Tinha de ser você (EM REVISÃO)

Capítulo 4

P.o.v Dylan

Estava com a cabeça cheia e depois de muitas brigas com meu pai por causa da minha carreira e de passar alguns dias fora de casa, decidi por fim voltar para a faculdade. Era o único lugar onde eu podia ser eu mesmo e fazer aquilo que eu amava, sem precisar ouvir lições de moral sobre isso. Eu amava cantar e tocar, mas não era o que meu pai queria pra mim.

A convivência com ele estava se tornando cada vez mais insuportável. As brigas eram constantes, e sempre que via uma oportunidade, ele me exigia responsabilidade e comprometimento com a minha carreira e a empresa que ficaria para mim no futuro. Mas ele sabia que eu nunca dei a mínima com a empresa da família, muito menos, me tornar um futuro advogado, como ele queria para mim.

Ele já tinha traçado todo o meu futuro e nem ao menos eu tinha o direito de opinar sobre minha vida. Acho que ele ainda me via como um adolescente inconsequente que fui um dia.
Mas minha verdadeira paixão e vocação era a música e eu nunca abriria mão disso, nem mesmo por ele.
Sempre soube que era isso que eu queria pra mim. Se ele não concordava com minhas escolhas, paciência.

Depois que terminou as aulas, fui aliviar um pouco a cabeça e esquecer meus problemas, nem que fosse por alguns minutos. E só a música era capaz de tal coisa.

Saí antes mesmo da aula começar, fui direto para um dos meus lugares preferidos da faculdade, a sala de música. Sabia que em finais de semana como hoje, não haveria ninguém por lá e por ser em horário de aula, ela estaria vazia. Era perfeito.

Não queria ver ninguém, ou falar com ninguém. Nem mesmo meus amigos e namorada. Eles não me entendiam.
Não conseguia fingir felicidade, e não queria responder a perguntas que provavelmente me fariam se me vissem assim.

Peguei um dos muitos violões que tinha espalhados por ali e sentei. Não sabia o que tocar. Minha mente estava completamente vazia para lembrar de alguma música. Só me restou dedilhar algumas notas, deixando a música se formar sozinha na minha cabeça.
De vez em quando dava certo.

Quando uma música me veio, era a primeira música que eu tinha aprendido a tocar no violão, e o som suave e triste combinava perfeitamente com meu estado de espírito. Eu queria tanto sumir de alguma forma, que fechei os olhos vislumbrando apenas o vazio. Preferia me sentir sozinho no meio do nada a olhar para minha triste realidade. Pelo menos assim, podia sentir alguma paz interior.

Estava concentrado, mas não a ponto de não perceber uma segunda pessoa ali, me observando de longe.
Será que ela estava ali há muito tempo?
Eu nem mesmo a vi se aproximar. Percebi que Liz ficou sem graça por ser pêga no flagra, mas não podia deixá-la ir. Por incrível que pareça, dentre todas as pessoas do mundo, ela era a única que eu queria por perto. De alguma forma, ela me trazia a paz que eu tanto procurava.

Ela sentou-se ao meu lado e de primeira eu pude sentir um suave perfume de flores que invadiu meu olfato. Ela era tão delicada, que não entendia como podia ser tão forte a ponto de aguentar tantas coisas. Uma delas era minha irritante mania de aborrecê-la. Mas isso não aconteceria novamente, prometi a mim mesmo.
Depois que a conheci melhor e ela me contou um pouco de sua história de vida, conclui que deveria deixá-la em paz, afinal ela nunca fez nada contra mim. Muito pelo contrário.

Ela estava um pouco acanhada, não sabia dizer se era por estar ao meu lado, mas não podia ser já que sempre deixou bem claro que não me suportava, muito menos olharia para mim de outro modo. Portanto, não conseguia identificar o motivo de estar tão acanhada.

— Não sabia que você cantava tão bem. — Esse elogio me surpreendeu, contudo, foi muito bem vindo.
A cadeira que estávamos sentados era muito próximo uma da outra, me dando uma vista privilegiada de todo seu rosto delicado. Ela era bonita, tinha que admitir.