o seu marido. Que a amava de um jeito agressivo, bruto. Por um momento, não havia Ian nem Amanda lá fora. Por um momento, eram só eles dois, e aquele amor que oprimia qualquer outro sentimento. Laís não viu como, nem quando, mas então ela estava deitada na cama, com Christopher por cima de si. Lembrava absurdamente a época em que os dois estavam bem. Num minuto estavam conversando normalmente, e no outro, estavam na cama. Ela não impediu, não reclamou, apenas se deixou ser amada. Só que, minutos depois, um choro fino avisou que Isadora estava acordada. Christopher parou de beijá-la, e os dois ficaram se encarando, enquanto o choro da filha ecoava pelo quarto. Laís balançou a cabeça negativamente.

A NobrezaOnde histórias criam vida. Descubra agora