Capitulo 11 Juntos Revisado

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Laís se surpreendeu quando Ian a puxou pela cintura, os dois caminhavam lado a lado e ele carregava o pequeno filhote encharcado. A chuva parecia ser derrubada por baldes.

O vento parecia que ia congelar a espinha. Ian riu quando Laís escondeu o rosto em seu pescoço. A chuva agressiva que caia não permitiu aos dois ver, mas havia alguém olhando a cena da janela do segundo andar. E esse alguém não parecia nada satisfeito.
—Mariah, Laís te fala alguma coisa sobre o Ian? —Perguntou, olhando enquanto Ian e Laís subiram as escadarias aos risos, e sumiram pela porta.
—Ela me conta que ele é amigo dela. E que ajuda ela com o Christopher. —Disse, tentando se lembrar de alguma coisa. —Porque? —Ela abraçou o marido por trás, acariciando a barriga dele 
—Nada demais. —Ele pôs a mão por cima dela. —Só tenho um mal pressentimento em relação a isso. Besteira.
Ela se despediu brevemente de Ian, e foi pro quarto, encharcada. Tirou as roupas, tomou um banho, e se secou. Quando a chuva deu uma trégua, ela foi ao galpão, queria ver seu cachorro. Não foi difícil encontrá-lo. Era mais alvo do que qualquer coisa ao alcance da vista. Ela foi até ele, que pareceu feliz pela dona estar ali. Ela o tirou de lá no colo, levando-o pra um lugar um pouco mais aberto, debaixo de uma arvore. Pegou uma escova e um pano no galpão e levou, junto com um banco.
O cachorro estava fora de casa contra a vontade de Laís, mas Sophia tinha alergia ao bichinho, pelo bem da menina concordou em deixá-lo do lado de fora.
—Eu ainda não sei que nome te dar. —Ela disse ao cachorro pensativa, enquanto escovava a pelagem do animal. —Hum...Carllo? —O cachorro a olhou, como se gostasse. —Pronto, você vai se chamar Carllo. —Sorriu, radiante, acariciando-o. Carllo estava dócil aos carinhos da dona, e se exibia pra ela quando ela o elogiava. Mas de repente, viu algo que o fez latir.
—Seu cachorro é um covarde. —Christopher acusou se aproximando da mulher. Laís se assustou.
—Calma Carllo. —Ela acariciou o cachorro, acalmando-o. Pareceu funcionar. Mas o cão ainda encarava Christopher com um olhar agressivo. —Não há problema nenhum com ele. —Resmungou pra Christopher, enquanto voltava a escovar o animal.
— Não me lembro de ter comprado um cachorro. —Disse, avaliando o animal. Carllo pareceu incomodado.
—Ian me deu de presente, hoje. —Disse sem dar atenção. Laís estava de costas, por isso não viu o brilho raivoso que atingiu o olhar de Christopher enquanto ele avançava pra ela.
—Vai devolve-lo. —Ordenou, puxando o braço de Laís que o encarou surpresa. —Vai devolver hoje. Existem dezenas de cachorros no mundo, escolha um a seu gosto e ele será seu. Mas vai devolver esse.
Carllo começou a latir alto. Christopher partiu pro cão, raivoso, mas Laís se pôs no meio.—Não vou devolver, não. —Ela era obstinada . —Se acalma Carllo. —Ela passou a mão na cabeça do cachorro com carinho.
—É minha mulher, Laís. Deve-me obediência. —Lembrou, frio.
— E eu vou obedecer. —Disse, erguendo o queixo, digna. Christopher sorriu debochado. —Mas eu não vou devolver.
—Ah, vai me obedecer então. —Sorriu, puxando ela pelo braço pra si. Laís arregalou os olhos, surpresa. —E se eu disser que eu quero transar aqui, nessa grama e agora. Você vai me obedecer? —Sorriu duro.
Laís sentiu um choque levar seu corpo. Christopher viu, deleitado, esse choque passar pelo azul dos olhos dela enquanto ele fingia abrir o casaco que usava, ainda mantendo-a colada a seu corpo.

—Quê? —Não conseguiu evitar que seus olhos caíssem pra grama, verde e fofa. Christopher viu isso, e sorriu por dentro.
—Você disse que me obedeceria. Então, essa é a minha vontade. —Ele disse após terminar de abrir o casaco, sorrindo com malicia, carregando ela e levando mais pra perto da árvore, pra longe do cachorro.
—Pare com isso!—Ela disse, assustada, quando ele a deitou na grama, ficando de joelhos e tirando a camisa. Christopher estava adorando aquilo. Amava torturá-la.
—Sabe, isso sempre foi uma fantasia minha. —Ele disse, abrindo um sorriso enquanto ia pra cima dela, que recuou, ruborizada. —Está corando Laís? —Perguntou segurando o rosto dela, olhando fascinado o que havia feito.
—Pervertido!—Ela o empurrou, recuando mais. Deu de costas com a árvore, batendo a cabeça no tronco da mesma. Christopher se estourou de rir, sentando no chão. Laís era tão absurda.
Ela aproveitou a distração dele e se levantou, disparando pra perto do cachorro. Sentia o sangue em seu rosto enquanto ignorava o riso dele.
—Hey, volte aqui. —Chamou, debochado. —Eu nem comecei ainda, qual o seu problema? —Ele riu de novo.
—Escuta aqui, você para com isso, ou eu vou rachar a sua cabeça no meio. —Ameaçou apontando a enorme escova do cachorro pra ele.
—E eu estou tremendo de medo de você, Laís. —Ele sorriu, debochado . —Acredite, se eu quisesse te ter aqui, você seria minha aqui. —Ele tocou na grama do seu lado.
Isso irritou Laís profundamente. Quem ele achava que era? Ou melhor, quem ele achava que ela era?
—Eu tenho pena de você, Christopher. —Disse com amargura.
—Ah, pena. —Ele disse, se apoiando nas mãos. Laís não queria admitir mas ele estava lindo, sem o casaco, apenas com aquela camisa branca, sentado na grama. —Não vejo porquê. —Ele fingiu estar pensando. —Bom, eu sou bilionário, respeitado. Minha esposa arranca suspiros por onde passa. —Ele varreu o corpo dela com o olhar, Laís ruborizou barbaramente ao perceber isso. —Sou saudável. Tenho tudo o que o dinheiro pode comprar, do bom e do melhor. —Ele se avaliou, duro.
—Não tem amor. —Ela viu o sorriso dele morrer. —É, Chris. Amor não pode ser comprado com dinheiro, ou com joias bonitas. Tenho pena porque você nunca sentiu amor, ou amizade. E isso, eu te garanto, dinheiro nenhum pode comprar. —Ela concluiu, fria. —Esse é o seu problema, falta de amor. Eu tentei amar você, mas você faz disso uma tarefa impossível. Você nunca sentiu, você não sabe o que é. —Ela sorriu.
—Você não sabe o que diz. —Murmurou por entre os dentes, encarando-a. Laís parecia ter passado pela armadura dele.
—Pense nisso, Chris.' Amor'. —Ela disse enquanto jogava a escova em cima do banquinho. —E fique longe do meu cachorro. —Avisou antes de sair, com o máximo de dignidade que tinha, levando Carllo. Christopher viu ela se afastar. Sua expressão era séria, dura, mas o azul dos seus olhos estava inundado por uma dor que a muito tempo ele não sentia.
Junto com Ian, o medo de Laís voltou. E se Christopher realmente fosse um assassino em serie? Ela agora observava ele comer. Ele parecia tranquilo, distante, enquanto almoçava. Assassinos são frios, ela se lembrava a todo tempo.
—Tó. —Ela disse, impulsivamente pegando a concha da mão dele enquanto ele se servia. Colocou em seu prato uma quantidade bem maior do que o normal. Mariah não deu atenção, Diego olhou, Sophia franziu a sobrancelha, achando graça. Ian disfarçou o riso com um tossido. Christopher, que estava com a boca cheia, ergueu a sobrancelha.
—Qual o seu problema? —Perguntou após limpar a boca com o guardanapo, encarando-a, desconfiado.
—Nenhum. —Disse, voltando ao seu lugar, após deixar o prato dele com uma montanha adicional de comida. —Bom apetite. —Ela apontou a comida sugestivamente, apoiando o rosto nas mãos, e encarando-o.
Christopher a encarou por um momento, depois deu os ombros e voltou a comer. Comeu metade do que Laís colocou, dando-se por satisfeito.
Ela só beliscou um pouco da sua comida, olhando-o fixamente. Ia deixar uma tesoura na beira da cama na hora de dormir, se ele tentasse algo ao menos teria como se defender.
—Tá tarde. —Ela murmurou pra si mesma sentada numa poltrona, com o livro. —Tarde demais. —Concluiu ao olhar o relógio. Passavam das três da manhã. Todos já haviam ido se deitar, mas ela ficou lendo.

Reprimindo um bocejo, ela fechou o livro, pôs em seu lugar e caminhou pro seu quarto. A chuva açoitava as janelas do lado de fora. Quando ela entrou no quarto, Christopher dormia com a barriga definida virada pra cima, um de seus deliciosos braços caído pro lado da cama. A respiração dele era superficial, calma. Laís observou o marido por um tempo. Se fosse sempre assim, sem aquela máscara de raiva e frieza, tudo seria tão diferente. Ela ergueu a mão, hesitante. Tocou o peito esquerdo dele por um momento, admirando-se da musculatura definida que tinha. Logo após concentrou-se. Deixou a cabeça cair pro lado, como uma criança curiosa, ao sentir um leve tamborilar por debaixo dos dedos. Ele tinha um coração, pena que não usava. Ela fez um pouquinho mais de pressão. O tamborilar do coração de Christopher continuou, ritmado, calmo. Ela se prendeu a aquilo. 
—É, está batendo. —Ele murmurou ainda de olhos fechados. Laís se assustou e se levantou as pressas, mas ele segurou o seu braço. —Bu!—Sussurrou divertido, abrindo os olhos. O toque quente dele inflamava na pele dela.
—Você e essa maldita mania de me assustar. —Christopher riu, os dentes cintilando perfeitamente a luz de um trovão. —E me solte. —Pediu, tirando a mão dele.

—O que você estava pensando, coeur? 
—Nada. —Se defendeu. —Eu só estava... estava... tocando em você. Não posso mais? —Christopher ergueu a sobrancelha irônico.
—Quer dizer que agora você quer me tocar. —Ele observou, ainda tonto de sono. Ele a puxou de vez, fazendo-a sentar-se em seu colo, e se sentando também. Laís o encarou, surpresa. —Tudo bem, então. —Ele sorriu, simplesmente e a beijou.
Havia tempo que ele não a beijava. Sua mão era possessiva dentro dos cabelos dela, puxando-a pra si, enquanto seus lábios se oprimiam. O gosto dela era ainda mais doce do que sua memória lhe dizia. Já ela estava embebedada até por seu cheiro. Minutos depois, ou poderiam ter sido vidas, o ar acabou, o que o fez descer os beijos pro pescoço dela, insaciável Laís sentia a boca latejar enquanto os lábios dele lhe acariciavam a pele. "Perto demais da garganta.", seu subconsciente lhe avisou, ele podia enforcá-la.
—Espera. —Ela murmurou, encolhendo o pescoço. Christopher riu com a boca pousada no ombro dela
—Qual o problema? —Ele perguntou perto do ouvido dela. O hálito quente dele a fez perder o rumo por um tempo. Qual era o problema mesmo?
—É tarde. —Ela disse, pegando o rosto dele dentre as mãos. Ela o encarou por um instante. Christopher prendeu o riso vendo o rosto atônito dela. Por esse momento, ele se esqueceu de odiá-la, esqueceu de tudo. Ela apenas era sua mulher, só isso. —Você precisa dormir, descansar. —Christopher assentiu, mordendo a língua pra não rir. —Boa noite. —Ela selou os lábios com os dele demoradamente, antes que pudesse se refrear, depois fez impulso pra se levantar.

 —Ela selou os lábios com os dele demoradamente, antes que pudesse se refrear, depois fez impulso pra se levantar

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