Capítulo 15

1.1K 162 14
                                    

04/03/2013

Caro diário,
Já reparou como a segunda-feira é o dia internacional do desânimo? Hoje estou com tanta preguiça que tenho medo que essa preguiça toda saia do meu corpo e tome vida própria. Bom, mas falando sobre amor, e para isso ninguém nunca tem preguiça, hihi, hoje meu príncipe me fez uma surpresa. Senta que vem história!

Quando estava chegando no colégio essa manhã, toda distraída da vida, cerca de dois quarteirões antes, ele chegou atrás de mim tampando meus olhos, todo fofo. Me assustei e antes dele descobrir meus olhos me virou de frente pra ele e me beijou. ME BEIJOU! E confesso, já estou ficando boa na coisa, hehe. Sério mesmo.

Ai diário, fiquei toda derretida, então ele sugeriu que fôssemos até uma praça próxima dali. Seguimos para lá de mãos dadas e sentamos no banco como um casal. UM CASAL!!!  Ai, parecia um sonho!

— Passei o fim de semana pensando em você e na nossa conversa não finalizada. — Ele contou com essas palavrinhas e eu quase morri.

Tam-também pensei em você. — Suspirei olhando para seu rosto lindo e seus olhos de jabuticaba.

— Então podemos terminar a conversa?

— Eu achei que tudo já tinha ficado esclarecido. — Comentei confusa e ele negou com a cabeça.

— Ainda tem o fato de você ter me escolhido para ser o seu primeiro beijo. Eu sei que para vocês, garotas, essa questão é algo importante. — Falou e eu senti meu rosto esquentar.

— Eu só... Gosto de você. Desde o dia que nos vimos pela primeira vez... Eu sei que para você um beijo não tem o mesmo significado que para mim, entretanto mesmo assim eu queria que fosse com você.

— Quem te disse que um beijo não tem significado para mim?

— Não... Não quis dizer isso. É só que... Você tem lindas garotas dispostas a te beijar e eu...

— Você também é linda e me beijou. — Concluiu e eu me calei. — Que cara é essa? Eu juro por Deus que se você tiver pensando que estou mentindo quando digo que você é linda, o bicho vai pegar para o seu lado. — Ameaçou e eu dei uma gargalhada.

— E o que você vai fazer?

— Você ainda tem o desenho que eu fiz para você?

— Claro.

— Acha que desenhei mal?

— Claro que não. — Respondi prontamente.

— Quer que eu rasgue ele?

— Não, por favor não faça isso! — Pedi sincera.

— Por que não?

— Porque ele é lindo! — Respondi e ele me olhou vitorioso.

— Então me explica como ele seria lindo se a modelo que inspirou ele também não fosse? — Perguntou me deixando sem palavras. — Nunca se compare com ninguém. Você é única. É uma aproveitadora, mas ainda assim é linda!

— Eu não sou uma aproveitadora! — Rebati rindo.

— É sim. Me agarrou no meio da escada. Me beijou e depois ficou com medo que eu me apegasse e saiu correndo. — Ironizou e eu revirei os olhos.

— Engraçadinho!

— Aproveitadora de garotos frágeis e desprotegidos!

— Você frágil e desprotegido? Até parece.

— Insensível! — Ele se fingiu de ofendido e me puxou para mais perto. — Você é muito insensível, sabia?

— Por quê?

— Porque estou esperando você se aproveitar de mim e até agora nada.

— Acho que agora vou me aproveitar de outros carinhas. Como chama aquele seu amigo do time mesmo? — Brinquei e ele me abraçou.

— Engraçadinha! — Resmungou me dando um selinho.

— Vamos para a aula? Daqui a pouco o portão fecha. — Chamei e ele levantou me puxando.

Seguimos para o colégio enquanto ele me passava o número dele. Quando chegamos na rua ouvimos alguém chamar por ele.

— Tenho que ir.

— Tudo bem, até depois. — Falei continuando andando e de repente ele puxou minha mão.

— Espera! É sério que você está interessada em algum amigo meu? — Perguntou sério e eu franzi a testa.

— Você fica uma graça preocupado, jovem desprotegido e frágil. — Ironizei e ele semicerrou os olhos.

— Ah, menina!

Eu apenas ri e entrei no colégio. Chegando na minha sala me deparei com a dupla dinâmica: — Ora, ora, Evelyn, você percebeu como a monstrinha anda toda felizinha? — A projeto de tomate seco da Bárbara falou como se eu não estivesse ouvindo.

— Já sim, ela ultimamente está sempre fazendo careta, ops, quer dizer, sorrindo.

Todos riram, bando de idiotas. Eu sorri também, já se foi o tempo em que eu me importava com coisas do tipo e saía correndo feito boba.

— Fiona, por que você não compartilha com a gente sobre o motivo dessa sua felicidade? — Evelyn provocou.

Permaneci calada olhando para sua cara de pau. — Então, por que você está sorrindo, coisinha? — Bárbara insistiu curiosa.

— É que ultimamente vocês vivem latindo, ops, me perguntando coisas, interessadas na minha vida. — Retruquei e Evelyn veio feito uma louca em minha direção e a Bárbara a segurou

— Calma, Evelyn! Não vale a pena, mais uma advertência e você terá problemas com a diretoria, esqueceu? E quanto à você Fiona, não nos interessamos com sua vidinha sem graça. — Bárbara apontou o seu indicador em minha direção.

— Pois não é minha vida que parece estar sem graça, pelo menos não fico tentando saber sobre a vida dos outros. — Rebati prontamente.

"Uuuuhhh, toma suas magrelas" —gritou meu cérebro todo animado.

— Olha aqui garota... — Antes da chata da minha cunhadinha falar alguma coisa ou tentar um homicídio contra minha pessoa, a professora chegou apaziguando a situação. Salva pelo gongo, hehe!

No intervalo elas me olharam com deboche, segui para a biblioteca e peguei um livro do John Green. Depois voltei para sala e tivemos um teste surpresa de química, quem terminava já podia ir embora. Fui a primeira a sair, toda saltitante feito um coelhinho serelepe.

Ah o amor...

O Diário De Uma Garota "Feia"Onde histórias criam vida. Descubra agora