Capítulo 14

1.1K 170 27
                                    

01/03/2013

Prezado diário,
Hoje é sexta-feira! Yes!!! Tá, chega de exclamações, você já deve ter percebido que aconteceram coisas, né?! Nem te conto, aliás conto sim. Senta que vem coisa. Hoje quando cheguei no colégio não encontrei meu príncipe, fui para sala e me sentei no meu cantinho. Enquanto fingia que prestava atenção na aula havia um bando de borboletas malucas dançando cancan na minha barriga. Ai, essa sensação tão gostosa e ao mesmo tempo tão estranha de gostar de alguém... Estava trançando meus cachos super armados quando me dei conta que todos estavam me olhando.

— Então, Thalita, em que planeta você está? — Minha professora perguntou me olhando por cima dos óculos.

O-Oi? Desculpa, professora! — Me apressei em dizer.

Então ela continuou com sua aula potencialmente chata e eu continuei em outro planeta, no planeta Caio mais especificamente, hihi.

No intervalo também não encontrei com ele, comecei a me sentir frustrada, afinal depois do que aconteceu no dia anterior eu estava super a fim de encontrá-lo. Daí o tempo passou como uma tartaruga com cãibra, e no final do quarto horário fui ao banheiro feminino que é ao lado do masculino. Enquanto eu andava tive a sensação de estar sendo perseguida, me senti naqueles filmes policiais, hihi. Ao sair do banheiro, passei em frente ao masculino e fui puxada para dentro dele. Assim, do nada. Quase morri de susto! Comecei a gritar feito uma louca, então uma mão tapou minha boca, enquanto a outra me empurrava banheiro à dentro, no calor do momento eu mordi o dedo alheio, demorei a entender do que se tratava:

AAAAAIII, Thalita, essa doeu, poxa! — O meu príncipe tirou a mão e começou a balançar ela com os olhos arregalados.

— Ai meu Deus, desculpa! Mas quando eu iria imaginar que fosse você o meu sequestrador? Você está bem? Machucou? — Peguei a mão dele pra olhar.

— Tá, já passou, desculpe pelo susto! — Ele fez uma careta esfregando a mão.

— Susto mesmo, afinal estou aqui passando tranquilamente após fazer xi... Er.. Quer dizer, por que me puxou pra cá? — Perguntei confusa. Ele olhou para os lados e me empurrou para dentro de uma cabine. — Ei, o que está fazendo? Eu entendo que ninguém quer ser visto com uma garota feia, mas você já está exagerando. — Ironizei e ele me olhou incrédulo.

— Pelo amor de Deus, não é nada disso! É só que estamos matando aula e estamos juntos no banheiro masculino. Tem noção do quão problemático será se nos pegarem aqui?

— Eu nem sei porquê estamos aqui.

— Shiiiu Thalita, fala baixo senão vão nos ouvir. — Ele abriu a porta e sondou se estávamos sozinhos.

— Tá,  já entendi, agora posso ter a honra de saber o porquê de você me arrastar para cá? — Cruzei os braços, já sentindo uma certa falta de ar pela cabine apertada.

— Bom, eu quero falar sobre ontem, você me beijou e saiu correndo... — Abaixei a cabeça, acho que foi "meio" ridículo o fato de eu ter saído correndo.

— Que lugar romântico para se falar do meu primeiro beijo. — Comentei olhando que na porta não tinha nada escrito, ao contrário do banheiro feminino que tem um monte de besteirol, do tipo fulana é uma pu&@... Mas no banheiro deles não tem nada disso.

— Então era mesmo seu primeiro beijo? Eu desconfiei. — Falou e eu arregalei os olhos. — Não pelos motivos que você está imaginando.  Olha, eu sei que aqui não é o melhor lugar pra falar sobre isso, mas só quero entender o que aconteceu.

— Nada demais. Eu te beijei. — Sussurei sentindo minhas bochechas se pintarem de sol poente da bandeira do Japão. Ele sorriu sensualmente:

— Isso eu sei, o que eu não entendi foi por que você me escolheu para ser seu primeiro beijo. E por que você correu depois? Você se arrependeu? Foi isso?

Eu? Me arrepender? Ó coitado! Tá aí uma coisa que nunca irei me arrepender na vida. Pelo contrário, quando eu morrer faço questão que coloquem na minha lápide: "Aqui jaz amada filha, amiga e beijou o Caio."

— Não foi isso, eu só não sabia qual seria sua reação. — Ajeitei meus óculos sem jeito.

— Minha reação? — Ele ergueu a sobrancelha.

— Sim, caso você ficasse bravo comigo... — Ele me interrompeu:

— Eu te beijei também. Não tinha porquê eu ficar bravo, eu adorei a surpresa.

Eu caí sentada sobre a tampa da privada. — Vo-vo-você a-adorou?

Espero que alguém leia meu diário o quanto antes para escrever logo a minha lápide, pois de hoje eu provavelmente não passo.

— Claro, eu só não esperava por isso.

UAU, ele adorou! Fiquei paralisada, escutamos um barulho então ele fez sinal pra eu ficar quieta, coloquei meus pés para cima, quando a pessoa saiu do banheiro foi a nossa deixa.

— Continuamos depois? — Ele me ajudou a levantar.

— O beijo?

— Essa conversa. — Ele respondeu rindo. — Mas nada nos impede de continuarmos o beijo também. — Falou ficando sério e eu engoli em seco.

Eu apenas assenti sem conseguir articular nenhuma palavra.

Saímos da cabine, e na porta ele me puxou e me abraçou forte. — Até depois, pequena!

Ai papai! Ai papai, socorro! Eu não podia sequer levantar o braço, pois era bem capaz de Deus me levar, já que até a minha alma estava prestes a falecer.

— A-até! — Gaguejei.

Tentei andar o mais normal que eu pude e voltei pra sala.

— Ora, ora Thalita, você está com algum desarranjo intestinal? Porque pela demora... — Ironizou o professor.

Preciso dizer que todos riram? Mas dessa vez até eu ri. — Desculpa! — Me limitei a dizer, sentei no meu canto e senti os olhares curiosos de todos, principalmente da dupla Evelyn e Bárbara, pelo sorriso que não saía dos meus lábios.

A-D-O-R-O!!!

O Diário De Uma Garota "Feia"Onde histórias criam vida. Descubra agora