Um favor

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Rafaella dormia igual um monstro do meu lado roncando, enquanto eu não conseguia pregar o olho. Não era nem meia noite ainda e é difícil eu sentir sono nesse horário, então me levantei bem devagar pra Rafaella não acordar e desci as escadas, estava frio demais aqui em baixo. Escutei algumas conversinhas e segui o som, o que me levou para a sala de jogos dos meninos.

— A Cinderela acordou! — Gil anunciou chamando atenção dos outros dois.

— Não é a Cinderela que dorme, Gilmar! — revirei os olhos — é a Branca de Neve.

— Mas a Cinderela não dorme? Nunca dormiu na vida dela?

Me joguei no sofá entediada com as besteiras do Gil.

— De quem é esse cobertor? — perguntei e já me cobrindo.

— Do Ney! — Jota respondeu e eu arqueei as sobrancelhas um pouco nervosa.

— Pode usar...

Assenti pro Júnior e eles voltaram a prestar atenção no computador, ver eles jogando aquilo me lembra o Rafael. A gente vivia discutindo por ele ser viciado naquilo, as vezes eu até o irritava propositalmente só pra ele me dar atenção.

Sinto tanta falta...

— Como é que um cuzão desses quer pedir a minha irmã em namoro? Olha como ele joga!

Os caras riram e até eu prendi o riso.

— Pra namorar a Rafaella precisa saber jogar esse negócio? — perguntei.

— No mínimo! — ele respondeu como se fosse óbvio.

— Por isso que meu relacionamento contigo foi horrível.

— Eita porra!!! — Gil gritou olhando pra mim.

— Caralho Madzinha... — Jota prendeu o riso.

— Mas foi horrível mesmo.

Júnior me olhou rindo porque havia entendido que era uma brincadeira, mas até que tinha um pouco de verdade naquilo.

— Mas espera, você tá dizendo que o Júnior não sabe jogar? — Gil parou e me olhou.

Encarei Neymar cruzando os braços e arqueando uma das minhas sobrancelhas.

— Exatamente...

— Vai deixar? — Jota atiçou.

— Eu vou dar a chance dela tentar pelo menos ativar a bomba sem morrer nenhuma vez.

Eu tentei entender o que ele disse mas foi em vão mas fingi entender.

— Posso fazer a honras?

Me levantei e fui até sua cadeira, ele se levantou com pressa e eu me sentei. Olhei aquele teclado totalmente diferente, e olhei pra tela... essas merdas de PC gamer tinham que ser assim mesmo?

— W vai pra frente, S pra trás, A para o lado, D para o outro. Pra atirar botão direito do mouse e pra mirar esquerdo.

Eu tinha que fazer tudo isso ao mesmo tempo?

— Ah, e não esquece de controlar sua visão no jogo!

— Que? — pensei alto e eles gargalharam.

— Se morrer, você me deve um favor. E se não morrer até armar a bomba, te dou qualquer presente que escolher.

Júnior sussurrou aquilo no meu ouvido e eu me tremo com sua voz tão gostosa tão perto de mim.

Comecei o jogo um pouco receosa, ele colocou no modo "Fácil" pra mim mas não estava nada fácil. Me assustava toda hora com alguns bonequinhos que apareciam mas ele disse que eram meus ajudantes. Me atrapalhei completamente com as letras que eu deveria apertar, atirei em vários lugares sem querer e enquanto isso, meus amigos no jogo morriam.

𝐁𝐄𝐓𝐓𝐄𝐑  | 𝐍𝐄𝐘𝐌𝐀𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora