11/02/2013
Caro diário,
Hoje foi meu primeiro dia de aula. Acordei super atrasada, me arrumei correndo, vesti meu uniforme e minha calça marrom, calcei meus tênis verde limão e tentei arrumar meu cabelo, mas ele amanheceu de mal comigo. Coloquei várias presilhas para tentar domar a fúria dos meus cachos sem forma e totalmente rebeldes, AFF, as vezes me sinto um leão! Passei o blush para disfarçar as espinhas, essas megeras que se apossaram do meu rostinho desde a sétima série, e que por culpa delas tenho o apelido de chokito, aquele chocolate crocante, cheio de bolinhas...Então fui pra aula. Chegando no portão me lembrei de entrar com o pé direito, porém quando fui para pisar, percebi que era o pé errado, tentei recuar, mas tropecei no meu próprio pé e fui ao chão. Foi mochila para um lado e dignidade para o outro. Eu me estatelei como uma manga madura que despenca do pé. Ainda ralei meus cotovelos, pois foi a única forma de não deixar meus óculos quebrarem pela quinta vez esse ano.
Ao tentar me levantar o sinal bateu para a entrada dos alunos, e uma avalanche de crianças com uniforme amarelo parecendo um bando de pintinhos, começaram a correr à minha volta, me derrubando de novo. Dessa vez não teve jeito, meus óculos caíram. E sem eles eu sou cegueta. Você nem imagina o meu desespero. Eu tocava o chão ao meu redor e tudo que alcançava eram os pés das pessoas à minha volta, nisso fiz algumas tropeçarem, quase derrubei outras, pois só via os vultos catando cavaco e quase indo ao chão também. Elas me xingaram com palavras que prefiro não comentar. Então ouvi risadas familiares se aproximando e do nada uma mão me ajudou a levantar e depois de um tempo me entregou meus óculos. Quando os coloquei, vi o meu príncipe, foi ele quem me ajudou de novo. Ele estava rindo e antes que eu pudesse agradecer, ele entrou com os amigos dele na escola. Todos riam bastante.
Tá, o lance do pé direito não rolou, mas eu tive uma sorte e tanto, pelo menos encontrei meu príncipe, e ele pegou na minha mão. De novo! Sei que foi para me levantar do chão também de novo, entretanto o importante é que pegou.
Parece que nossos encontros se resumem nos meus tombos e ele me erguendo, se essa estatística que imaginei estiver certa, iremos nos encontrar muito. Graças à minha falta de coordenação motora. E em pensar que eu já quis sentar com o meu cerebelo e perguntar qual era o problema dele comigo... agora eu estou devendo uma à ele. Porque se não fosse por ele, meu príncipe não teria pegado na minha mão duas vezes. DUAS VEZES!! – Gritei mentalmente. Fiz um "Yes" dando um soco no ar e recolhi minhas coisas.
Fiquei tão feliz que nem me importei com o mais novo trincado na lateral da minha lente. Entrei na escola e demorei um pouco até encontrar a minha sala, isso depois de pagar um king kong, pois tive a capacidade de entrar na sala errada, na sala da quinta série pra ser mais exata. Só depois de um tempo me toquei do erro, afinal aqueles "pintinhos" estavam muito pequenos. Bom, já na sala certa, veio a primeira decepção: o meu príncipe não é da minha sala. Porém, até tinha pessoas que eu "conhecia", a ruiva e a loira que estavam vendo o jogo naquele dia da bolada, estavam sentadas próximas à janela. Assim que a professora Laura, uma senhora muito simpática, de cabelos chanel, me apresentou para a classe, elas cochicharam e riram. Não só elas, mas já me acostumei com isso, é sempre assim, então me sentei na frente. A primeira aula foi de artes, depois teve português. Então veio o recreio, digo, o intervalo. E eu rodei todo o colégio procurando o meu príncipe e nada, as pessoas me olhavam como se eu fosse um avatar. Chegou um momento que tive certeza absoluta que minha pele destacava-se em azul turquesa. Voltei para a sala e se seguiram dois horários de inglês. Eu sou louca por inglês, porém tenho uma dificuldade descomunal para aprender. O problema é que as antigas escolas que frequentei só sabiam ensinar o verbo to be, é um tal de verbo to be pra cá, verbo to be pra lá. Aff... Assim não dá. Mas acho que agora aprendo alguma coisa, com o professor Fernando, ele é alto e extremamente sério. Até o momento gostei de todos os professores. Já quanto aos outros alunos, tudo foi como sempre, eu no meu canto e eles no canto deles. Ouvi dezenas de piadas ridículas. Entretanto a minha única preocupação era encontrar meu príncipe. Quando finalmente a aula acabou, eu saí da sala e segui pelo corredor, olhando para todos os lados e nada dele. Mas quando cheguei no portão encontrei o meu príncipe com seus amigos, e para minha segunda decepção do dia, a garota loira que riu de mim estava abraçada com ele. Ai que ódioooo, diário! Na hora eu até me desconcentrei do caminho e acabei dando um encontrão num garoto altíssimo que estava com um skate debaixo do braço. Com muita dificuldade eu me reequilibrei e não caí. Saí correndo e me misturei com os outros "pintinhos", vindo embora para casa. Não saiu nada como eu esperava, diário. Mas também, se não desse errado não seria eu, não é mesmo?
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O Diário De Uma Garota "Feia"
HumorThalita é uma adolescente muito atrapalhada, que acabou de mudar de cidade e de se matricular na nova escola. Bem nesse dia ela conheceu Caio, o garoto mais bonito e popular do colégio. Foi paixão à primeira bolada, digo, à primeira vista, da parte...