Três depoimentos depois, quando os ânimos estavam mais calmos, pudemos voltar para casa. Todos estávamos felizes por Jonathan estar de volta, mas só nós sabíamos o que realmente tinha acontecido. Minha mãe estava tão feliz, não queríamos falar nada até porque não sabíamos se tinha acabado, tanto eu quanto Jonathan concordávamos que a pessoa com a gente lá, na fábrica, não era JM.
— Ele estava muito confuso Izzy, eu fugi porque não queria arriscar.— falou sussurrando, no meu quarto. Todos já dormiam em seus quartos, já passava da meia noite.— Não era a pessoa que me sequestrou.
— Pior que eu também acho. Jon, eu acho que isso ainda não acabou.— confessei.— Como você chegou lá, o que aconteceu?
— Eu não lembro direito. Fui em um mercado vinte e quatro horas, não lembro de nada depois que saí. Só sei que acordei na fábrica.— disse com a cabeça abaixada.— Será que, foi tudo armado?
— Certeza que sim, só não entendo e prefiro não entender a mente de um sociopata e talvez psicopata.
— Falaremos disso outra hora. Vai deitar.— o Jonathan dormiu em um colchão na frente da minha cama.
Não consegui dormir direito. Nada tirava da minha cabeça que JM ainda estava a solta e iria agir mais cedo ou mais tarde. Me levantei, escovei meus dentes, me vesti e fiz meu cabelo e maquiagem. Me encarei no espelho e suspirei, me levantei lentamente e desci para o café. A mesa estava cheia, até parece que comíamos tanta comida, mas eu entendia que era uma cortesia para o meu irmão.
Levei meu irmão até o IAD para apresentar, ele ficou maravilhado, assim como eu fiquei quando cheguei no primeiro dia. Estava intrigado com toda a tecnologia e modernidade do instituto, ninguém nos parou ou nos questionou sobre o que estávamos fazendo, fora a Isabel. Fui para classe assim que ele saiu.
O professor não havia chegado, o Valentino chegou com um largo sorriso no rosto e, antes de sentar, me deu um beijo, não um beijo comum, mas intenso. O olhei confusa mas não reclamei nenhum pouco.
— Tá feliz, adoro quando você está feliz. Mas qual o motivo de tamanha felicidade?— perguntei sorrindo.
— Eu não te contei ontem porque não era o momento, mas faz um tempo e voltei a treinar, isso significa que não vai demorar muito para eu poder jogar.— fiquei boquiaberta com essa notícia, era tão importante para ele poder jogar, fazer o que amava.
— Mentira?! Ai Valentino! Eu não sei nem o que dizer, tô tão feliz por você!— o parebenizei.— Aliás, tenho uma coisa pra você no final das aulas.
Olson explicou sobre genética, e isso me levava à lembrança de que eu não era inteiramente irmã de sangue do Jonathan. Eu não sei como as pessoas não perceberam, mas até entendo, não somos tão diferentes, apenas o cabelo. Ele sempre se destacava nas fotos de família no natal, o único de nós quatro com cabelos escuros.
Na cantina, com meus fones de ouvido, escutando as melhores da Ariana Grande enquanto olhava a coleção de inverno da Chanel. De repente, Gabo se senta, olhei para seu rosto e ele não parecia nem um pouco contente, tirei meus fones um pouco receosa .
— Foi você?!— perguntou bravo.
— Espera, do que está me acusando? Se for porque eu peguei o último suco...
— Foi você que contou para o Lorenzo?!— entoou parecendo um pouco mais bravo.
— Gabo, eu não vou saber te responder se você não me disser o que aconteceu!— avisei desligando meu tablet.
— O Lorenzo, de alguma forma, descobriu que eu estava procurando meu pai. Foi você?— ele perguntou novamente.
— Por Deus, não! Vocês pediram pra mim não contar pra ninguém, e eu não contei.— respondi deixando-o um pouco mais calmo.
— Então como o Lorenzo descobriu?— eu não tinha uma resposta para o seu questionamento.
— Olha Gabo, só sabia nós quatro e a Zoe.— explicou Ricky.
— Não, não, não. Ela não faria isso! Vocês viram o quanto ela ficou preocupada com o Gabo quando ele se lesionou, ela não faria uma coisa dessas!— rebati o comentário do Ricky.
Queria conversar com a Zoe, queria tentar entender o que estava acontecendo. Ela não faltava os jogos e treinos, não se atrasava nunca, e eu não julgaria ela nunca, faltei alguns treinos também, a diferença é que eu mentia sobre minha faltas. Mas mesmo assim, eu não estava na posição de julgá-la e nem queria, ela nunca me julgou, em nenhhum momento, nem pelos meus exageros de compras.
— Zoe?— a chamei assim que terminamos o treino.— Pode me contar o que aconteceu ontem?
— Eu fui a um clube, onde uns gêmeos trabalham para ver se um deles era pai do Gabo.— explicou desanimada.
— Entendi, bem, o Gabo descobriu que você contou para o Lorenzo.— contei cautelosamente.
— Ai droga! Como?
— Não sei amiga, mas ele sabe. De verdade, porque você contou pra ele?— questionei. Eu entendia que o Lorenzo sabia ser persuasivo às vezes.
— Ele disse que ia conversar com a Martina para deixar de pegar no meu pé.— contou, parecendo decepcionada consigo mesma.
— Que filho da...
— Izzy!!— me repreendeu.
— Zoe, você consegue dar de dez a zero na Martina, conseguiria sobreviver pelo menos por um tempinho.— falei, ela soltou um suspiro pesado, como se estivesse arrependida.
— Mas eu não contei que o pai dele estudou no IAD, só falei que era amigo de alguém do primeiro time.— confessou, mas isso não parecia fazê-la se sentir melhor.
— Fala com ele, vai entender. É o Gabo, pode estar com raiva agora mas vai passar.— a abracei na tentativa de deixá-la relaxada.
Antes de ir embora, lembrei-me de que tinha um presente para ele. Não era nada demais, mas a ocasião era a melhor. Ele estava lendo um livro na sala de estudos, fiquei olhando suas costas antes de me aproximar. Coloquei uma caixa, relativamente grande, em cima do livro. Ele se virou para mim confuso, sorrindo, mas confuso.
— O que é isso?— perguntou apontando para a caixa embrulhada com papel dourado e uma fita vermelha que estava amarrada em um laço simples.
— Feliz aniversário de quatro meses.— me sentei na cadeira ao seu lado.— Foi neste mesmo dia que nos declaramos um para o outro, há quatro meses atrás.
— Eu não comprei nada pra você, desculpe. Eu não sabia que...
— Ei, relaxa. Eu quis fazer isso, abre.— ele começou a desfazer o laço gentilmente, tirou a tampa e encontrou luvas de goleiro, eram da última coleção da Adidas, eu apenas as pintei de laranja para combinar com seu uniforme de goleiro.
— Meu Deus Izzy, eu adorei!
— Bem, não é nada.
— É sim, é muito.— ele me puxou para um beijo suave e me abraçou logo em seguida.— Não são pelas luvas, é por você. Eu te amo, tá me ouvindo? Não comprei nada mas posso prometer que, no próximo jogo, que eu jogar, vou defender pensando em você e em como você sempre esteve do meu lado.
— Hmm, amo ser a motivação do meu goleiro e namorado favorito.
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O11ZE- Uma nova história ✔️Completo
FanficIsabelle Kingston, ou como prefere ser chamada, Izzy, é uma garota rica que se mudou de um bairro da alta sociedade de Nova York para morar com sua avó e pai em Buenos Aires, além de começar a estudar no prestigiado Instituto Academico Desportivo, o...