Quanto a Frederico e Sabine, vamos ser práticos. Haviam se apaixonado. Ela preencheu em Frederico todo o vazio que havia em sua alma, deixando-o pleno, completo. E Frederico mostrou a Sabine um sentimento que ela não sabia que existia, apenas havia ouvido falar. Um sentimento que a fazia pensar nele antes de si própria. Isso era o suficiente pra Frederico. Mas não parecia ser pra Sabine.
-Se case comigo.-Pediu exasperado, após passar um bom tempo pensando na janela.
-Eu... o que?-Perguntou confusa olhando-o.
-Se case comigo, Sabine. Seja minha esposa.-Pediu, e a decisão parecia completamente agradável saindo de seus lábios.
-Frederico, não é assim.-Disse, engolindo o "sim" voraz que lutava pra escapar de seus lábios.
-Não é assim porque você insiste que não.-Retrucou, observando a morena se afastar dele, caminhando pelo quarto.
-Eu sou uma prostituta, Fred.-Disse, virando-se pra ele. Havia dor em sua voz.-Sou uma prostituta. Uma mulher de vida fácil. E você...-Ela suspirou exasperada.-Não seria justo.-Se condenou.
-Eu sei o que você é. Eu sei.-Ele deu ênfase ao "eu".-Mas o mundo não. Case-se comigo, e eu lhe levarei embora comigo. Lá ninguém te conhece. Seu passado será passado, e ninguém vai remexê-lo. Será minha mulher, só.-Insistiu olhando-a.
-Até que alguém me reconheça. Um cliente, talvez.-Rosnou, e Frederico viu o olhar dela se inundar. Não queria machucá-la.-E então, o que faremos, Frederico? Vou ter de me esconder?-Perguntou metaforicamente.
Ela viu Frederico atravessar o quarto como um raio, e antes que ela pudesse se afastar, ele estava segurando seu rosto, mantendo-a fixada a si.
-Nunca. Não ao meu lado. Minha família é influente e meu sobrenome respeitado, ninguém o questiona, ninguém o ameaça. Sendo minha mulher principalmente.-Ela gemeu e tentou se soltar, sem sucesso.-Escute, eu sei o que você foi. E eu não me importo. Eu... eu me apaixonei por você, sendo você quem é. Não importa mais. Se case comigo, Sabine, e nada mais vai importar. Você vai ser a minha vida, daqui pra frente.
Ela o encarou por instantes, aturdida. Como podia dizer sim, sabendo de tudo o que já havia feito, de tudo o que ele não merecia? E como dizer não, se cada pedaço do seu corpo queria o contrário?
-Sim.-Murmurou, com a voz embargada. Frederico sorriu aliviado.
Então ele lhe beijou a testa, como sinal de respeito. Um homem normal tentaria levá-la pra cama, mas ele não, ele lhe beijou a testa, como faria com a mais respeitável das mulheres. Ele sorriu, acariciando-lhe os cabelos ternamente, mas ela voou pros seus braços, chapando-lhe um belo beijo na boca. Não ia fingir ser o que não era. E aquele foi o primeiro beijo dos dois. O primeiro passo estava pronto: eles se queriam. Agora faltava o segundo. Um talvez mais complicado. Gabriel, ele já mais aceitaria que o filho se casasse com uma prostituta.
Horas mais tarde Frederico resolveu ligar para o pai.
-Você vai o que?-Gabriel perguntou incrédulo.Era só o que faltava, primeiro Frederico resolvia morar sozinho e agora ligava dizendo que ia se casar.
-Casar. Vou me casar. E desta vez, eu escolhi minha mulher, não o senhor, ele se referia a filha de um amigo da família que Gabriel insistia que o menino de olhos claros tinha que namorar.
-Ah, você escolheu.-Repetiu, se levantando.-Eu posso saber quem é?
-Sabine. Você não a conhece.
-A Camila não bastou?-Ele riu.-Traga a família dela aqui. Sabine... Sabine...Qual o sobrenome?-Perguntou, meio confuso.
-Ela não tem família. Você não a conhece, mesmo com seu sobrenome.-Frederico podia jurar que o olhar do pai havia se fechado.
-Onde você a encontrou?-Perguntou desconfiado.
-Na rua.-Ele podia ouvir a respiração alterada do pai.-Ela só tem a mim. Tenho mantido-a num hotel, tem pouco mais de um mês.-Explicou ao pai, prevendo a explosão.
-Ah, sim. Você apanhou uma prostituta na rua, e vai se casar com ela?-Debochou.
-Isso mesmo.-Ele podia mesmo longe, ver a fúria aparecer no rosto do pai.-Eu a amo, papai. A amo mais do que podia pensar. E, por algum mistério, ela retribui.
-Ela ama ao seu dinheiro, não a você.
-Não quis aceitar nada do que eu lhe dei. Ficou no hotel porque eu lhe forcei.
-Então foi por isso que todo o dinheiro da conta sumiu?
-Foi.-Gabriel rosnou.-Ela não queria mais eu a forcei, precisava de roupas, agasalhos.-Ele sorriu, se lembrando da expressão confusa de Sabine.
-Eu não vou permitir!-Rosnou raivoso.
-Seu tempo de permitir ou proibir já passou. Não vou deixar que tente arruinar minha vida.-Disse, convicto e furioso.-Vou me casar com Sabine, vou levar ela embora daqui quando eu voltar pra casa, e você não vai se meter. Volto pro Brasil na semana que vem e vou levá-la em um jantar que você oferecerá, e vamos apresentá-la aos que merecem. Não quero uma festa, mas um jantar, pra apresentá-la a minha família e amigos.
-E porque você acredita que eu vou permitir que você a traga pra dentro da minha casa?
Frederico rosnou raivoso. Odiava o modo como o pai, mesmo sem conhecer se referia a Sabine. Ela não fazia o tipo de prostituta. Ela era doce, meiga, intuitiva. Era perfeita.
Frederico desligou o telefone deixando Gabriel afogado em sua insensatez. Por fim resolveu que não brigaria com Frederico. Deixemos Sabine vir, e vejamos o que vai dar.
Gente final. Vai ser terça .......
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A Nobreza
RomanceA Nobreza Antoni por inconsequência havia cometido um erro. No nascimento de Laís sem que a mulher soubesse havia prometido a filha em casamento. Cinco anos se passaram e foi então que ele contou a esposa que a pequena filha do casal seria entregue...