Capítulo 17

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06/03/2013

Prezado diário,
Estou de cara até agora com o que aconteceu hoje, são tantas emoções... Bom, vamos pelo o começo. Cheguei tranquilamente na aula, tivemos uma atividade para entregar e então o intervalo chegou, a hora mais esperada por todos, depois da hora de ir embora, claro.

Desci distraída da vida pelas as escadas que nem percebi a Evelyn e a Bárbara. Elas cochichavam algo e do nada pararam na minha frente, meus freios não estavam muito bons, pois eu não consegui parar. Sabe qual foi o resultado? Atropelei as duas e capotamos nós três escada à baixo. Só se ouvia gritos e todos pararam para ver o acontecido. Quando conseguimos parar, já em terra firme, estávamos amontoadas. Elas ficaram loucas comigo e eu comecei a rir de nervoso.

A Evelyn após se levantar, sacudindo a poeira veio me encher: — Monstrenga, você não olha por onde anda, não? Sua desastrada! — Claro que não foi desastrada a palavra que ela usou para me insultar, mas deixa pra lá.

Eu me levantei com dificuldade e respondi: — Desculpa, mas é culpa de vocês, pois vocês pararam de repente na minha fren... — A Bárbara me interrompeu.

— Culpa nossa? Uma baleia nos derruba e a culpa é nossa? — Todos riram e só aumentava a plateia.

— Olha aqui... — Me interromperam de novo, aff:

— Olha aqui você, Fiona! Estou cansada de você estar no meu caminho, deixa de ser ridícula e some daqui, ninguém está a fim de apreciar a sua feiúra não. — Evelyn terminou de despejar seu veneno. Minhas lágrimas ameaçaram cair. Minha baixa autoestima era definitivamente meu ponto fraco.

— Eu, eu... — Sussurrei e então a Evelyn veio em minha direção gritando.

— SOME DAQUI, GAROTA! — Ela gritou me assustando e bem nessa hora meu príncipe e seus amigos chegaram:

— O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? — Ele perguntou irritado, Evelyn se virou para ele e em um tom menos alterado contou o que a 'idiota aqui' fez.

— Ela não fez por querer, e já pediu desculpas, aliás a culpa foram de vocês mesmo. — Ele me defendeu todo lindo.

Evelyn e Bárbara pareciam petrificadas e boquiabertas. Então um dos amigos do meu príncipe provocou.

— Caio, por que você sempre defende esse troço? — Apontou em minha direção com deboche e todos me olharam. Ele ficou surpreso e me olhou também. Aí foi a vez da Evelyn cutucar.

— Verdade, se tornou defensor dos feios, digo, dos fracos e oprimidos maninho? — Ironizou e todos riram novamente. Ele suspirou visivelmente irritado com as risadas e se aproximou de mim, pegando a minha mão dizendo.

— Não, eu só estou defendendo a minha namorada. — Respondeu naturalmente enquanto meu coração mal bombeava o sangue.

Meu cérebro deu pane. Será que ouvi isso mesmo? EU OUVI! NAMORADA! NA FRENTE DE TODOS! NAMORADA DELE! Eu gritava mentalmente, enquanto externamente as extremidades dos meus lábios tocavam as minhas orelhas de tão grande que estava meu sorriso. Olhei em volta e um silêncio ensurdecedor havia tomado conta do local. Todos estavam embasbacados com a notícia. O queixo de Evelyn pendia próximo ao chão. Depois de um longo e constrangedor silêncio Bárbara disse:

— Essa foi boa, você quase nos pegou. — E então todos começaram a rir aliviados com a 'brincadeira' dele.

Para meu desespero, Caio começou a rir também e eu fiquei confusa.

— Qual é a graça? — Franzi o cenho o olhando.

— Eles estão certos, nós não estamos namorando. — Ele respondeu e as pessoas em volta gargalhavam.  Minhas pernas ameaçaram falhar.

— Do que você está falando? —  Meu Deus ele vai negar que ficou comigo? Ou ele brincou comigo esse tempo todo? Minha mente deu um nó e meus olhos inundados de lágrimas ardiam igual quando eu corto cebolas para a minha mãe.

— Isso mesmo que você ouviu, não somos namorados... — Ele repetiu e todos se calaram esperando o 'gran finale' da zoação. — Não somos namorados ainda... Você aceita namorar comigo? — Ele se ajoelhou na minha frente me olhando seriamente e eu quase enfartei.

Não só eu como todos ao meu redor. Estavam todos nos olhando incrédulos, pareciam estarem vendo uma cena de outro mundo:

— Isso é sério?

— Nunca falei tão sério em toda minha vida! E então, Thalita, você aceita ser oficialmente minha namorada?

— CLARO QUE ACEITO. — Tentei não gritar, juro, mas não consegui.

Ele levantou e me beijou. ME BEIJOU NA BOCA! NA FRENTE DE TODOS!!!  Eu tremia tanto que ele teve que me segurar para me manter de pé. Bárbara se aproximou ainda incrédula:

— I-isso só po-pode ser brincadeira, né? Assume logo, já não tem mais graça... — Ela pediu nervosa, sorria forçado.

— Ora, não estou brincando de nada, Thalita agora é oficialmente minha namorada, quem mexer com ela vai se ver comigo. — Ele ameaçou e todos continuaram nos olhando, em transe.

— Você me trocou por isso aí? Não pode ser verdade. — Bárbara perguntou com desdém.

— Não te troquei, porque você nunca foi nada minha. — Ele respondeu tranquilamente.

"Uuuuuhh Toma, pensei no meu canto. "
— Caio, você só pode estar louco. — Evelyn comentou enquanto balançava a cabeça negativamente com os olhos vermelhos de raiva.

— Eu não ligo para o que você pensa, Evelyn. Aliás para o que todos vocês pensam, cansei de me importar, que se dane a opinião de vocês. Vamos sair daqui, Thalita. — Ele me puxou e saímos para o pátio de mãos dadas.

Por onde passávamos todos nos olhavam, ninguém conseguia acreditar naquilo e nem mesmo eu conseguia crer que realmente estava acontecendo. Durante a aula as garotas não voltaram para sala e todos me olhavam, até a professora. No final da aula EU E MEU NAMORADO fomos embora juntos. Ai diário, estou nas nuvens!!!

O Diário De Uma Garota "Feia"Onde histórias criam vida. Descubra agora