𝐁𝐄𝐓𝐓𝐄𝐑 | 𝐍𝐄𝐘𝐌𝐀𝐑

Me acompanha

Larguei o celular e revirei na enorme cama com lençóis brancos e suspirei olhando pro teto tentando pensar em algo que me tirasse do tédio mas estava impossível, escutando todos lá em baixo se divertirem e eu aqui trancafiada fugindo de um homem. Eu realmente não aguento mais!

Entrei no meu aplicativo de músicas e procurei minha playlist pra dias como esses: tristes. Me joguei na cama mas alguém bateu na porta, merda.

— Eu nã... — abri a porta estressada.

— Não vai descer, ok, blá-blá-blá. Já entendi!

Philippe entrou no quarto sem me dar chances de dizer um "não" bem dado na cara dele, mas notei que ele segurava uma bandeja com comida e me alegrei.

— Você precisa comer, né infeliz?

— Infeliz mesmo. — suspirei e me sentei na cama com ele.

— Nossa que drama... por isso que o Juninho gosta de você.

— Que? — o encarei.

— É, ué. Dramática igualzinha a Bruna nas novelas.

— Vai se foder menino. — reclamei da piadinha e peguei um pedaço de bolo.

— Se falar palavrão comigo de novo, eu pego tudo isso e levo pra Luísa!

— PHILIPPE COUTINHO! — gritei irritada.

— Isso porque não tem motivo nenhum pra ter vindo morar aqui...

— Mas não tem! Você tá maluco.

— Então por que você berrou quando eu citei a Luísa?

— Porque... porque ah, foda-se.

Bufei irritada e tomei um pouco do suco.

— Eu sou seu amigo, você podia me dizer o que se passa aí — ele cutucou minha cabeça.

— Nada.

— Isso eu já sei, burra do jeito que é.

— Sai do meu quarto, vai! — gritei irritada.

— Não porque amanhã vou embora.

Olhei pro meu amigo com uma vontade enorme de chorar, com vontade de desabafar, de pedir pra ele não ir embora, de beijar aquela boca linda...

— Tá rindo de quê? — ele me olhou confuso.

— Dos meus pensamentos...

— Mas você disse que nã... tá, deixa! Posso conversar contigo? Tipo, sério.

— Manda. — revirei os olhos bufando.

Concordei enquanto abria uma bolacha que ele tinha trago.

— Se você gosta do Júni...

— Eu não gosto dele, já falei merda! Que saco, vocês são doidos! — insisti puta da vida.

— Ok... vamos supor... supor! — ele enfatizou — que você seja apaixonada pelo Júnior... porque não fala? Não seria melhor viver aqui com ele e com a família dele sem esse segredo? Sem esse ciúmes besta que vocês sentem um do outro?

— Por que tá no plural?

— Ué, ontem o Júnior intimou eu e o Gabs pra dizer que não era pra gente nem olhar pra você.