Visitando Álamo Seco Part.I

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A semana passou muito rápido. Quando me dei conta, já era sexta de manhã e lá estava eu terminando minha maquiagem, pintando meus lábios com um batom rosa que deixava minha boca em um tom natural. Me encarei no espelho com um semblante sério e suspirei.

Eu tinha que ter certeza de que iria até Alámo Seco. Era difícil pra mim, mas ouvir a verdade sempre será difícil, e eu não só queria mas precisava da verdade, toda a verdade.

Peguei minha bolsa e a pendurei no ombro. Desci as escadas e fui até a cozinha. Encontrei minha avó, sentada em um dos banquinhos da ilha da cozinha.

- Bom dia.- eu disse. Abri um dos armários e peguei meu copo térmico, enchendo-o de café.

- Bom dia.- ela olhou para mim dando um sorriso.- Izzy, não vai dar tempo tomar café, melhor você ir.

- O que? Mas ainda são..- olhei o relógio e já eram sete e quarenta.- Ai meu Deus, fui.- saí andando depressa para a garagem.

No IAD, a parte de fora estava bem vazia mas ainda haviam pessoas chegando, portanto, eu não estava tão atrasada.

- Sebastião, eu posso te pedir um favor?- perguntei. Ele apenas concordou com dois acenos.- Preciso ir a um lugar depois da aula. Conhece Álamo Seco?

- Claro. Mas, posso saber o que a senhorita quer fazer lá?- ele ergueu uma única sobrancelha.

- Preciso falar com alguém que mora lá. E por favor, não conte pra ninguém que eu pedi isso.- implorei.

- Sem problemas.- ele prometeu. Deu a partida no carro e saiu.

Fui correndo para a sala de aula. Não estava tão preocupada já que o Olson era tão atrapalhado que nem perceberia que eu estava atrasada, mas mesmo assim eu odiava me atrasar. Me sentei rapidamente e peguei o tablet que nos davam logo ao entrar na escola e comecei a procurar a página do conteúdo do dia.

- Onde você tava? Tá atrasada. Sua sorte é que o professor ainda não chegou.- Valentino exclamou.

- Percebi. Eu perdi noção do horário e acabei demorando mais que o normal.- respondi e eu ainda procurava a página.

-  Entendi. Aconteceu algo?- ele perguntou. Parei de deslizar as páginas no tablet e o olhei.

- Não.- menti.- Eu esqueci de mandar mensagem ontem pra você. Adorei nossa cantoria.

- Ah.- ele riu sem jeito.- Eu também. Você tem uma voz muito bonita.

- Obrigada, a sua também é. Fazemos uma boa dupla.

O Olson chegou e explicou a matéria. Eu amava as aulas dele, mesmo sendo atrapalhado.

Equanto fazíamos alguns exercícios, notei que o Eric não estava na sala, mas era comum ele faltar, portanto, não dei importância.

No almoço, fui até a lanchonete me encontrar com a Zoe. Ela estava comendo o maravilhoso sanduíche do Pulpo. Seus cabelos loiros estavam soltos e ondulados como de costume.

- Eu vou pra Álamo Seco hoje depois das aulas.- me sentei a sua frente. Ela parou e ne encarou com os olhos arregaladosm

- Oi pra você também.- ela respondeu ainda de boca cheia. Enquanto ela limpava a boca com um guardanapo de papel, peguei o celular e vi o tempo de viagem no GPS- Mas não é muito longe?

- Aqui.- mostrei o telefone para ela.- Se eu sair depois das aulas, volto antes do pôr do sol.

- Você tem certeza disso?- questionou.

- Não. Mas quer saber? É melhor eu fazer isso enquanto ainda estou com coragem e esperanças.- respondi.

- Então toma cuidado. Vou enrolar a Marcela com alguma história.- sugeriu e voltou a comer.

Passei o resto do dia olhando o relógio. Mas parecia que quanto mais eu olhava, mais devagar o tempo passava.

Fiquei imaginando o motivo do Eric para ter faltado. Lembrei-me da vez que ele faltou a escola porque queria assistir o filme dos Vingadores. Minha cabeça estava cheia de coisas, mas a principal, e que nunca saia da minha cabeça, era o meu encontro com o Valentino. Eu me lembrava de cada minuto em que estivemos juntos.

O tempo passou e a última aula também. Arrumei minhas coisas e fui para a frente da escola esperar o Sebastião. No caminho, o Valentino me parou.

- Oi, você não tem treino?- questionou e olhou algumas meninas do time de vôlei feminino.

- Ah, eu não tô me sentindo muito bem.- menti mas eu estava nervosa.

- Quer que eu te leve para a enfermaria? Alguém pode te ajudar.- ele sugeriu preocupado.

- Olha, eu tô bem. Só preciso ir a um lugar e a Martina não pode saber que eu faltei pra ir fazer outra coisa, ela me mataria.- expliquei brevemennte e vi um Valentino totalmente confuso.- Se alguém perguntar, fala que eu estava enjoada e precisei ir para casa, por favor.

- Tá bom.- sua expressão ainda era de confuso.

A frente do colégio estava vazia e de onde eu estava, conseguia ver alguns alunos pelas janelas de vidro. De repente, o carro que eu aguardava chegou.

A viagem até Álamo Seco não era tão longa, mas foi o que pareceu. Em algum momento, saímos da zona urbana de Buenos Aires e ao invés de prédios, eu via apenas árvores e pasto. 

A pequena cidade parecia calma e tranquila. Haviam crianças jogando em um campo de futebol mal cuidado. Os estabelecimentos eram clássicos mas não deixavam de ter beleza. Nós paramos em frente a uma padaria com toldos listrados branco e verde nas duas portas. Era a padaria da avó do Gabo.

Entramos e me deparei com um lugar muito menor do que parecia. Eu olhava a simplicidade do lugar e me maravilhava com o cheiro de pão novo, bolo e outra comidas que pareciam maravilhosas.

- Olá, como possi lhe ajudar?- ouvi uma voz dizendo. Me virei e era o Felipe, melhor amigo do Gabo.- Izzy, não é?

- Isso, e você o Felipe.- ele afirmou com a cabeça. Ele estava de avental, uma blusa listrada, calça jeans e tênis.

- O que faz aqui?- perguntou tirando umas bandejas das vitrines onde as comidas ficavam.

- Eu preciso ver uma pessoa. Ela é tia do Gabo, você deve conhecer ela.- expliquei.- Você sabe onde eu posso encontrá-la? 

- Bom, ela está ficando na casa da avó do Gabo. Mas geralmente essa hora ela fica na praça. Eu posso te levar se quiser.- ele me deu um sorriso e depois colocou as bandejas que estava segurando na bancada atrás dele.

- Sim, você vai estar me fazendo um grande favor.

A tal praça não ficava muito longe. Eu avisei o Sebastião e fui com o Felipe. Andamos por uns minutos e chegamos. Era um espaço pequeno, haviam canteiros e arbustos, balanços e gangorras e no centro, um belo coreto que estava velho e necessitado de uma pintura.

- Ela está alí. O nome dela é Alice, ela sempre fica aqui com um livro observando as crianças.- Felipe mencionou. Meu coração batia rapidamente. Eu apenas virei para ele, dei um sorriso e fui na direção daquela mulher que provavelmente teria as respostas que eu procurava.

- Senhora Alice?- ela se virou  devagar.- Precisamos conversar... 

Continua...

O11ZE- Uma nova história  ✔️CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora