Romance e uma provável conclusão

231 14 4
                                    

Imóvel e sem reação. Foi como fiquei por alguns minutos que pareceram muito mais tempo na minha cabeça. Valentino estava parado na minha frente, me encarando com a luz do pôr do sol batendo em seus olhos, os deixando mais bonitos do que o de costume. Tentei formar palavras mas nada saía da minha boca; minhas pernas tremiam, eu sentia que ia tropeçar no momento em que eu me movesse — o grande perigo de se usar saltos com quinze centímetros de altura —. O Valentino merecia uma resposta e eu queria muito dar a resposta que, não só o deixaria feliz mas também a que me fizesse feliz.

— Eu não posso apagar você da minha mente, não importa o que eu faça, nem se eu quisesse eu conseguiria. É em você quem eu penso quando vou dormir, é você com quem me preocupo quando não te vejo na cantina na hora do almoço.— inspirei fundo e segurei antes de soltar o ar. 

— Eu não posso...

— E porque ainda tá aqui?

— Ainda não é seguro...

— Eu sei que não, mas quero arriscar.— interrompeu, pegando na minha mão e a acariciando. O toque dele me deixou arrepiada.— Eu sinto saudades.

— Eu também, mais do que imagina.— eu não podia conter minhas palavras. Queria dizer para ele e estava prestes a falar.

— Você perguntou se eu me arrependia de ter começado a namorar você. É verdade que minha vida era muito mais fácil mas, não quer dizer que era melhor. Izzy, todos os beijos e momentos ofegantes, eu faria tudo de novo. Você é a garota que eu amo!— ele aproximava seu rosto cada vez mais, pude sentir seu hálito quente. Valentino levou sua mão até meu rosto, acariciando minha bochecha. Não me mexi, apenas me entreguei à aquele beijo que eu tanto sentia falta. Ainda era como eu me lembrava, quente e suave. Não era mais um beijo, nunca era. Eu o encarei e ele fez o mesmo, com um sorriso leve.— Temos duas opções: podemos entrar ou ir para outro lugar.

Era uma proposta muito tentadora. O que eu estava fazendo lá? O goleiro dos Falcões que estava na minha frente, estendeu sua mão, esperando minha resposta. Sem hesitar, o acompanhei até meu carro no estacionamento. Não tinha a mínima ideia de onde ele estava me levando e não me importava, estava mais feliz do que todos os dias desde que decidimos nos afastar. 

O carro passava pelas altas árvores que não eram muito comuns naquela região. A capital argentina é uma região predominantemente composta por um bioma chamado Pampas, onde a vegetação é rasteira. As árvores altas e cheias, compondo algo que parecia ser uma mata fechada, significava que estávamos saindo de Buenos Aires. Eu reconhecia o lugar para o qual estávamos indo a cada momento que nos aproximávamos. 

Ao sair do carro, pisei em terra e vi que era exatamente onde eu pensava. Sol de la manãna, o resort de campo com o nome mais contraditório que existe em relação a sua localização, onde o sol da manhã não chegava naquele lugar de jeito nenhum. Ainda estava como eu me lembrava: velho, como se estivesse caindo aos pedaços. O encarei confusa mas sem questionar ao Valentino o que fazíamos em um lugar como aquele.

— Eu sei que não é um hotel cinco estrelas mas...

— Tá perfeito.— lhe dei um sorriso leve. Eu estava tão feliz que nem me importava se o lugar parecia ser de um filme de terror.

Ele passou na recepção e pegou as chaves de um quarto. O atendente que ainda era o mesmo da última vez, não se lembrou de mim — graças a Deus —, e também não estranhou dois adolescentes em um lugar completamente longe da cidade. Mas eu estranhei isso.

O quarto dois ainda estava vazio. Era como eu me lembrava: aconchegante, com uma cama enorme. Em um canto, havia uma mesa pequena com algumas comidas simples, como batata frita e hambúrguer. Nas mesinhas de cabeceira, haviam baldes de pipoca e alguns filmes em DVD. Fiquei me perguntando quando ele arrumou tudo aquilo.

O11ZE- Uma nova história  ✔️CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora