Capitulos 59 Meu marido

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-Por favor.-Laís murmurou, em lágrimas, olhando o marido. Ela definitivamente estava alheia a tudo que se passava em sua volta.

A mente de Christopher estava escura, escura demais. Ele não sentia seu corpo. Sentia frio, e sentia dor. Até que perdeu a capacidade pra tudo. A escuridão o engoliu, e ele a aceitou de bom grado. Até que ouviu um gemido, que não vinha dele. "Por favor", ela pedira. Então Laís passou pela escuridão como um raio de luz, e ele não ia desistir. Abraçou o frio e a dor novamente, obrigando seu coração a bater. Na quarta vez que os médicos fizeram o procedimento, ele se moveu. Ele respirou fundo. E tossiu. Laís parou de se debater e sorriu, vendo os médicos se acalmarem. Ele voltou.

-Então.-O medico tentou falar, mas Laís ainda estava lá.

-Eu sou a mulher dele, que tal começar a falar na minha frente?-Perguntou impaciente, e com o rosto lavado de lágrimas.

-Tudo bem. Está vivo.-Laís sorriu.-Mas não está bem. Nós entramos com remédios contra a febre. Agora é rezar pra que o quadro melhore. Se a febre ceder, podemos ter esperança.-O médico olhava a loura com atenção.

-Tudo bem.-Ela murmurou, com o pânico voltando ao seu peito. Ela tentou voltar ao quarto, mas Frederico ainda a segurava.-Que demônio, Frederico, me solte!-Exigiu, se debatendo. Frederico riu e a soltou.

Laís correu de volta ao quarto, e pegou o rosto de Christopher entre as mãos. Ele queimava de febre. Ela beijou-lhe os lábios levemente.

-Posso fazer alguma coisa pela senhora?-O medico perguntou, meio receoso. Laís explodia com muita facilidade.

-Pode.-Disse, acariciando o rosto do marido.-Não deixe que ele sinta dor.-Pediu, com a voz falhando pelo choro nervoso.

O médico atendeu o pedido de Laís, e acrescentou uma dose generosa de morfina na veia dele. Christopher pareceu mais tranquilo, segundos depois de receber o remédio. Sua respiração se normalizou, e ele voltou à serenidade mórbida em que se encontrava. Ele lutaria até o fim.

-Laís, eu estou indo comprar um café, você quer?-Frederico perguntou, tempos depois.

O dia ameaçava amanhecer. Laís não desgrudara os olhos de Christopher em momento algum. Havia parado de chorar a alguns minutos, agora apenas segurava a mão dele.

-Não, obrigada.-Ela tocou na testa do marido, que soava. Christian ia saindo - Frederico! - Chamou, de súbito.

Laís se lembrou de algo que sua mãe sempre fizera com ela quando era pequena. Sempre foi muito frágil, e se machucava com tudo. Consequentemente, tinha febre frequentemente.

-Eu quero uma bacia com água fria, e toalhas.-Disse decidida, erguendo o rosto pra ele.

Frederico saiu do quarto, e foi atrás do que a sobrinha pediu. O médico não liberou, mesmo com a insistência do rapaz. Mas Laís estava irredutível.

-Senhora Stravinsky, por favor... -Mas o medico foi interrompido por Laís.

-Que demônio, eu não quero ficar muito tempo longe dele. Mande entregarem no meu quarto o que eu pedi. Agora.-Disse dura com o maxilar trancado.

-Eu não posso fazer isso. Me perdoe.-Ele negou, olhando-a.

-Tem noção de com quem você está lidando?-Rosnou irritada.

-Tenho.-Respondeu cauteloso.

-Meu marido está queimando em febre. O que eu puder fazer, eu vou fazer. E acredite, não vai ser você que vai me impedir.-Ameaçou.-Bonita sala Doutor.-Ela disse, se afastando da mesa dele, olhando ao redor da sala. Haviam vários quadros na parede, várias peças de vidro.-Eu vou voltar pro lado do meu marido. Se em 5 minutos eu não tiver o que pedi, vou voltar, e vou quebrar essa sala, canto por canto.-Ela andou impacientemente até a porta, e quando se virou, viu a careta no rosto do médico, ele já estava pálido.-Acredite, eu cumpro uma promessa, quando faço uma.

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