Pedindo ajuda

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Três dias haviam se passado desde o jogo. O assunto das formigas havia esfriado e eu estava mais calma em relação à aquilo. A única coisa me deixando aflita era não ter nenhuma pista de absolutamente nada, fazia muito tempo que eu não recebia nada de útil. A última coisa, foi a foto da Alice.

Eu estava indo para a cantina ficar com a Zoe enquanto ela comia, quando alguém me chama. De primeira, não identifiquei quem era, então me virei para os lados e vi a Maga vindo em minha direção andando ainda um pouco estranho.

- Maga! Você voltou, como está o pé?- perguntei. Ficava feliz por ela estar se recuperando. Podíamos não ser amigas mas eu não era um monstro.

- Estou melhorando. Minha sorte é não ser alérgica. Mas enfim, eu queria falar com você um minuto.- disse ela. Achei estranho pois nunca nos falávamos direito.

- O que foi?- perguntei curiosa.

- Bem, ontem eu fui arrumar umas coisas e peguei esse tênis.- ela mostrou o par que estava em sua mão. Era um Adidas branco com o solado rosa claro - E eles não são meus, são seus e eu queria devolver. Temos tênis iguais.

- Certeza? Que estranho.- comentei.

- Sim, os meus, eu desenhei uma pequena flor atrás.- ao ouvir essas palavras, recordei que tinha visto essas tais flores no tênis.

- Ai meu Deus, agora que eu lembrei. Mas como a gente trocou?- questionei confusa.

- Deve ter sido no jogo. Mas enfim, aqui seus tênis.- ela me entregou.- Te vejo na aula.

Ela saiu me deixando sozinha e pensativa no meio do IAD. Várias coisas surgiram na minha cabeça até que eu cheguei a um ponto. Eu fui até a Zoe com os tênis para contar o que eu havia pensado.

- Uau, quando foi que mudaram as bolsas por tênis?- a Zoe brincou me fazendo dar uma risada forçada e revirar os olhos.- Por que está andando com um par de tênis pela escola?

- Esses são os que a Maga usou quando foi atacada pelas formigas.- respondi séria.

- E daí? Pera, por que ela te deu os tênis dela?- Zoe perguntou colocando sua salada de frutas de lado.

- Porque não são dela. São meus. A gente trocou sem querer naquele dia já que eles eram iguais, idênticos pra falar a verdade. Até no tamanho.- expliquei. Eu queria que ela entendesse sozinha o que eu estava tentando dizer.

- Você tá querendo dizer que...

- Não era pra Maga, era pra mim. A pessoa que colocou as formigas colocou nos meus tênis. A Maga só teve a má sorte de calçar os errados.- me sentei de frente para Zoe e bufei.

- Você acha que foi JM que colocou? Porque, eu tenho quase certeza.- ela comentou. Não falei nada por um tempo e então, resolvi fazer algo.

Peguei meu telefone e comecei a procurar uma pessoa nos meus contatos. Quando achei, liguei e esperei atender.

- Tá ligando pra quem?- Zoe indagou. Eu apenas mostrei meu indicador para ela pedindo um minuto.

- Oi, quanto tempo amiga! Posso te pedir um favor?- parei e esperei ela responder.- Pode me encontrar no Hat  Trick hoje por volta das quatro da tarde?- parei de novo e vi a Zoe impaciente.- Obrigada, beijo. Até.

- O que foi isso?- ela franziu a testa e questionou.

- Uma amiga que vai me ajudar a acabar com isso de uma vez por todas.- Zoe pediu mais informações.- Ela é hacker, sabe localizar pessoas, acessar coisas.

- Mas a gente tem o Amadeo. Pra que outra pessoa?- questionou.

- Porque o Amadeo é um adulto que vai querer chamar a polícia. E você sabe que a polícia não vai ajudar.- expliquei sutilmente a ela.

Zoe concordou com minha ideia. Era minha única esperança no momento pra me livrar daquelas mensgens e todo aquele peso que eu estava sentindo.

Mandei mensagem para o Valentino pedindo para me encontrar na sala de aula mais cedo. Eu ia contar meu plano pra ele, e eu precisava de um lugar vazio para fazer isso.

- Oi. Por que me chamou?- ele se sentou no lugar de sempre.

- É uma coisa que eu acabei de descobrir.- me sentei e contei tudo sobre os tênis trocados e as formigas.

- Você podia ter parado no hospital!- ele exclamou.- Você tem ideia de quem possa ter sido?

- Tenho certeza de que foi JM. Talvez querer calar minha boca por ter te contado ou sei lá.- presumi nem um pouco interessaa no motivo.- Mas eu já tenho um plano. Vou encontrar uma amiga hoje depois do treino.

- Toda a ajuda é bem vinda. Quem é?- ele perguntou curioso.

- O nome dela é Clair. Ela é ou era namorada do meu primo, sei lá. Ela é um gênio da informática. Pensa nela como um Amadeo mas com cabelo e adolescente.- disse e ele riu.

- Você vai sozinha?- perguntou.

- Sim. Mas não se preocupa tá? Conheço ela, vim algumas vezes pra cá antes de me mudar e nos tornamos amigas.- me antecipei. Ele se preocupava muito comigo e eu com ele. As idas ao ortopedista, a fisioterapia, estava sendo tudo muito difícil pra ele e eu não queria mais problemas para ele. Ele apenas concordou e sorriu pra mim.

Depois do treino, me apressei e fui para o Hat Trick. Eu estava ansiosa, era uma chance, pequena talvez, mas ainda era uma chance de acabar com o pesadela de uma vez.

Passei pela porta e fiquei parada, observando todo local que a maioria dos adolescentes frequentavam. As paredes de tijolos caíam bem naquele lugar, assim como os móveis industriais e modernos.

Meu olhar pousou sobre uma garota sentada sozinha em uma mesa, tomando um refrigerante. Seus cabelos ruivos estavam em um tom forte por conta da luz do sol que entrava pelo janelão da frente do Hat Trick.

- Clair, oi!- já na mesa, ela se levantou e me abraçou.

- E aí. Quanto tempo, como está?- ela perguntou. Ela usava uma jaqueta verde militar com uma blusa de alguma banda por baixo.- Do que você precisa?

- Então, eu preciso rastrear alguém e como você entende dessas coisas, achei que pudesse me ajudar.- respondi. Ela me olhou com o cenho franzido, parecendo confusa.

- E quem é essa pessoa?- questionou curiosa. Encarei seus olhos verdes por um momento em total silêncio. Ela me encarou de volta e ergueu a sobrancelhas.

- Aí é que tá, eu não sei quem é. Por isso eu preciso que você tente descobrir.- respondi sem dar muitos detalhes.

- Izzy!?- ela me repreendeu.- Quem é?

Comecei a contar  toda a história, desde o começo. Quanto eu mais tentava deixar as pessoas fora disso, mais eu as colocava, puxando elas para um buraco sem fim.

- Uau, que vida animada. Mas tá bom, devo levar no máximo um dia.- entreguei meu telefone para ela.- Bem, eu já vou. Daqui a pouco meu pai chega e eu tenho dever de casa. Até mais amiga.

Nos despedimos com um abraço e ela me deixou sozinha na mesa. Não demorou muito até que eu também fui embora.

Em casa, contei para a Zoe e o Valentino o que houve. Eles estavam tão esperançosos quanto eu. Talvez fosse minha única chance da acabar com tudo.

O11ZE- Uma nova história  ✔️CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora