Capitulo 4 - -O que há lá em cima? Revisado

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Laís passou a mão no rosto, e se acolheu na cama. A aliança dourada reluzia em seu dedo. Estava absorta em seus pensamentos quando viu uma mulher entrar silenciosamente em seu quarto. 

—Ah, bom dia, senhora. —A mulher sorriu. —O senhor me pediu para atende-la sempre que precisasse. —Ela abriu a janela do quarto, o dia estava chuvoso logo foi contemplado por Laís. —Meu nome é Giorgia. —Laís reconheceu a mulher, fora a que lhe alertou sobre Sophia na noite passada. —Precisa de algo?

 —Bom, eu preciso de um banho. —Seu corpo ansiava por um bom banho, ela precisava apagar as lembranças. —Sophia já acordou? —Giorgia assentiu. —Peça pra que ela venha aqui. 

—Mandou me chamar? —Sophia perguntou, entrando no quarto.

 —Venha aqui. —Ignorando a dor que sentia se sentou direito. —Tome café comigo. —A menina sorriu e correu pra cama.

Laís e Sophi tomaram café juntas, brincando. No claro, Laís viu que Sophi era a menina mais linda que ela já vira. E também a mais alanhada. Seus cabelos eram de um loiro claro, iam até um pouco abaixo do ombro. Sem um corte definido, caia livremente pelas costas. Ao contrário das menininhas de sua idade, ela não tinha nenhuma vaidade, nem vestidos bonitos possuía. Usava um sem modelo, cinza, que ia até os joelhos. Não tinha modos bonitos pra comer, não se sujava, mas também não era do jeito que deveria ser. Também não sabia se sentar nem se portar, mas sua companhia era adorável. 

—Não ligue pro Christopher, ele não gosta nem de si mesmo. —Disse ao terminar de comer, limpando as mãozinhas no vestido. —Você vai adorar o Ian. Ele é lindo, e é um amor. —Sorriu sem jeito. —Logo ele estará de volta. Ele me prometeu que não demoraria. 

—Olha, eu não quero ser agressiva, eu gosto muito de você, de verdade. —Sophi sorriu. Há um bom tempo ninguém além de Ian dizia que gostava dela. 

—Mas você não gosta de se arrumar, se pentear? Embora dentro daquela casa e longe de sua família. Laís sempre viveu cercada de luxos. Empregados a sua disposição e uma criada para estar sempre ao seu lado. Joias e presentes caros em datas especiais e uma gorda mesada que lhe era ofertada pela família toda semana. Quando queria comprar algo, Ian mesmo se encarregava de que as lojas mais caras de Moscou trouxessem pra Laís tudo de novo que havia no mercado.

 —Eu sei, eu não pareço uma menina. —Ela puxou um migalha do vestido com desgosto. —Mas o Ian é quem cuida de mim, ele me ensinou a comer sem me lambuzar, mas ele não entende muito disso. Você deve ter tido uma vida de rainha! —Sophia concluiu ao analisar Laís.

 —Sempre tive tudo, não posso negar! —Ela pensou um pouco. —Que tal se nós fizermos uma surpresa pro Ian? —Sophi a olhou confusa. —Eu te compro roupas, te ensino a comer, falar, sentar, andar, até a bordar. —A menina sorriu de imediato. —Assim quando ele voltar, você vai estar impecável. 

—Vai fazer isso por mim? —Laís assentiu com carinho. —Ah, obrigada... como é mesmo o seu nome? —Perguntou com a carinha confusa

—Laís. —Obrigada, Laís. —Outra vez a menina sorriu, e abraçou Laís, que lhe acarinhou os cabelos.

Laís tomou um banho de imersão demorado na água quente. O quarto tinha um banheiro, enorme, com uma banheira de porcelana, branca como o resto do banheiro. Quando terminou, se sentia limpa. Saiu da banheira, o cabelo preso num coque, e se enrolou na toalha. Quando voltou pro quarto, quase morreu de susto.

—Pelo tempo que demorou, você gostou da banheira. —O rapaz sorriu de canto e foi na direção dela, que de imediato recuou. 

—Sai de perto de mim. —Murmurou fazendo Christopher rir compulsivamente da menina.

 —Você ainda não entendeu. —Ele pegou o rosto dela com uma mão enquanto os olhos azuis dele a encaravam. —Eu vou tocar em você quando bem quiser, Mon coeur. —Sorriu ao ver Laís grunhir de raiva. —Mas não foi por isso que eu estava te esperando. —Ele se afastou um pouco, ainda olhando-a.

—Porque, então? —Agora Laís se questionava, pra que outro motivo aquele ogro iria querer ficar perto dela? 

—Há regras que você precisa seguir. A primeira, não saia de casa sozinha. Segunda, preste bastante atenção, o sótão dessa casa é terminantemente proibido a qualquer pessoa. Você me chamou de monstro ontem, mas monstro eu vou virar se souber que você foi até lá. Entendido? —Ele ameaçou com o olhar

O que há lá em cima? —Curiosa como era perguntou antes de conseguir controlar-se. 

—Não é da sua conta. —Respondeu simplesmente. —Nem meus irmãos vão lá, e você não vai querer me afrontar.

Laís se lembrou mentalmente de passar longe da escada do terceiro andar e assentiu. Logo ele pareceu se acalmar. 

—E terceiro. —Ele se aproximou dela outra vez. —Se você não quer que o que aconteceu ontem se repita. —Laís enrubesceu, e Christopher tocou seu pescoço com a mão direita. —Não desfile mais de toalha na minha frente, eu posso me descontrolar. —O sorriso em seu rosto era debochado, mas a menina via o olhar dele incendiar de desejo quando a olhava, então ela voltou rapidamente pro banheiro. Deixando Christopher aos risos no quarto.

Laís depois de vasculhar o quarto descobriu um guarda-roupa lotado das mais lindas roupas que já virá. Havia de tudo ali, saias, vestidos, bolsas, sapatos, calças, blusas, agasalhos, e tudo presente de Christopher pra ela. Eles jantaram em silêncio, e depois foram pra sala de estar. 

—Me leve ao shopping? —Pediu tímida, esperava ouvir um não dele.

—Pra...? —Ele não a olhava, como se a menina tivesse algum problema. Laís definitivamente não entendia o rapaz.

 —Preciso comprar algumas coisas. —Christopher ergueu a sobrancelha. —Eu posso pagar. —Ela estava confusa de mais, não entendia o porquê da cara de deboche dele.

—Você acha realmente que dinheiro é algum problema pra mim? —Ótimo além de debochado era soberbo. 

—Não. — Respondeu, se achando tola. 

—Pode ir amanhã. —  Respondeu ele de forma desinteressada com que ele a tratava.


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