Nem todos são iguais

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As coisas pioravam instantaneamente a cada segundo. Nossos momentos de paz e euforia duravam pouquíssimo e logo algo ruim acontecia. Minha mãe ficou bem desanimada nos dias que se seguiram e, apesar de focar bastante em sua coleção, não estava tão alegre quanto antes. Em todas as tentativas de entender o que realmente estava acontecendo, ela se esquivava e pedia para que não nos preocupássemos, e era assim que o John e eu ficávamos ainda mais ansiosos.

O ano letivo estava quase acabando, mas meu pesadelo não tinha nem chegado perto de acabar. Era como um ciclo vicioso em que eu descobria algo novo, mas acabava se tornando inútil e eu voltava para a estaca zero.   O IAD era um local de refúgio, mesmo com todos os conflitos acontecendo no momento, mas pelo menos lá, não havia risco de vida.

Diferentemente de casa, a vibe no IAD era bem mais leve e feliz. Os Falcões estavam felizes por estarem na final, assim como as Fênix. E seja por coincidência do destino ou não, iríamos ter finais contra o mesmo colégio, o maior rival do instituto. Eu não poderia perder de jeito nenhum a derrota dos Águias Imperais, queria vê-los se mordendo de raiva depois de tudo o que fizeram para sabotar o time de futebol, e mesmo após terem falhado miseravelmente, ainda conseguiram fazer o Gabo se passar como violento.

Como era sexta, a noite pedia uma social no Hat Trick.  Com um pouco de lábia e promessas, convenci meu primo a alugar o local por um preço legal, assim não teríamos problemas com intrusos querendo causar problemas.

Valentino e eu estudávamos na biblioteca, e ele estava preocupado, não sei com o que, mas podia ver isso na forma como ele parava de repente e pousava o tablet na mesa enquanto o olhava.

— Tino? Tá tudo bem? — eu sabia que tinha algo, só perguntei por perguntar.

— É toda essa situação do Gabo, o vídeo que o Joaquim gravou durante a partida não prova nada. — respondeu, e pareceu que tinha mais coisa. De início, não disse nada, mas depois, desabafou. — E também, tem o fato de que você foi até aquele lugar sozinha, fiquei com medo.

— Eu entendo, e desculpa se eu te deixei preocupada. Eu entendo que você esteja cansado de tudo isso e eu queria mesmo uma forma de acabar com tudo isso e ser um casal normal com você. Que vai ao cinema e não à motéis bizarros de beira de estrada. Você é um dos únicos que me mantém sã.

Peguei sua mão e o beijei. Ele estava certo em ficar preocupado, eu poderia ter morrido, ou sequestrada, ou amarrada em uma árvore para formigas me picarem até eu virar um balão vermelho.

— Aliás, o Rafa quer falar com a gente. Acho que quer se desculpar pelo o comportamento. — disse.

— No almoço procuramos ele, quero um tempinho com você sem grandes problemas. — respondi, deitando em seu ombro.

Assim como prometido, fomos atrás do Rafa no almoço. Na verdade, ele havia nos achado enquanto ainda almoçávamos com o Quatorze e o Mariano. Os dois compreenderam o recado e saíram para nos deixar a sós com ele para conversar sobre as coisas que aconteceram antes da semifinal. Rafa parecia mesmo arrependido, eu estava decepcionada é claro, mas creio que se ele nos procurou para pedir desculpas, era porque estava realmente e sentindo mal com toda a situação.

Na mesa da frente, acontecia uma outra conversa. Lucas e Leo se lamentavam por nunca mais terem recebido mensagens da Ludmila, o que significava que o aviso que dei à ela funcionou. De qualquer forma, eles não tinham notado nada de estranho nas coisas que aconteceram antes do jogo, e o Ricky e o Dedé eram os únicos que pareciam ter percebido.  Conseguiram desmascarar o Camilo (mais uma vez), todos os planos maléficos daquele jogadorzinho frustrado, desde fazer a própria irmã enganar dois bobos que se apaixonariam facilmente por ela, até a lavagem da meias fedorentas do Dedé. Agora, eles só precisavam de algo que provasse a inocência do Gabo.

O11ZE- Uma nova história  ✔️CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora