Se eu minto para mim, imagina pra você, meu bem.

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Pisquei algumas vezes rezando pra eu estar louca e aquilo ser a porra de um sonho mas não, quanto mais eu piscava mais real ele ficava.

— Posso entrar?

Ele sorriu e aquilo me quebrou inteira, eu não sabia que estava com tanta saudade dele.

— O que tá fazendo aqui? Como me achou?

— Eu também sou amigo do Philippe, esqueceu?

Fechei os olhos e respirei fundo, dei passagem a ele e o seu perfume tomou conta da sala inteira. Eu queria tanto chorar.

— Você... — o vi limpar a garganta — você tá bem?

— Sim! — mentira.

— Eu estou tentando... — ele olhava pro chão com as mãos no bolsos — depois que você se foi...

— Depois que eu vim pra cá, nada mudou. Continuamos os mesmos!

Mentir pra mim mesma era o que mais me machucava. Pois eu só queria me jogar nos braços dele mas ele era tóxico pra mim.

— Não, nós não continuamos os mesmos, e você sabe! — ele se aproximou de mim — nós tínhamos algo, tínhamos um ao outro, ficávamos horas e horas juntos na cama... brincávamos o dia inteiro, eu te beijava...

E agora ele estava tão perto e minha respiração estava completamente descompensada.

— Nós tínhamos um ao outro.

Quando escutei aquilo pude lembrar da cena mais uma vez, era meu maior pesadelo e os dias que eu não lembrava daquilo, eram dias ótimos mas sempre que eu lembrava, eu tinha vontade de chorar, de gritar, sumir...

— Pra quem você está mentindo? — respondi fraca.

— Pra ninguém Madison. — sua voz saiu firme.

— Eu podia até ser sua, mas você nunca foi meu. Nunca fomos um do outro, e se tivemos a chance você escolheu cuspir em tudo, cuspir em todas as vezes que eu disse que te amava, em todas as vezes que fizemos amor.

—Você precisa me escutar, Mad... eu juro, acredite em mim. Não foi porque eu quis, eu estava bêbado.

— Eu não posso me relacionar com alguém como você, eu não posso me magoar mais, Júnior. Como vou confiar em alguém que quando bebe esquece quem é e o que faz?

Dei alguns passos para trás controlado o choro. Meu peito doía tanto que eu queria sair correndo dali pra não vê-lo nunca mais.

— Eu não consigo dormir, não consigo comer... todos em casa me odeiam. Eu sinto sua falta, babe... não faz isso comigo.

"Babe" me lembrei das mensagens que trocávamos e de como éramos loucos um pelo outro, eu o chamava de babe o tempo inteiro mesmo ele odiando e do nada passar a me chamar assim...

— volta pra casa, você não precisa ficar comigo, só volta pela Rafaella, por nós... a gente sente sua falta.

— Meu lugar é aqui! A Rafaella entende meus motivos.

— Por favor, amor... eu estou sem rumo, minha vida sem você desmoronou. — sua mão acariciou meu rosto e eu fechei os olhos — é só parar pra pensar, Madison... eu estava apaixonado por você muito antes de você ser só a Madison... eu já te amava como Anne. E descobrir que esses dois nomes era você, eu me senti o homem mais sortudo do mundo. Pensa, eu te amava como Anne e te amo muito mais como Madison.

Lágrimas escorreram e meu coração vacilava.

Corri para seu abraço e pude sentir seu toque em mim mais uma vez, ele levantou meu rosto e me deu o beijo mais simples e amoroso que eu já havia recebido. Ele era minha vida inteira...

𝐁𝐄𝐓𝐓𝐄𝐑  | 𝐍𝐄𝐘𝐌𝐀𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora