Capítulo 10

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O clima entre nós estava até que bom. Mesmo depois daquela menção sem propósito sobre amor e toda a minha reflexão em cima disso não deixou uma nuvem negra pairar entre nós, pois sabia que ele levava aquilo apenas como uma simples brincadeira.
Não levaria a sério de qualquer forma, pois de maneira estranha eu o conhecia mais que ninguém. E apesar de no começo eu o odiar mais do que acharia possível detestar alguém, acabamos criando um vínculo de amizade confortável. Pelo menos 'pra mim. No fim, toda aquela pose de bad boy que ele transmitia pela faculdade era apenas marra.
Descobri que ele podia ser uma pessoa doce, empática e, um bom conselheiro, alguém que poderia passar horas a fio conversando sem nunca sentir tédio.
Era alguém diferente 'pra mim agora.

— Você calado é um poeta, Dylan.

Ri com meu comentário, tentando mudar radicalmente de assunto. Não dando brechas para minha cabeça criar paranoias sobre isso. Não que eu precisasse de mais isso para ocupar minha mente, que vez ou outra entrava em parafusos e me deixava bem mal às vezes.

— Mas então? Para onde vai depois daqui? — perguntei — deve ter planos para o resto de suas férias.

— Não sei — confessou, respirando pesado, deixando seu lado brincalhão de lado e dando espaço para alguém mais sério — não quero ir para casa, mas ao mesmo tempo não penso em viajar para algum outro lugar. No momento 'tô pensando em deixar o tempo correr. Sem planos, ou ideias mirabolantes. Quem sabe o que o futuro me reserva? Posso esperar por isso. — terminou, sorrindo.

— Porquê não quer ir para casa? — não sabia se podia perguntar, mas aquele comentário não passou batido por mim, pois foi falado com apatia.

— Problemas familiares. Nada que você deva se preocupar — deu de ombros, com um meio sorriso, que não tinha nada de genuíno. Sabia que ele não me falaria o motivo, mas não me deixou menos curiosa — não é que eu não confie em você, mas eu não quero falar disso agora, entende? Não quero estragar nossa noite.

Depois disso não insisti mais.

— Mas e você? Tem alguma viagem programada?

— Ainda não sei. Não tenho tantas opções como você — provoquei, só porque queria fazer ele sorrir. Percebi que depois da menção a sua família ele tinha ficado mais tenso — mas estou devendo uma visita para alguém a certo tempo. Talvez eu vá para lá. Preciso pensar sobre isso um pouco mais.

— Porquê você parece tão misteriosa? - estreitou seus olhos brincando — por acaso está escondendo um namorado?

Ri soprado com a conclusão dele. Não sabia de onde ele tinha tirado isso.

— E porque eu precisaria esconder um?

— Vai saber. Talvez não queira que ninguém saiba. Veja bem, não existe muitos Dylan's no mundo e bom, não que eu seja convencido nem nada parecido, mas tenho certeza que ele não seria tão bonito quanto o próprio que está em sua frente. Talvez ele seja feio e você não queria deixar ninguém ver.

— Uau, você é realmente um narcisista de marca maior e não estou nem brincando — como alguém conseguia ser tão presunçoso assim? Isso ainda era algo que ainda me deixava curiosa, mesmo já estando um pouco mais acostumada com seus autos elogios — como cabe você e seu ego num mesmo ambiente?

— Não sou narcisista, sou realista e a pessoa mais humilde que conheço, se quer saber — se defendeu veementemente.

— Acho que meu conceito de humildade e o seu são bem diferentes.

Acabamos rindo juntos.
O clima tinha ficado leve de novo e eu preferia assim. Não gostava de vê-lo triste por qualquer coisa. Acho que isso é consequência desse tempo de interação com ele.
Ele ainda não tinha soltado minha mão e eu agradecia pelo calor que ela transmitia em minha pele me fazendo me sentir um pouco mais aquecida, talvez por ele estar tão perto, mesmo que apenas um palmo nos separasse.

Tinha de ser você (EM REVISÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora