-Como se atreve?-Rosnou, avançando pra Laís.
-Ei, Ei, Ei!-Diego entrou no meio, aparecendo pelo corredor. -Senhoras, por favor.
-Enquanto ele tiver sob meus cuidados, daqui você não passa. Quando ele melhorar, por mim os dois vão pro diabo que os carregue.-Avisou dura.
-Você é patética, Laís.-Amanda rosnou furiosa. -Saia da minha frente, que diabo, Diego!-Disse em voz alta, sendo barrada por Diego.
-SAIA DA MINHA CASA. AGORA!-Laís gritou, perdendo de vez a paciência.
-Laís?-Mariah chamou, confusa. Mariah perdeu a cor ao ver com quem Laís brigava.
-Só sairei com ele. Ele é meu. Eu devo cuidar.-Amanda disse dando os ombros, deixando Laís ainda mais irritada.
-Ian!-Diego chamou, vendo que o circo ia fechar em instantes.
-Já mandei, saia da minha casa.-Amanda não se moveu, desafiando-a.-DERICK!-Gritou furiosa.
Derick era o capataz da propriedade. Era moreno claro, tinha os olhos verdes clarinhos, e os cabelos arrepiados. Tinha traços finos, porém era forte. Segundos depois do grito de Laís, o capataz apareceu.
-Madame? -O jovem de olhos claros encarou Laís.
-O que há aqui?-Ian perguntou, com a sobrancelha franzida, entrando na sala e observando a cena
-Tire essa mulher da minha casa. Agora.-Laís ordenou. Derick hesitou, mas atendeu.
-NÃO SE ATREVA!-Amanda gritou, se afastando.-Quem você pensa que é? - Perguntou, encarando Laís.
-Mrs. Stravinsky. A oficial.-Se auto-intitulou, sorrindo. Amanda trincou os dentes.-Agora saia daqui. Estou avisando. Saia agora.-Ordenou novamente.
Amanda ia responder, mas algo a impediu. Passos fracos, vindos do segundo andar. Todos se viraram pra olhar, menos Laís. A loura manteve o olhar em Amanda, furiosamente.
-Amanda, vá.-Christopher disse em voz baixa, rouco.
Laís sorriu, triunfante. O rosto de Amanda se transformou. Ian se encostou na escada, tranquilo, observando a cena. Mariah continuava apreensiva. Diego não saiu de sua posição.
-O que há com você?-Amanda perguntou incrédula, encarando Christopher. Ele estava no alto da escada, de roupão, com a uma mão na nuca, aparentando sentir dor.
-Por favor.-Christopher insistiu.
Amanda olhou Laís mais uma vez. O sorriso da loura continuava lá, vitorioso. Ela olhou pra Christopher, balançou a cabeça negativamente e saiu. Mariah suspirou, aliviada.
-Agora já chega.-Disse, vendo a expressão dolorida do marido.-Vamos voltar pro quarto.-Ela o abraçou pela cintura, e o guiou de volta a suíte dos dois.
Durante duas semanas, a paz reinou na mansão Stravinsky. O curativo de Christopher cicatrizou com perfeição, perante aos cuidados de Laís. Essa vinha comendo excessivamente, e seu gosto havia mudado radicalmente.
-Está pronto.-Concluiu, dispensando o curativo dele. Os pontos já haviam sido tirados. Ele estava bem.
-Obrigado.-Christopher agradeceu, passando a mão no cabelo. Finalmente, livre daquele curativo.
-Volte pra ela, agora.-Disse calma, enquanto fechava a caixinha de primeiros socorros.
-Tudo volta a ser como antes, então?-Perguntou, olhando-a.
-Você escolheu assim.-Respondeu dura -Não se preocupe, vou cuidar pra que Ian não atire mais nada contra você.-Ela se levantou.-Com licença.-E saiu, deixando-o sozinho com seus pensamentos.
Laís saiu, e foi a cozinha. Estava com um desejo enorme de comer figos. Christopher ficou quieto, mas logo se levantou, e começou a se arrumar. Amanda devia estar uma arara, pensou, enquanto saia. E ela estava. Gritou com ele, esbravejou, mandou-o embora. Ele apenas a observou e esperou que sua fúria diminuísse, sentindo falta da paz e da quietude de casa. Por fim, não aguentou.
-Amanda, o que queria que eu fizesse?-Perguntou cansado.-Eu estava lá, preso à cama.-Laís ia fazer tirarem você de lá a força! O que quer que eu faça?
-Se divorcie dela.-Exigiu, séria.-Devolva ela pro pai.
-O quê?-Perguntou incrédulo. Ele nem se quer havia chegado a cogitar isso.
-Devolva ela pro pai.-Repetiu. -E então vamos embora daqui, só nós dois.-Ela sorriu, animada com a ideia.
Ele jamais havia cogitado a ideia de deixar Laís. Nunca nem se quer havia surgido isso em seus pensamentos. Sabia que Laís não merecia nada do que ele fazia. Ela só o amava, ele que era o ingrato da situação.
-Eu não posso.-Disse, sem pensar. Era o que sentia.
-Porque não?-Perguntou, se irritando novamente.
-Ela não merece. Não queria se casar comigo.-Ele se lembrou das tentativas de Laís a persuadi-lo a desistir do casamento.-Não vou expor ela a essa humilhação.
-Qual o seu problema?-Quase gritou.-Vai defender ela agora?!
-Sinceramente, eu vou embora. Vou trabalhar, é o melhor que eu faço. De noite eu vou voltar, e eu espero que você tenha parado de gritar. Caso contrário, eu vou pra casa.-Concluiu, curto e grosso. Odiava que ficassem gritando com ele. Não era criança.
Christopher estava indo pro trabalho, mas mudou de ideia. Deu a ré no carro e mudou de direção. Tecnicamente voou até em casa. Precisava falar com Laís. As coisas não podiam ser assim.
-Laís, deixa de ser teimosa.-Ian insistiu, correndo atrás dela, que ria.-Sabe que quando eu quiser, alcanço você.-Disse, calmamente, enquanto corria atrás da loura.
-Duvido.-Desafiou, rindo, enquanto se acabava de correr.
Então, num pulo, Ian estava colado a ela. Ele a abraçou pela cintura e ergueu-a do chão, que riu gostosamente. Foi essa a cena que Christopher viu de longe, ao chegar em casa. Então era isso. Ele voltava pra casa, disposto a conversar, e ela estava lá, se divertindo com Ian. Sua expressão era fria quando ele pisou no freio e voltou de onde estava. Laís e Ian não viram ele. Porém, ele tampouco foi trabalhar.
-Christopher! -Amanda constatou surpresa.-Ah, me perdoe! Eu fui prematura, infantil, eu pensei que...-Nem houve tempo pra que ela falasse.
Ela não conseguiu terminar. Christopher, com a expressão dura, como quem está sentindo uma dor fulminante, segurou o rosto dela com as duas mãos e a beijou possessivamente. Ela riu de alivio, e o abraçou pela cintura. Logo os dois desabaram na cama, com ele por cima dela, e estava tudo perdido, novamente.
O relacionamento de Laís e Christopher afundou de vez. Os dois soltavam farpas até pelo olhar. Do outro lado, Laís e Ian estavam cada vez mais próximos, apaixonados.
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A Nobreza
Roman d'amourA Nobreza Antoni por inconsequência havia cometido um erro. No nascimento de Laís sem que a mulher soubesse havia prometido a filha em casamento. Cinco anos se passaram e foi então que ele contou a esposa que a pequena filha do casal seria entregue...