Capitulo 60 Um amor

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Laís sorriu, e cuidadosamente, pra não encostar-se à barriga dele, o beijou. Ela segurou o rosto dele com a mão, e se apoiou na cama com a outra. Christopher enlaçou a cintura dela com a mão livre, e retribuiu seu beijo. Estarem um nos braços do outro, novamente, fazia parecer que nada daquele pânico tivera acontecido. A essa altura, a cidade inteira já havia montado as peças do quebra-cabeças sobre Amanda, Laís e Christopher.

Estavam todos indignados, e torciam pela melhora de Christopher. Antigamente não, deixasse que morresse. Mas agora ele merecia viver. Só que, não se sabia como, a história de que Sabine que fora a comparsa disso tudo vazou, e todos a procuravam. A morena sabia disso. Mas depois de dias escondida, com fome, fraca, com dor, vagando sozinha, ela resolveu mostrar o rosto. Passaria pela dor, mas depois, enfim, estaria acabado. Ela andou pela rua principal da cidade, olhando as cores. Sempre gostou das cores. Olhou o céu nublado, a cor da terra, sentiu o perfume do vento. Tentou tirar da cabeça o pânico do que viveria a seguir. Porém, logo foi reconhecida. As pessoas fizeram uma multidão em volta dela, prontos pra apedrejá-la. Xingavam ela, ofendiam, e a encurralaram. Ela apenas olhava pro chão, esperando. Não havia mais destino pra ela, pra que insistir?

-Então ela já voltou a ser a mais doce das figuras.-Ian comentou brincalhão.

-Laís é louca. Sempre foi.-Frederico ria, mas parou, vendo o alvoroço de gente a frente.

-Não sei.-Ele franziu o cenho, mas deixou pra lá.-Eu vou dar uma passada em casa, vou ver Felippa. Você vem?-Perguntou, tomando seu rumo.

-Não, obrigado.-Disse, e sua atenção estava toda na confusão a frente.

Ele se aproximou, olhando o que era. Deus, estavam apedrejando uma mulher. Frederico podia deixar muito bem isso pra lá, como já fizera antes, mas ele viu o rosto dela, de longe. Era a coisa mais angelical que ele já havia visto, desde faz muito tempo. Ela já estava machucada, sua testa sangrava, mais e mais pedras iam em sua direção. Ele passou rapidamente pro centro da confusão, pondo seu corpo na frente do dela. Pararam de fazer aquilo.

-Vamos lá, quem vai ser o próximo?-Desafiou, parado com a expressão calma, mas irritado.

E quem seria louco de atirar uma pedra num parente da família Stravinsky? Era tão perigoso como olhar pra mulher de um deles. Vontade não faltou à multidão, mas ninguém se atreveu a atirar um pedregulho se quer.

-Saiam daqui. Vão cuidar de suas vidas. Sumam!-Frederico rugiu, e não havia um traço de bom humor em sua voz.

As pessoas, aos poucos, foram se dispersando. Resmungando contra Frederico. Umas outras ficaram, pra observar o que ele faria. Ele se agachou do lado de Sabine, que já havia desmaiado. Ele checou o pulso dela, e estava viva. Porém, sua cabeça sangrava bastante, escorria por dentre os cabelos e o sangue descia por seu pescoço, manchando o vestido velho. Ele carregou à morena, e a cabeça dela se inclinou molemente pra trás, fazendo a cascata de cachos negros pairarem no ar. Ela estava descalça, e seus pés estavam feridos. Ele saiu rapidamente dali, voltando ao hospital onde Christopher estava. Não deixaria ela morrer. De jeito nenhum.

Frederico entrou no hospital, e logo levaram Sabine. Ele não soube preencher a ficha. Não sabia nada daquela estranha. Só lhe restava agora esperar. Já no quarto de Laís e Christopher...

-Isadora tem perguntado por você.-Disse, sorrindo, enquanto o marido lhe beijava o pescoço de leve. Ele havia tecnicamente forçado ela a se deitar do seu lado.

-Tem?-Perguntou, contra a pele dela.

-Bom, em geral ela grita o seu nome, mas eu interpreto isso por perguntar.-Christopher riu e tossiu. Laís sorriu.

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