Capítulo 10

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25/02/2013

Querido diário,
Estou chocada, arrasada, decepcionada e qualquer outra palavra terminada em -ada, que signifique que o meu estado psicológico esteja completamente destruído. Isso mesmo. Destruída acaba com -ida, mas também serve. Acredita que hoje quando cheguei na escola dei de cara com a Bárbara e o meu príncipe BEIJANDO NA BOCA?
Sim, nem eu acreditei. Ele estava com uma mão no rosto dela e ela com as patas enganchadas no pescoço dele. Se beijavam com violência. Me senti a "Maísa" pois o "MEU MUNDO CAIU."

Mas como assim, ele fala coisas lindas para mim em uma semana e beija esse projeto de tomate seco na outra? Aaaaah que ódiooo! Fiquei paralisada olhando aquela troca nojenta de saliva. Argh. Eu odeio essa garota. E também odeio ele. Ele deixou de ser príncipe oficialmente. Agora foi rebaixado para um sapo. Tentei não demonstrar nenhuma emoção, porém foi uma missão praticamente impossível.

Então eles finalmente se afastaram, ela sorrindo enquanto limpava a boca dele que estava manchada com seu batom rosa claro, ultra chique da embalagem com strass que ela faz questão de ostentar. Ele estava sério, tirou as mãos dela e se afastou. Bem nesse instante ele me viu, seus olhos negros me encararam por um tempo e eu saí andando. Pouco depois ele veio na minha direção.

Thalita, tudo bem com você? — Perguntou e eu revirei os olhos. Continuei andando, pisando firme no chão e fingindo que não tinha escutado nada.

Ele então andou mais rápido e parou na minha frente: — Ei, você não está está me ouvindo? — Eu parei bruscamente, meio cantando pneu e respirei fundo. Ele me olhou alarmado. — Você está chorando?

— Não, imagina. Estou lavando meus olhos de dentro pra fora. — Me recordei do Chaves. Percebi um esboço de sorriso nos lábios dele agora molhados pela baba daquela vaca. ECA!

— Por que está chorando?

— Porque sou uma idiota que fantasia coisas que nunca irão acontecer. Agora diz logo o que você quer comigo para eu poder ir para a minha aula em paz!

— Ei, calma! Primeiro que nunca é muito tempo. E segundo que eu só... Deixa para lá.

— Começou agora termina.

— Não é nada importante. — Ele falou parecendo desapontado e eu sequei minhas lágrimas.

— Você não pode deixar uma virginiana curiosa. Anda, termine o assunto. — Exigi e ele sorriu fraco.

— Eu só... Queria conversar com você, mas não pode ser aqui. Tem muita gente. — Ele contou olhando para os lados com as mãos no bolso. Eu me aproximei dele e perguntei bem alto:

— Está com medo de ser visto com a Fiona?

Ele ficou vermelho, algumas pessoas nos olharam. — Não é nada disso, é só que... — Ele me encarou e pareceu desistir do assunto. — Deixa para lá, te encontro depois.

Ele saiu quase fugindo. Afinal, qual é a desse cara?

Não tive tempo de pensar muito, pois o sinal bateu e fomos todos para nossas respectivas salas.
Bárbara passou a aula inteira me mostrando seus caninos, se sentindo vitoriosa. E ela era mesmo. Também era óbvio que eu não tinha a mínima chance. Já estava mais do que na hora de aceitar esse triste fato.

Na aula de português tinha que identificar as figuras de linguagens de algumas frases da apostila como: pleonasmo, antítese, ironia, metáfora e etc. Porém na minha vida tudo se resumia à ironia. Uma GRANDE ironia.
Então o sinal bateu e todos saíram, permaneci sentada, cansada de andar em círculos. Me sentia uma barata tonta. Recolhi meu material e segui de cabeça baixa. Ao chegar próximo ao portão vi a Bárbara se jogar para cima do Caio novamente e os dois se beijarem mais uma vez. R.I.D.I.C.U.L.A, gritei mentalmente.

Passei por eles e segui meu caminho solitário até em casa. Não quero ir pra aula amanhã, não quero ver eles grudados. Ele era mesmo um príncipe ou eu que sempre fui uma rã? COACH. Bom independente do que seja eu nunca mais vou falar com o Caio novamente na vida.

O Diário De Uma Garota "Feia"Onde histórias criam vida. Descubra agora