capitulo 9- Amigos ?

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 Apesar de terem tido um dia antes uma conversa as  brigas eram constantemente. Então Laís resolvera canalizar sua dor em outro sentimento: Raiva. Ian havia virado vicio pra a menina, passava horas e horas com ele. 
—Uma flor pelos seus pensamentos. —Ian puxou uma flor de um arranjo da sala e pôs na frente de Laís.

—Ahn? Ah, não é nada. —Ian de imediato virou a cara e levou a rosa consigo.
—Não quer conversar? —Ele se sentou perto dela. —Sabe que pode confiar em mim. —Laís estava dispersa de mais pro gosto do rapaz. Ele havia pego a mão dela e tinha entre as suas.
—Tudo bem, meu casamento é uma farsa. —Ela suspirou. —Christopher não me suporta. Você deve ouvir as nossas brigas, ou melhor, Moscou deve ouvir nossas brigas.
—Bom, eu não quero piorar seu humor, mas creio que Moscou inteira ouça as brigas de vocês. —Laís começou a rir.
—Eu não sei mais o que fazer. —Ela sorriu tristonha. —Tem horas que eu tenho vontade de desaparecer.
—Giorgia!—Ian berrou, assustando Laís. De imediato a menina se arrepiou.
—Sim, senhor? —A mulher de imediato apareceu na sala.
—Mande tirar meu carro, preciso dele. —A mulher assentiu e saiu. —Bom, quanto ao que fazer, eu não posso ajudar. Mas em relação a sumir, eu creio que sei de alguma coisa.
—De que?
—Vem. —Ele levantou e puxou ela pela mão, levando-a pra fora da casa.
Ian levou Laís até a frente da mansão, onde o carro preto dele esperava os dois.
Os jardins passavam por eles rapidamente, sem muitos detalhes. Quando Laís já estava se acostumando com isso, Ian parou na frente de uma casa, num bairro boêmio da cidade. Na verdade era uma casa pequena, rodeada de plantas, a pintura clara até fazia o lugar passar despercebido. Laís não conhecia essa parte da cidade, era longe demais da mansão.
—Porque me trouxe aqui? —Perguntou confusa, ao ver Ian ligar o alarme do veículo. Ele apontou pra casa como se fosse óbvio. 
—O que é isso? —Mais mesmo assim Laís não entendia.
Ian riu e puxou Laís pela mão. De mãos dadas foram até a porta da casa. Ian tirou uma chave do colar que usava, e abriu a porta. Laís se maravilhou ao ver o interior. O interior era todo em madeira nova, tinha uma poltrona, uma lareira pequena, uma cama média, prateleira com livros, e cd player. Era completamente aconchegante.

 Era completamente aconchegante

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—Pros momentos que se quer sumir. —Sorriu, sentada na poltrona com um livro na mão.

Os dias foram passando  e amizade entre eles cada vez mais presente, Lais sempre ia ao pequeno chalé para ficar só e relaxar. 

—O que você tava fazendo? —Perguntou  Ian, fechando a porta.
—Nada, só descansando. —Sorriu. —E você? A que devo a honra?
—Tô de saída. Vou a Berlin, preciso autenticar uns papéis, só devo voltar a amanha. —Laís se entristeceu, como se um pedaço do seu coração tivesse sido roubado. 

—Ei, não fique assim. —Ele se ajoelhou do lado dela. —Você tem o nosso cantinho. — Ela sorriu, e ele lhe beijou a testa, antes de sair. Laís ficou sentada por um bom tempo. Depois, se levantou. Estava cansada de ficar sem fazer nada.

O chalé era muito longe, e ela dirigiu todo o percurso pensando em sua vida. Christopher, o amor e o ódio que ele cultivava nela. Ian... por Deus, o que ela estava sentindo por ele? Ela era casada. Ele era seu cunhado. O sol estava se pondo quando alcançou a mansão. Tomou um banho e se vestiu. Resolveu esperar Ian. Horas se passaram, a noite matou o dia, e nem sinal do carro preto. Giorgia alertou Laís de que Christopher a estava chamando pra jantar, mas ela não foi. Só sairia dali quando ele voltasse.
—Não ouviu quando eu mandei te chamar? —Christopher perguntou indo furioso ao encontro de Laís, que estava sentada em um banco do jardim.
—Ouvi. E disse que logo iria. Assim que Ian voltasse. —Respondeu, sem dar atenção, mexendo distraída na aliança. Seu vestido era vermelho, com um decote médio.
—Assim que Ian voltasse. - Christopher repetiu imitando a voz de Laís. — Pois quando eu te chamar, largue o que você estiver fazendo e me atenda. —Ele a puxou com força pelo braço. Laís, com um gemido de surpresa e dor, se levantou.
—Está me machucando. —Laís disse entre os dentes, sentindo a dor forte no braço.
—Eu não gosto de esperar, Laís. Eu já esperei demais. —Disse, encarando-a, raivoso.
—Não sou sua criada. Não é justo, Christopher! Eu não te fiz nada, e a única coisa que você me dá é frieza, brutalidade!—Ela jogou as palavras pra fora, sentindo o peso que saia de suas costas. A expressão dele continuava cruel. —Eu vou ficar e esperar por Ian. Me solte. 
—Você e Ian são iguais. —A fúria escapava de sua voz. — Duas crianças se queixando de como a vida é injusta com vocês. Sempre se lamentando, sempre se deplorando. A alegria de vocês é fútil. Deixa eu te avisar, a vida não é justa. — Laís sentiu os olhos encherem de água. —Isso, chora. —Ele sacudiu ela pelos dois braços, parecia apaixonado com a dor da mulher. 

—Se desmancha em lágrimas. É o que se pode esperar de uma menina tola como você. 

—Me larga. —Disse puxando o braço. As duas lágrimas que inundaram seu olhar caíram, cada uma no canto do olho. E Christopher só fez apertar a mão. Seus olhos brilhavam com um sentimento acintoso. —Vai quebrar o meu braço. —Rosnou, magoada e ferida.
Christopher puxou Laís com força, fazendo-a cambalear, e arrastou pela escadaria da mansão. Ela tropeçou duas vezes, mas ele continuou arrastando-a pelo braço até ela se equilibrar. Entraram em casa, passando direto pela sala de jantar. Mariah estava lá com Diego e Sophia. Mariah arregalou os olhos ao ver Laís quase sendo arrastada pelo braço, o rosto vermelho pelas lágrimas que não deixava cair. Christopher jogou Laís na cadeira, que virou com tudo pelo lado, mas ele a segurou com força pelo ombro, não a deixando cair e forçando-a a ficar quieta, Sophia olhava tudo na ponta. Mas Laís sabia que não adiantava lutar. Os empregados serviram o jantar, mas ela não tocou na comida. Se ele queria briga, eles brigariam.
— Coma. —Christopher simplesmente deu uma ordem.
—Não tenho fome. —Continuou na mesma posição, encarando-o. Seus braços tinham grandes marcas roxas.
—Laís, eu estou mandando você comer. É uma ordem. —Disse, o ódio retornando a sua voz.
—EU JÁ DISSE QUE NÃO TENHO FOME!—Realmente Laís havia perdido o juízo. Gritou, puxando os seus pratos e talheres de uma vez, jogando-os no chão com fúria, quebrando a porcelana em pedacinhos, deixando o chão, antigamente lustrado, todo sujo.
Christopher partiu furioso pra cima de Laís. Iria matá-la, ela sabia. Morrer não devia ser pior do que viver com ele. Mas Diego interferiu. Levantou-se de uma vez e segurou o irmão. Mariah se levantou rapidamente, saindo do caminho e levando uma Sophia assustada. Laís continuou imóvel em seu lugar, com toda a dignidade que tinha, encarando o marido. Diego era forte, dava pra ver seus músculos bem definidos por cima da camisa. Se ele não estava conseguindo segurar Christopher direito, ninguém mais conseguiria. Isso só aumentou a raiva de Laís.

—Agora, com sua licença, senhor meu marido. —Disse quase gritando e se levantou, derrubando a cadeira e jogando o guardanapo com força na cara de Christopher, antes de sair com passos pesados da sala. Ele parou de se debater, olhando a mulher passar majestosamente pela sala e sumir depois da porta. 
Na sala reinou um silêncio esmagador. Mas o pensamento de Laís estava longe enquanto ela olhava o jardim pela janela do seu quarto. Onde estava Ian? Porque não voltou? "Duas crianças reclamando de como a vida é injusta com vocês." Por mais que lutasse esses pensamentos lhe sufocavam. Ela virou o rosto com desgosto e foi tomar um banho, com a esperança de que a água fria lhe despertasse desse pesadelo.
—Christopher se não gosta dela, termina. Ela não tem culpa, por Deus. —Diego murmurou, depois que Laís saiu da sala, ainda segurando o irmão. —Amanda se foi, aceite!
—Se não parecesse tanto. —Agora parecia sofrer. —Maldição. —Passou a mão nos cabelos quando Diego o soltou.
—Nunca mais deixe me atender, ou grite a mesa, estou sendo claro, Laís? —Disse num tom que era mais ameaçador do que qualquer outra coisa.
Subiu para o quarto e encontrou a menina olhando para o jardim.
Laís estava vestida com uma camisola de seda preta sob um hobbie também negro, que chegava ao chão, parada perto da janela. Ela apenas balançou a cabeça, como se ele não merecesse sua atenção.

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