Quando o cansaço está para vencer

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Por incrível que pareça, minha noite foi calma, não acordei nenhuma vez durante a madrugada. Me levantei da cama disposta, me alonguei e tomei um banho. Ao abrir a janela, pude sentir que estava fresco quando uma brisa fria, mas agradável, invadiu meu quarto. Desci as escadas e fui para a cozinha, deparei-me com a bancada da ilha com pães, bolo, suco e cereal. Me obriguei a tomar café com a minha família. 

No IAD, assim que pisei na calçada da entrada do instituto, senti vários olhares caírem sobre mim, cochichos enquanto eu passava pelos corredores no momento em que eu estava indo até o meu armário para pegar minhas coisas. Mas felizmente, a sensação de estar sendo o assunto de todos passou quando cheguei na cantina para conversar com as meninas como sempre fazíamos. Não tinha muita gente mas, os que estavam lá não pararam de fazer suas coisas assim que eu entrei.

— Como você tá?— perguntou Zoe, calmamente.

— Se eu disser bem, estarei mentindo. Mas se eu disser que estou mal, estarei exagerando.— comecei.— Foi tudo muito estranho lá embaixo...

— Izzy, não tem que falar nada agora, tá?— Celeste aconselhou.

— Eu sei, mas eu quero. 

Comecei a contar meus minutos com o sociopata pela chamada de vídeo, elas ficaram boquiabertas com isso, nem eu estava acreditando muito no que eu estava contando, parecia muita loucura. Ao mesmo tempo que eu falava, eu me recordava completamente da sensação de estar sozinha, e não no sentido literal da palavra, mas sim do sentimento de que ninguém iria me ajudar.

— Então eu tinha razão?— questionou Clair, parecendo até surpresa.

— Mas se essa pessoa quer se vingar do seu pai...por que mandar a mensagens para você?— confusa, Celeste perguntou.

— Mostrar quem meu pai é.— respondi.— Quer dizer, JM não precisou se esforçar muito. O pior é que, eu não tenho a mínima ideia de quem seja.

O sinal tocou e fomos para aula. Eu ainda pensava sobre isso mas felizmente, as aulas conseguiram me distrair um pouco, não que fosse a coisa mais divertida do mundo, eu só pude encher minha cabeça fazendo coisas que não envolvessem a minha pessoa. Contas, leituras e muita interpretação de problemas de química, eram as únicas coisas que tiravam a minha atenção da minha complicada vida.

— Ei, não fica assim amiga!—  Clair me consolou, me dando um tapinha nas costas.—  Que tal fazer compras depois da escola? 

— Desta vez eu acho que não.— suspirei, dando-lhe um olhar caído e sem animação

— Izzy Kingston recusando compras?— Clair brincou, conseguindo me tirar uma risada.— Olha, você ainda sabe rir!

Fomos almoçar na cantina, eu não estava com fome mas meu irmão me obrigou a comer, disse que não queria ter que me ver no hospital com problemas mais sérios. Eu não pude nem fingir que ia comer, as meninas estavam de olho em mim. Além disso, Zoe me lembrou do jogo que teríamos mais tarde, tive que comer de qualquer jeito, eu queria muito jogar.

Nos separamos para irmos para as últimas aulas. Clair foi antes de mim, precisei passar no banheiro antes. Enquanto eu caminhava para a sala, que ficava no final do corredor após subir a escada do pátio principal, vi o Francisco e o Vito conversarem. Eles não estavam muito longe de mim mas era o suficiente para não me verem. Me encostei na parede, espiei e ouvi atentamente o que eles diziam.

— Tudo bem! Agora nós temos que esperar. Nós vamos jogar a semifinal contra o ganhador da partida dos Minotauros contra os Tubarões, que jogam amanhã. E a verdade é que eu não sei quem quero que ganhe.— o Vito disse preocupado. Francisco por sua vez, agiu indiferente, como se nem tivesse ouvido.— Vai me dizer o que você tem? Hoje parece que você tá meio desligado.

O11ZE- Uma nova história  ✔️CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora