A Nobreza

Capitulo 14 A Volta Por Cima

Então se entregou a dor, sem se queixar, apenas protegendo o rosto com os braços enquanto rezava pra o ódio de Christopher parar. Após algum tempo, começou a rezar pra que a morte chegasse logo. As lágrimas esbraseavam seus olhos, até que tudo escureceu, e não houve mais nada. Em meio a sua dor, Laís pensou ter ouvido a voz furiosa de Christopher, bem ao longe, dizer: "Você não queria, pois então, ficará aqui." E seu rosto se bateu no chão com força. Não sabia se era só o rosto, o resto de seu corpo já estava tomado pela dor, ela não podia distinguir. Perdeu a noção do tempo. Só sabia que estava deitada num chão frio, de barriga pra baixo, e que tinha dor. Dor demais. Quando conseguiu abrir os olhos, foi o retrato de Amanda, com o sorriso triunfal que viu. Ela não conseguia se levantar. Não conseguia gritar. As lágrimas desciam por seu rosto silenciosamente. Tinha sede, tinha fome, e tinha dor, acima de tudo dor. Ficou ali, imóvel, olhando o rosto de Amanda, enquanto mais lágrimas queimavam seu rosto.

-Agora já chega. -A pobre Sophi estava decidida, entrou na sala que Christopher estava olhando papéis e o encarou furiosa. -ONDE ELA ESTÁ?

-Está falando comigo? -Perguntou como se estivesse olhando um inseto.

-Francamente. -Balançou a cabeça e saiu.

Anoiteceu, e Sophia estava indomável. Quando amanheceu, saiu decidida do quarto: Iria atrás de Ian.

Colocou uma guia em Carllo e mandou que um dos carros da família fossem preparados para ela. Com um casaco de pele esperava na neve que o motorista tirasse o carro. Não fazia ideia de onde Ian estava, mas teria que encontrá-lo.

Já dentro do carro, estavam indo em direção ao portão principal quando esse se abriu. Era o carro de Ian, ela teve certeza. Reconheceria em qualquer lugar do mundo.

-Sophia? -Berrou parando o carro quando a menina se prostrou na frente do veiculo. Ian não estava sozinho, Diego e Mariah estavam no banco de trás e também olhavam pra ela espantados.

-Ian!-Berrou ofegando. -Eu estava indo atrás de você!

Diego caiu no riso, e Ian ergueu uma sobrancelha, incrédulo.

-Ia a Madrid, atrás de mim de carro? -Perguntou, como se não tivesse ouvido direito.

-Estava indo, mas graças a Deus você está aqui. -A menina soluçava por causa do frio. -Ian, a Laís. -Ian ficou alerta, e Diego parou de rir. -Ela foi ao sótão, e Christopher apareceu do nada, eles brigaram, eu acho que ele bateu nela, eu não sei. -Ian arregalou os olhos, franzindo a sobrancelha. -E ela sumiu! Tem uma semana isso, eu não sei, ela não saiu da mansão, mas eu já procurei e nada!-A menina se engasgou num choro profundo.

Ian não disse nada. Apenas fez com que todos descessem de seu carro e os deixou ali, sumindo no pedaço curto de não mais de 500 metros entre o portão da propriedade e a casa.

-Meu Deus. -Diego murmurou pra si mesmo. -Pegue a Sophi e voltem andando. -Pediu, alterado. Sentia que uma desgraça podia acontecer entre Christopher e Ian. Pegou o carro na quão Sophia planejava fugir e desapareceu atrás de Ian.

Ian saltou de dentro do carro sem nem se dar ao trabalho de desligá-lo. Subiu as escadarias da mansão num salto. Seu faro foi direto. O primeiro lugar onde ele foi o terceiro andar. Sophia já havia revistado o resto da mansão, e era bem a cara de Christopher deixar a Laís lá. Seu estomago revirou quando chegou ao sótão. Laís estava largada, deitada de bruços, a camisola de seda rasgada nas costas, e a pele das costas em carne viva. Os braços tinham marcas vermelhas, mas as costas estavam muito feridas. Fios de sangue desciam pelos lados, manchando a seda branca. Parecia um escravo que tinha ido pro tronco.

-Laís!-Chamou, depois de se abaixar ao lado dela, tirando algumas mechas do seu rosto. -Laís, fale comigo.

-Ian. -Murmurou, abrindo os olhos devagar. Um sorriso fraco brotou em seus lábios. -Você veio. -Disse com a voz falhando, enquanto ele pegava sua mão.