capitulo 2 O Casamento REVISADO

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O dia do casamento chegou, e Laís estava uma pilha de nervoso. Seu vestido era o mais lindo que já vira. Mas a ideia de ir pra cama com Christopher à noite a assombrava. Ela ficou a manhã toda se arrumando, o casamento seria as 19h00min. A moça acordou cedo, e Florinda como sua escudeira oficial cuidou dela o dia inteiro.

Ficou sabendo por Mariah que Ian tinha ido passar uns tempos com Felippa na França, e que ela e Diego viajariam após a cerimônia, deixando a mansão vazia pra lua-de-mel dos dois. Laís estremeceu ao sentir a última laçada de seu vestido ser dada. Mas mesmo assim a esperança de ver o pai depois de anos era o que consolava a menina. Porém Antoni não apareceu. Ou melhor, ninguém de sua família estava lá. Se não tivesse tão nervosa com a ideia de se tornar mulher de um troglodita teria chorado.

Logo Alexandre, um dos funcionários da casa foi buscá-la. A única coisa que Laís não esperava era que a cidade inteira estivesse lá. A menina tremia quando entraram na igreja, os flashes incomodavam seus olhos claros e lacrimejando. Só o faro de pensar que em breve estaria casada com 'ele' fazia com que todo seu corpo tremesse. Nada mudaria isso.

-Christopher Stravinsky, você aceita Laís Cannavaro Medved Weber como sua legitima esposa, prometendo amála e respeitála, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias da sua vida, até que a morte os separe? -O padre de meia idade parecia nem prestar a atenção neles.

-Sim. -Como ele era frio, isso começava a assustar Laís. Não conseguia entender o porquê dele agir daquele jeito. -Laís Cannavaro Medved Weber, você aceita Christopher Stravinsky prometendo amálo e respeitálo, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias da sua vida, até que a morte os separe? A menina então travou. Se dissesse "sim", estaria ferrada nas mãos de Christopher. Se respondesse "não", seu pai a mataria. Mas como dizer "sim" ao homem que mais lhe apavorava? -Não vai adiantar. -Ele havia percebido o estado da menina. Então sussurrou com a voz doce no ouvido dela. -Não há saída, Laís.

-Eu aceito. -Murmurou, e se ouviram vários suspiros aliviados atrás dela. Chris sorriu, e duas lágrimas se juntaram ao suor dela enquanto sentia a pesada aliança deslizar pelo seu anelar esquerdo.
-Pelo poder investido em mim, eu vos declaro Marido e Mulher. -Laís abaixou a cabeça quando o viu fazer o sinal da cruz. -O que Deus uniu, o homem não separa.

-Eu tenho um presente pra você, Mon coeur. - Christopher se aproximou dela, com um sorriso de canto, no salão de festas lotado.

Ele abriu a caixinha de veludo vermelha e tirou de lá mais uma joia. Era uma gargantilha de prata, com a palavra "eterno", escrita na parte interior. Mas para ela parecia uma coleira, mas como contestar? Tinha uma longa corrente que deslizava pelas costas até a cintura cravejada de pequenos brilhantes. O maxilar de Laís trancou de raiva. Era linda, mas ainda assim era uma coleira.

-Será assim Mon coeur. Sempre que for inteligente e sabia, como hoje, será banhada de joias e presentes. -Ele deu uma leve mordida no pescoço dela após fechar o colar, fazendo-a se arrepiar. -Quando for do contrário terá problemas. -Outra vez ele a beijou e saiu dali.

A festa se invadiu a madrugada. A pobre Laís adiou a partida o máximo possível. Mas chegou a hora de ir. Mariah abençoou Laís, que foi embora, apenas com o seu vestido de noiva. A festa aconteceu num grande salão no centro da cidade. Chris, como insistia em ser chamado, estava absorto olhando pela janela do carro soberbo. Meia hora depois eles chegaram, e a menina estremeceu. A mansão era ainda mais bonita à noite e podia ser confundida facilmente com um castelo. Parecia ter no mínimo três andares. Laís nunca teve a oportunidade de conhecer a casa como gostaria. Seu interior era claro, e muito bem iluminado, tinha a decoração mais fantástica que os olhos da menina já haviam visto.

Poltronas, sofás, tapeçarias, lustres divinos, lareiras e porcelanas compunham o local.
Christopher levou a moça a todas as salas, e cômodos. Quando estavam saindo de um quarto de hospedes. Uma sombra lhe chamou a atenção.

-Quem é ela? -Perguntou, intrigada. Não sabia da existência de uma mulher, de uma menina na mansão. Sempre achou que ela, Maitê e Mariah eram as únicas.

-Sophia. -Ele chamou em voz baixa, mas Laís ouviu os passinhos apressados cessarem. Um tempo depois, a pequena menina apareceu.

-Sim? -Respondeu timidamente.

Era uma menina pequena, tinha o cabelo longo e loiro, porém malcuidado, se vestia com roupinha simples, mas ainda assim tinha as feições finas, como as dos irmãos.

-O que eu disse sobre sair do quarto? -Christopher perguntou seco e grosseiro como sempre.

- Ian me disse que eu poderia sair, se precisasse. -Sophia se defendeu com timidez.
-Ian está aqui? -Perguntou, agora ameaçador.
Mas Laís estava encantada com a pequena menina. A menina tinha a afeição tão doce. Era tão pequena pra ser maltratada.

-Olá, pequena forasteira. -Laís avançou um passo na direção de Sophia, sorrindo. A enorme calda do seu vestido de noiva se arrastou pelo chão encerado da mandão.

-Olá, grande forasteira. -Correspondeu o sorriso que lhe era ofertado por Laís.
Christopher olhava a cena agnóstico, como se aquilo lhe causasse nojo, repulsa.

-Vá para o seu quarto. Logo eu estarei lá. -Mandou outra vez com frieza.
Laís viu a pequena estremecer, acenar pra ela e sair. Logo Christopher se virou pra ela.

-Eu imagino que você queira ficar sozinha antes de... -Ele passou a mão no cabelo, confuso. Esse não era o Christopher interesseiro, era um que falava sem pensar.

-Bom, esse é o nosso quarto. -Apontou pra porta atrás de Laís. -Eu já volto.
-O que farei? -Murmurava dentro do quarto, andando de um lado pro outro.
O quarto era enorme. Tinha uma linda cama, com dossel, em um colchão que parecia absurdamente aconchegado. Laís estava despencando de cansada, mas não trocou o vestido de noiva, aliás, nem sabia o que ia vestir. Estava presa em sua angustia, quando ouviu outro murmúrio, vindo do corredor.

-Tão pequena... Ah, Deus... -Uma da empregadas lamentou, passando pela porta do quarto de Laís.

-O que houve? -Laís apareceu na porta aflita.

- Ah, senhora. A empregada sussurrou. - O senhor viu a menina Sophia no corredor. Ela o desobedeceu.
-Ele não ficou muito contente. -Laís falou, ainda sem entender. -Ah, ele vai castigála, senhora. -Disse, pesarosa e triste.
Nesse momento, se ouviu um gritinho afável vindo do outro corredor. Laís franziu cenho. Christopher estava batendo na menina? Antes que pudesse pensar, Laís segurou a barra do vestido e disparou correndo. O quarto de onde vinham os gritos era longe, e seu vestido era muito pesado. Ela chegou à fonte dos gritos, e invadiu o quarto. Sophia estava encolhida num canto, e Christopher acertava ela com algo que lembrava um cinto, e a expressão dura no rosto.

-PÁRA! -Laís gritou, segurando o braço dele com as duas mãos. Sophia tinha os braços na frente do rosto, defensivamente, a menina chorava e tremia o que só deixava Laís ainda mais nervosa. Várias marcas vermelhas começavam a aparecer nos braços e ombro da menina.

Mas Christopher não parava. Nada que Laís dizia fazia com que ele conte-se. -Christopher, pare! -Então ela se jogou na frente da menina, tapando-a com seu corpo, recebendo um golpe que não pode ser regresso.
-MONSTRO! VOCÊ NÃO É HUMANO! - Gritou encarando-o, antes de abraçar Sophia. Já ele tinha a expressão vazia, parecia nem estar ali.

-Tá tudo bem. -Não sabia porquê, mas se afeiçoou a aquele pedaço de gente que a abraçava fortemente. -Ele não vai mais voltar. -Laís acariciava os cabelos da menina com fervor.
-Obrigado. -Sophia murmurou, soltando Laís. A menina esfregou os olhinhos com as costas da mão.

-Ian não teria deixado. -Resmungou subindo na cama para de deitar.

-O que você é do Christopher?

-Ele é meu irmão. Mas finge que eu não existo. -A menina lhe contava sua vida enquanto Laís lhe ninava.

-Me escuta. Não importa o que você ouvir hoje, não saia desse quarto. Por favor. -Sophia a encarou com temor, mas por fim assentiu.

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