Laís dormia como um anjo. Eles haviam instalado o berço luxuoso de Isadora no quarto dos dois. Assim, ela tinha dois berços. Um em seu quarto, um no quarto da mãe. Ele observou Laís ressonar por um tempo, depois foi até o berço. Ele observou a menina dormir, calma. Era perfeita em seus mínimos detalhes. O cabelo era fininho, claro. Ele estendeu a mão e tocou o rosto dela com as costas da mão, levemente. Era a primeira vez que tocava ela. Quando ele tocou seu rosto, ela abriu os olhos. Christopher ficou paralisado, olhando-a. Seus olhos respondiam a pergunta.
A menina franziu o cenho por um segundo, pelo primeiro contato com a luz. Depois, olhou-o, curiosa. Seus olhos eram de um azul misterioso, intenso. Eram os olhos de Christopher. Ele a olhou, fascinado. Sua filha. Ele alisou o rosto dela com um dedo. A menina sorriu, revelando duas covinhas em seu rosto. E nesse momento, Christopher foi invadido por um sentimento novo. Um sentimento que era capaz de sacudir o mundo. Sua filha. Ele era pai. E sua vida, de repente, era aquele pequeno ser. Pra não restar duvidas os pequenos dedinhos dela lhe agarraram a mão, ela tinha uma marquinha avermelhada de nascença, a mesma marca que ele tinha. No mesmo lugar.
-Isa.-Murmurou, acariciando-a.
-O que houve?-Laís perguntou sonolenta, encarando o marido.
-É minha.-Respondeu em um sussurro, correspondendo o sorriso da filha.
-Sua?-Perguntou, alarmada, se sentando na cama. Não estava recuperada, mas estava melhor.
-É minha.-Repetiu, sorrindo de canto.-Minha menina.
Não havia duvidas. Era dele. Seus olhos eram um lindo delator. Laís pensou por um momento, mas depois sorriu, olhando o marido fascinado com a filha. As coisas podiam melhorar. Talvez o amor de pai o mudasse. Talvez houvesse esperança, ainda. Os dias foram passando. Christopher era Isadora. A cada minuto, a cada segundo de cada hora. Ele era ela. Laís estava fascinada pelo amor do marido pela filha. Pelo menos isso ele era, bom pai. Laís, por sua vez, estava adorando ser mãe. Isadora devolveu a ela a força pra viver.
Laís estava deitada quando a ruiva entrou em seu quarto aos berros. Ela demorou até que pudesse entender o que ela queria.
-Festinha do pijama? Mariah, não inventa, em nome de Deus.-Reclamou a amiga.
-Não fui eu quem inventei, foram eles.-Explicou.
-O Diego não foi. Ele não fala.-Rosnou.
-Mas grita.-Laís riu.-Eles estão lá. Vai dar uma olhada, enquanto eu tomo banho.
Laís assentiu, e foi. No quarto de hospedes da casa, estava uma algazarra. Sophia e Luck , um primo que havia despencado lá num belo dia de sol, pulavam na cama, e Diego gritava e ria. Todos já estavam prontos pra dormir.
-EI EI EI, JÁ CHEGA!-Acalmou os três, que ficaram olhando pra ela.-Tá na hora de ir dormir.
-Ah, Laís!-Sophia esmungou, se sentando.
-Nada de "ah, Laís". A Isadora está dormindo, e a ultima coisa que eu quero é acordar ela.-Ela começou a puxar os lençóis da cama, ajeitando pros 3 se deitarem.
-Então conta uma história. Minha mãe sempre contava histórias.-Luck pediu entusiasmado.
-Uma história? -Laís perguntou depois de por Diego deitado entre Sophi e Luck, cobrindo-os.
-É. Qualquer uma que você conheça.-Ele se ajeitou na cama, esperando.
Laís pensou bem. A única história que conhecia era a sua, e ela não era pra ser contada a crianças. Mas podiam tentar. Ela só não viu que, quando começou a contar a história, Christopher parou na porta atrás de si. Ele ia chamá-la, mas esperou pra ouvir o que ela contaria.
-Havia um homem e sua esposa. E eles eram lindos, perfeitos, um pro outro.-Começou, e Christopher esperou.-Um homem e sua tola esposa.-Ela pensou por um instante.-Ela foi obrigada a se casar com ele. No começo foi horrível, mas então ela o amava. Ela o amava com cada fibra do seu ser. E ele era sua razão e sua vida. Eles eram lindos, e ela era ingênua. Mas havia outra mulher, que viu que eles eram lindos.-Ela olhou o tecido negro de seu vestido, e Christopher olhou pro chão.-Ela entrou no caminho deles, e ela os separou.
-Christopher?-Mariah perguntou confusa, ao vê-lo parado do lado de fora da porta.-Aconteceu algo?
-Shiii.-Ele fez sinal pra ela não fazer barulho.-Não foi... não foi nada.-Ele olhou Laís mais uma vez.-Com licença.
-Eles se separaram?
-Sim. Separaram. Entretanto, do amor deles nasceu uma linda menina, de cabelos louros e de olhos azuis, parecia uma boneca.-Ela se lembrou da filha, e sorriu.
-E eles nunca voltaram?-Luck perguntou curioso.
-Ninguém sabe, até hoje.-Mariah concluiu, e Laís se virou pra ela.-Ele estava ai fora. Com uma expressão estranha no rosto.-Avisou, sentando-se nos pés da cama.
Laís franziu o cenho, e olhou pra porta, confusa. O que será que ele queria com ela? Os dias continuaram se passando. Laís estava amamentando a pequena, sentada em sua cama, quando Mariah entrou no quarto, e lhe entregou um telegrama de Ian. Laís abriu e calmamente leu, enquanto acariciava Isadora.
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A Nobreza
RomanceA Nobreza Antoni por inconsequência havia cometido um erro. No nascimento de Laís sem que a mulher soubesse havia prometido a filha em casamento. Cinco anos se passaram e foi então que ele contou a esposa que a pequena filha do casal seria entregue...