Escolhas

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Dia de jogo do Falcões, cada vez mais próximos da final. Mais do que nunca, eu me encontrava em completa ansiedade, Gabo não iria jogar já que foi inscrito depois do prazo, até tudo se resolver, o Falcões ficariam sem um camisa dez e menos um jogador. Seria um jogo difícil, ele não tinha sorte mesmo: saiu de uma lesão e caiu em um erro da comissão técnica.

O trânsito estava péssimo, parecia que a cidade toda resolveu sair de carro, haviam dias melhores, a maioria para ser sincera. Enquanto fazia meu jogo de dar formas às nuvens, meu telefone começou a tocar. Dei uma olhada para frente, tentando ver se os carros começaram a andar; vi que ainda estavam parados, então resolvi dar uma checada no telefone. Era uma mensagem, eu acreditava que poderia ser das meninas, mas, para minha infelicidade, não era.

" Nuvens, nuvens e nuvens! Qual forma você prefere, coração partido ou o hospital? Seu namorado em jogo, beijos Blonde Izzy.- JM "

Estava bom demais para ser verdade. JM ainda estava ativo por aí, estragando minha vida, morrer queimado não foi seu destino. Tinha uma coisa que sempre me questionei: como essa pessoa sabia o que e quando eu falava algo? Uma pessoa onisciente de tudo, como alguém poderia saber que eu estava dentro do meu carro, dando formas para as nuvens.

O som de busina vindo do carro de trás acabou com meus devaneios, os carros finalmente estavam andando, fiz o mesmo. Tentei pensar em uma resposta lógica, que fizesse sentido em um mundo real. A sensação de estar sendo vigiada nunca foi tão grande, nunca passava; olhava para um lado, para o outro, para trás, com a ilusão de ver alguém suspeito.

Assim que estacionei o carro, comecei a revirá-lo, queria ter certeza de que não tinha nenhuma escuta ou câmera. Não encontrei nada. Não foi alívio o sentimento que tive depois que acabei, mas também não foi um medo desesperado, foi só decepção. Cheguei a uma conclusão, que parecia loucura e fictícia, saída de filmes de espionegem: a única coisa que eu carregava comigo para todos os lados, era o meu celular.

— Izzy?— uma voz conhecida disse. Me virei e vi Clair andando em minha direção, usando um lindo vestido verde musgo reto e uma jaqueta preta por cima.— Tá fazendo o que?— olhei para todos os cantos possíveis daquele estacionamento e ainda puxei Clair para longe do meu carro, e enfim comecei a contar.

— Clair, eu tenho que te perguntar uma coisa.

— Por que me trouxe pra cá?— me questionou confusa. 

— Sabe, desde que as mensagens começaram, eu me perguntava como JM sabia de tudo o que eu falava e fazia. E não só o que, mas também quando. Não é estranho como eu falo uma coisa e em menos de um minuto depois, chega uma mensagem sobre o que eu falei?— expliquei. 

— Bastante, na verdade, eu nunca pensei nisso direito. Sua pergunta é?

— É possível, de alguma forma, ter uma escuta no meu telefone?— essa possibilidade circulava minha mente, parecia bobo mas não era uma ideia totalmente descartável.

— Sinceramente? Não desconfio de nada, mas posso dar uma verificada.— Clair notou minha inquietação, mexer em minha unhas era um sinal de que havia mais coisa a ser contada.— O que foi?

— JM pediu para terminar com o Valentino.— me encostei na parede e soltei um suspiro pesado.

— Se não? 

— Vai dar um jeito de machucá-lo.

Chegamos na aula da Olívia um pouco atrasadas, nossa desculpa foi o trânsito. Tentei disfarçar o que eu sentia durante as aulas, não queria o Valentino se preocupando comigo logo antes do jogo. Eu tinha uma ideia, mas estava com medo de botá-lo em ação. E se o melhor fosse realmente deixá-lo, para ser feliz, sem correr nenhum risco...longe de mim?  Seria eu egoísta, em querer ficar com ele, mesmo sabendo dos riscos?

O11ZE- Uma nova história  ✔️CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora