Capítulo 9

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Tomei meu tão merecido banho, apesar da noite estar bem fria e a temperatura da água ainda mais. Ao terminar, me vesti da maneira mais quente possível e fui até os outros para tentar me aquecer um pouco com o calor da fogueira. Como na noite passada, a maioria estava sentada entre os tocos de árvores, imersos em uma conversa animada que não dei muita atenção ao conteúdo.

Ao longe avistei minha amiga enroscada no "namorado"?! Que assim que me viu acenou sorridente pra' mim, mas logo voltou a atenção a ele. Não sabia descrever aquela relação no momento. Só estava satisfeita dela parecer feliz estando ao lado dele como não esteve em nenhum relacionamento anterior, e parecia que ele demonstrava o mesmo por ela.
Por mais que ela tivesse praticamente me abandonado - falo isso de modo bem dramática, já que eu estava um pouco carente - para ficar com ele não poderia estar mais feliz por ela ter finalmente encontrado alguém pra' ela. E torcia do fundo do coração que esse finalmente fosse o certo.

Estava tão imersa em pensamos que não percebia alguém me observando de longe até nossos olhares se encontrarem.
Dylan estava no mesmo assento da noite passada, à minha frente e até aquele momento não tinha notado ele ali.
A namorada estava enroscada em seu braço, mas parecia quieta, olhando algum ponto adiante. Ele estava ainda mais quieto. Com um violão em mãos, não tocava nada em específico, apenas dedilhava algumas notas soltas e aleatórias, que não poderia formar uma única melodia.

Desviei meu olhar de ambos, antes que notasse que eu o olhava por mais tempo que o necessário, porém ainda podia sentir seu olhar sobre mim.
Me encolhi dentro do meu casaco quentinho, que não parecia tão quente quanto eu gostaria e focalizei o céu. Hoje tinha tantas estrelas que não via normalmente na cidade devido a tanta poluição, mas era algo fascinante.

Poderia passar a noite toda admirando os astros, mas minha atenção foram para os assentos ao meu lado que foram ocupados por duas pessoas, as quais nunca vi estarem sozinha sem um estar perto o suficiente para perceber a presença do outro. Parecia até estar presos por fios os quais não poderiam se distanciar o suficiente.
Clain sentou-se a minha esquerda, com Suzan ao seu lado.
Ambos me desejaram boa noite e fiz questão de saudar de volta. Desde que os conheci um pouco melhor nessa viagem percebi o quanto eram pessoas legais e gentis. Tanto ele quanto a garota que se aconchegava em seu ombro. Não poderia ter certeza, já que nunca trocamos mais que algumas palavras, mas conseguia notar algumas atitudes dela pouco comum para com o rapaz. O que indicava que aquilo não era uma simples amizade. Pelo menos da parte dela.
Alguns olhares furtivos e mais atencioso que ela o direcionava quando ele estava junto a alguma garota também indicava isso. Já aconteceu omigo, inclusive. Como quando ele veio falar comigo pela primeira vez e ela praticamente brotou do nada para falar com ele e talvez saber quem eu era e se eu era uma possível ameaça. Não que eu tivesse qualquer tipo de interesse nele, mas entendia perfeitamente suas atitudes para não perder seu "amigo" de infância.

Ele sequer notava qualquer um dos sinais, que para mim era tão claro como água. Poderia estar equivocada em meu palpite? Poderia! Mas acho que não nesse caso.

— Você está tão quietinha hoje — Clain falou ao meu lado. Não percebi que ele falava comigo até colocar meus olhos nele.

— Não sou muito de falar. Acho que ser quieta é meu estado de espírito consciente — ri um pouco e ele me acompanhou.

— Você tem razão, mas hoje você parece um pouquinho mais quieta que o normal. Você está bem?

— Estou ótima. Só estou com frio e pensando nas minhas cobertas quetinhas. De verdade, nunca senti tanta falta de casa como agora. — choraminguei e ele achou graça.

— Eu entendo. Acho que hoje não é um dos meus dias preferidos também, mas você gostou ao menos da viagem? Conseguiu se divertir?

— Ah sim. Não achei que poderia gostar tanto, até pôr meus olhos nesse lugar. Tudo aqui parece tão mágico. No fim, acho que foi uma boa decisão ter vindo, apesar de num primeiro momento minha decisão era ficar em casa.

Tinha de ser você (EM REVISÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora