Laís e Christopher não sabiam, mas Amanda estava deliciada observando a briga dos dois. Laís viu a verdade e o medo transbordarem no olhar de Christopher. Ele não havia chamado ela ali. Isso não amenizava o fato de que ela estava lá. Várias pessoas já olhavam os dois, curiosos.
—O aniversário da Isa, Christopher. Eu planejei isso por meses. Eu dei o melhor de mim. E essa mulher aparece aqui. Ela desfila dentre os convidados, me provocando. Como você quer que eu reaja?—Perguntou, encarando-o.—Eu vou buscar Isadora, vou embora, você fica. Depois conversamos.—Ela tomou impulso pra sair, mas ele a puxou de volta.—Por favor.—Pediu, por fim.
—Você não vai embora. Ela vai. Você é a minha mulher. A dona da festa. Você fica. Vamos dançar.—Ele puxou ela pra pista de dança, agora quase vazia. Laís relutou.—vamos coeur.
—Coeur é senhora sua avó.—Rosnou raivosa mas se deixou levar.
Christopher levou a mulher até o centro da pista de dança, e puxou-a pros seus braços. As pessoas bateram palmas. O rubor incendiou o rosto de Laís, e ela xingou ele. Ali era o lugar dela. E ele não a deixaria fugir. Ele colocou as mãos fortes na cintura dela e prendeu-a a seu corpo. Laís colocou as mãos uma no ombro dele e uma em seu braço, sentindo o perfume dele lhe embriagar.
—Ela vai estragar tudo.—Laís murmurou nauseada, enquanto ele lhe embalava calmamente
—Não vai. Eu não vou deixar.—Prometeu, com a boca no rosto dela.
—Eu não quero ficar aqui. Deixe-me ir embora, Christopher. Por favor.—Implorou, encarando-o.
—Shiii... quieta. Você fica, eu já disse.
Não que devesse, mas Laís gostava de obedecer o marido. Se Christopher dizia a Laís que ela ficava, ela não tinha coragem pra desafiá-lo e sair dali, como era sua vontade na maioria das vezes.
—Sabe dançar?—Perguntou, sorrindo de canto, encarando ela. Laís fez uma careta, confusa. Era claro que sabia.
Não deu tempo de Laís responder. A música se agitou, e ele rodopiou elegantemente com ela, que o acompanhou. Ele riu da cara debochada dela.
—Ridículo.—Ela acusou, erguendo a sobrancelha.
—Linda.—Elogiou de volta, sorrindo. Os dois rodopiavam elegantemente pelo salão.
Laís resolveu entrar no embalo, e em um timbre da canção, inclinou gentilmente a cabeça pra trás, entrando na dança. Christopher sorriu.
—Eu odeio a segurança que você me passa.—Admitiu, olhando-o. Christopher se afastou dela, ainda segurando sua mão. Laís rodopiou, se envolvendo no braço dele, e por fim ficou com as costas no peito do marido, com o braço dele em volta de sua cintura. Os dois se embalaram assim.
—Não deveria. Sou seu marido.—Murmurou no ouvido dela, e ela se arrepiou. Adorava o som da voz dele, principalmente quando ele falava que era marido dela, de forma possessiva, rouca, dominadora e protetora.
Christopher pegou a mão de Laís e girou ela, dando a cortesia da dama na dança. Em seguida se abraçaram novamente, como no inicio da canção.
—Isa está adorando nos observar.—Disse, ao identificar a filha, que estava no colo de Ian, sentado a mesas de distancia. A menina tinha um sorriso inocente no rosto. Gostava de ver os pais juntos.—Não estrague a felicidade dela. Ela quer ficar. Eu cuidarei de Amanda depois. Essa noite é da nossa família. Por favor, mon coeur.—Pediu, acariciando o rosto dela.
Como dizer não a ele, se a alma dela só sabia lhe dizer sim? Sim, ela ficaria. Sim, ela confiava nele. Sim, ela o amava. Mais que o ar que ela respirava, ela o amava. Deixou o rosto descansar na mão dele, que lhe acariciava firmemente. Franziu o cenho, lutando contra si mesma. Tinha que ser forte. Tinha que ir embora. Tinha que se impor a ele. Mas não se impôs.
—Deus do céu, eu te amo tanto.—Assumiu, impotente, fraca, perto daquele sentimento opressor.
Fechou os olhos quando o marido desceu a mão de seu rosto pro seu pescoço, e sorriu por antecipação pelo que sabia que estava por vir. Ela esperou, até que sentiu os lábios de Christopher gentilmente pressionando os seus, abrindo-os. Laís entre-abriu os lábios, então a calma dele se foi. A língua dele invadiu a boca dela agressivamente, como sempre, tomando-a em um beijo apaixonado. Todos aplaudiram. Ian, tendo espírito de farofeiro, como Diego descrevera, assobiou alto pros dois. Só uma pessoa estava com a boca amarga de ódio com a cena. Amanda virou as costas e deixou a festa misteriosamente, como chegou. O que era de Laís e Christopher estava guardado. Deixemos eles pensarem que a felicidade seria tão fácil.
—Vamos embora. Está tarde.—Christopher, horas depois. Isadora dormia no colo dele com a boquinha entreaberta.
—Sim. Estou morta.—Admitiu, olhando os pés. Os sapatos a machucaram o tanto que podiam.
—Quer que eu te carregue também?—Se ofereceu, mostrando o braço livre pra ela.
—Se atreva.—Rosnou, se levantando. Christopher riu.
Os três seguiram pra casa. Os outros ficaram lá, a festa ainda rolava alta. Nevava lá fora. Christopher, com a ajuda de Laís, tirou o paletó que vestia e cobriu a filha.Laís se abraçou ao marido, dando a ele o pouco calor que tinha. Assim que chegaram em casa, se abrigaram. Christopher foi direto pro banho, enquanto Laís tirava os sapatinhos e o vestido apertado de Isadora, colocando a roupinha de dormir da filha. A menina não despertou. A calefação do quarto dos dois estava acesa, e o ambiente estava quentinho, ao contrario do frio radical lá fora. Laís se banhou, e voltou pra cama, Encontrando o marido deitado, esperando-a.
—Venha aqui.—Chamou, vendo esfregar as mãos, na tentativa de aquecer os dedos.
Laís sorriu e caminhou até ele. Ela subiu nos pés da cama, e o marido observou à loura, com os cabelos soltos, a camisola branca de mangas até os pulsos, mas com um decote generoso engatinhar até ele, e sorriu. Quando estava por cima do marido, ela deixou o corpo cair sob o dele, que a acolheu nos braços. Laís beijou Christopher docemente, e esse correspondeu aos beijos dela. Isso durou por minutos a fio. Porém, dessa vez o clima não esquentou.
—Você... quer?—Ele perguntou com um olhar sugestivo, enquanto tirava o cabelo da mulher da frente do rosto da mesma.
—Você quer?—Rebateu, perdida no azul dos olhos dele.—Seja sincero.—Censurou, ao ver a cara dele.
—Se você quiser.—Disse, dando-lhe a escolha.
—Eu tô MORTA.—Disse, fazendo uma careta, e descansando o corpo no dele. Christopher riu, beijando-lhe os cabelos.—Meus quadris doem, meus pés estão que não suporto. Você fica bravo?—Perguntou, erguendo o rosto pra ele.
—Não, estou semelhante a você.—Laís sorriu, aliviada. Não sabia se teria pique pra Christopher e toda sua... disposição. Receava despencar e dormir 3 dias seguidos.—Entretanto, nós temos amanhã.—Disse, e Laís tomou isso como um aviso.
—Amanhã eu faço o que você desejar.—Christopher ergueu a sobrancelha, mas não disse nada. Tomaria proveito disso depois.—Agora, eu só quero me abraçar a você e dormir.—Disse, manhosa, se abraçando ao peito dele.
—Durma, meu amor.—Disse, sem deixar ela rolar pro outro lado da cama. Laís gostou da ideia de dormir no peito dele. Christopher puxou o grosso cobertor e cobriu os dois, abraçando-se mais a ela em seguida. Laís o beijou uma ultima vez e assim adormeceram.
Quando Laís acordou na manhã seguinte, não estava mais sob o corpo do marido. Ainda sentia o perfume dele, mas era pelo travesseiro ao qual estava apoiada. Ela gemeu de frustração, queria que ele estivesse ali. Abriu os olhos, foi ai que a voz dele lhe chamou.
—Eu estou aqui.—Disse, e Laís se virou pra poder olhá-lo.
Maldição, como era bonito. Fazia-a ter vertigens só por olhá-lo. Forte, sempre com a barba feita, os cabelos curtos, e aqueles olhos. Os braços. Aqueles braços nos quais ela se perdia de prazer. Christopher sorria de canto pra ela, e ela se perguntou, se estava perdendo alguma coisa. Só por via das duvidas passou a mão nos cabelos lisos, que caíram em uma cascata loura pro lado, ajeitando-os, e se sentou, conferindo a camisola. Estava tudo nos conformes.
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A Nobreza
RomansaA Nobreza Antoni por inconsequência havia cometido um erro. No nascimento de Laís sem que a mulher soubesse havia prometido a filha em casamento. Cinco anos se passaram e foi então que ele contou a esposa que a pequena filha do casal seria entregue...