Sangue diferente

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Após a janta, deitei-me um pouco na minha cama. Não queria pensar em nada, apenas em descansar. Fechei os olhos por um momento, e me lembrei de uma coisa.

Enquanto arrumava minhas coisas para me mudar, mexia em umas caixas procurando umas coisas e lembre de achar papéis de adoção. No dia, não dei importância, porém a mensagem começou a dar sentido para o que eu havia encontrado.

Na manhã seguinte, no IAD, fui correndo encontrar a Zoe. Precisava contar pra ela sobre a mensagem. Ela estava sozinha na lanchonete comendo um sanduíche.

- Oi Zoe, preciso falar com você. - coloco minha bolsa na mesa e me sento.

- O que foi? - ela diz de boca cheia.

- Eu recebi outra.- falo entregando o celular para ela.

- O que?- ela engole o que estava comendo e lê a mensagem com os olhos.- Isso ta dizendo o que eu acho que tá dizendo? Quer dizer que você é adotada?

- Talvez sim e talvez não. E se essa mensagem estiver falando do meu irmão?- expliquei para ela sobre os papéis de adoção que encontrei antes de viajar.

- E você não pergunta nada a ninguém? Você viu papéis de ADOÇÃO e não se questiona o porquê?

- Tinha coisas mais importantes na minha cabeça no dia né Zoe.

- Tipo?- ela ergue uma das sobrancelhas.

- Meu Louboutin preto...- dou um sorriso sem graça.

Passei o dia pensando na história da adoção. Quando achava que tinha resolvido um problema, outro aparecia.  Continuava a me dar bem na aula bem nas aulas, mas não tirava da cabeça, o fato de que meus pais esconderam várias coisas de mim e do meu irmão. Tais coisas que fossem importante e que evitariam disastres.

Fui para o treino, estava se passando milhões de coisas pela minha cabeça. Mas a principal: o que isso tinha a ver com o meu irmão e seu desaparecimento? 

Trenei duro aquela tarde. Eu estava morta mas não me importava, eu gostava de treinar com as Fénix. A Marcela era uma ótima treinadora e uma pessoa muito motivadora.

No caminho para casa, pensava em formas de confrontar minha avó e perguntar sobre meu irmão e eu. Havia uma chance de nem ela saber, mas eu tinha que tentar.

- Vovó?!- gritei. Ela saiu da cozinha e foi me ver.- Cheguei.

- Como foi hoje?- ela pergunta dando um belo sorriso.

- Bem, o treino de hoje foi de matar.- nos sentamos no sofá.-  Preciso falar com a senhora

- O que foi?- seu sorriso sumiu. Ela sempre soube quando tinha algo errado comigo. Eu diria que era um sexto sentido.

- Eu me lembrei do dia anterior ao vir para cá. Eu estava arrumando umas últimas coisas para colocar na mala e vi uma pasta, com vários papeis de adoção.- Ela começou a me olhar. Parecia que estava entendendo o que queria dizer.  

- E a pergunta é...

- Eu sou adotada?- pergunto. Um silêncio absurdo toma conta da sala.

- Não.- ela responde.

- Então significa que o Jon era.- minha avó apenas concorda com um aceno de cabeça.

- Sim. Quando seus pais estavam noivos, sua mãe fez uns exames para ver se podia ter filhos, haviam tentado várias vezes. O médico se precipitou e disse que não. Ela ficou inconsolável, seu pai ficou arrasado.- ela olhou para cima, como se estivesse tentando  lembrar.- Eles resolveram adotar. Seu pai foi em um orfanato aqui mesmo, e chegou em casa com um recém nascido.

- Como ninguém nunca desconfiou que o Jon era adotado. - as respostas apareciam e eu ficava confusa.

- Ele era muito parecido com o seu pai quando bebê e tinha muitas semelhanças com a sua mãe. Apenas o cabelo que era preto. Fora isso, idêntico. Todos ficamos surpresos o quão parecido ele era com os dois, mesmo sendo adotado.- ela falava com um leve sorriso.

- Obrigada vovó, de verdade.- eu a abraço.

- Awn não precisa agradecer. Você merecia saber, eu achava que você já sabia mas não tem problema. Ia me esquecendo, o forno ta ligado.  Já volto.- ela sai.

As peças estavam se encaixando, tinha apenas um detalhe. A mensagem dizia "nem um Kingston é." O que isso queria dizer, óbviamente ele não seria um Kingston e nem um Castellano já que era adotado, mas por que a ênfase no nome da familia da minha mãe?

Subi para o meu quarto e resolvi ligar para a Zoe e contar tudo o que eu descobri. Além disso, compartilhei com ela uma questão que não fazia sentido na minha cabeça.

Durante a conversa, outra mensagem havia chegado.

"Parabéns, descobriu. Espere a próxima pista. -JM"


O11ZE- Uma nova história  ✔️CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora