Capítulo 22

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12/03/2013

Querido diário,
Hoje o dia correu normal, sem muitas emoções até o final da aula, quando minha cunhadinha veio até mim dizer que nos encontraríamos na casa dela para começar a fazer o trabalho. Sim, não me perguntou se dava, se eu tinha algo marcado na minha agenda da "moranguinho", ou algo do tipo. Simplesmente me impôs isso. Justo eu que sou uma garota tão ocupada...

No começo eu não queria ir, mas Alice disse que iria também, o que me deixou de certa forma mais tranquila. Então encontramos com meu príncipe na saída e seguimos com ele até sua casa. A dupla foi na frente. Se elas planejavam aprontar? Obviamente. Mas eu preciso tentar pontuar nessa matéria, se não mamy e papai irão ficar muito bravos. E eu não quero ter que fazer uma prova de recuperação, ainda mais de História. Eu nunca fui reprovada e muito menos fiquei alguma vez de recuperação, e não vai ser agora, não mesmo. A vida exige certos sacrifícios e para passar de ano eu preciso sacrificar a minha paciência.

Chegando na casa deles, parecia ainda mais bonita do que da última vez que estive lá. Meu príncipe foi para o treino de vôlei e eu e Alice ficamos a ver navios na sala. Depois de um longo período Evelyn apareceu com cara de pastel:

— Vieram para fazer o trabalho ou o quê? — Ela cruzou os braços impaciente.

— Ora, não fomos convidadas para subir. — Respondi irritada.

— Você não foi e nunca será bem-vinda na minha casa! — Ela sibilou como se aquilo me afetasse.

— Não estou disposta para discutir com você, temos que fazer um trabalho e é só pra isso que estou aqui.

Fiona não me provoc...

— CHEGA VOCÊS DUAS! — Alice se meteu.

Evelyn então se afastou e subiu as escadas. Eu e Alice continuamos enraizadas no mesmo lugar feito duas bananeiras. Então a Evelyn se voltou ainda mais irritada:

— Então? Vão ficar aí?

Entendemos que deveríamos subir e seguir ela. Ao chegar no segundo andar havia um corredor e entre as cinco portas uma se destacava com uma nuvem escrita "aqui dorme uma princesa". Irônico, não? Justo esse ser o quarto da minha cunhadinha. Ela está mais para a maçã envenenada da Branca de neve do que para uma princesa.

Bom, ironias a parte, entramos no quarto totalmente rosa dela, tão meigo que não faz sentido pertencer à ela. Bárbara já estava lá dentro debruçada sobre um notebook com adesivos de borboletas brilhantes, ela nos olhou e respirou fundo. AFF, como se eu quisesse estar ali! Depois de discutir um bilhão e meio de vezes (eu sei, meu sinônimo é hipérbole), sobre como seria feito o trabalho e com Alice tendo que nos chamar a atenção o tempo inteiro, finalmente dividimos as partes.

Quase na hora de ir embora minha sogrinha apareceu e nos chamou para lanchar, as garotas se olharam de uma forma subliminar e minha sogra mostrava dentes demais comparada à última vez que nos vimos. Algo estranho estava no ar, e até Alice cochichou isso comigo. Fomos para a cozinha e lá havia uma mesa com coisas delícias postas. Meu estômago fez "nhoc" tá, isso foi mais um porco que um som do estômago, mas deixa para lá.

Quando todas nos sentamos, Evelyn se levantou e pegou o suco de laranja tão amarelinho, tão geladinho e veio na minha direção lentamente. Um frio me subiu a espinha e eu não quis imaginar o que ela faria.

Não ela não vai fazer isso, não, não... mas ela fez. A filha da mãe, jogou o suco na minha cabeça.

— AAAAHHH SUA LOUCA! — Eu gritei e me levantei. Peguei o leite e joguei na cara dela também.

Bárbara tentou me segurar, porém eu rodei a baiana que nada me segurava. Alice também se intrometeu e dessa vez não foi para nos separar e sim para me ajudar, ela jogou a geleia nos cabelos vermelhos da projeto de tomate. E aí foi uma bagunça para mais de metro. Foi comida pra tudo que é lado, e uma gritaria só.
Peguei uma banana e bati com ela na cabeça da Evelyn, e dale bananada nas fuças dela.

Do nada ouvimos um grito: — O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? — Meu sogro apareceu e parecia não acreditar na zona que se encontrava ali.

— Pai, foi tudo culpa da Fiona, ela... — Evelyn tentou tirar o corpo fora, mas ele balançou a cabeça negativamente.

— Quando você irá crescer, minha filha? — Ele questionou perplexo.

— Mas pai foi ela quem começou, pai. — Evelyn fez bico como um bebê chorão.

— Esse seu argumento só comprova sua infantilidade. Thalita e as outras garotas se retirem, por favor! Evelyn, você vai arrumar essa bagunça e assim que terminar me encontra na sala. Vamos ter uma conversinha. — Ele ordenou e ela arregalou os olhos cobertos de banana.

— Mas, pai... — Ela tentou insistir, porém desistiu quando ele a olhou de forma intimidadora e então ela logo se calou. Ele saiu da cozinha e as garotas correram. Eu fiquei paralisada, toda suja de comida.

— O que você está olhando? Não ouviu meu pai? Sai daqui! — Evelyn se abaixou limpando o chão.

— Eu posso te ajudar. — Tentei me aproximar, mas ela me colocou para correr:

— SAI DAQUI!

Não insisti muito, saí da casa e encontrei Alice que me esperava no portão, ao nos olharmos demos crise de risos, estávamos como bolos ambulantes...
Cheguei em casa e tomei um bom banho, e depois comi, claro, afinal nessa bagunça eu não me alimentei e meu estômago fazia som de um chiqueiro inteiro.

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