Capítulo 27

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01/04/2013

Caro diário,
Hoje é segunda-feira. E a preguiça chegou com tudo, me abraçando e me tentando a não me levantar da minha caminha. Sabe, eu poderia dormir três séculos seguidos sem problemas. Os ursos hibernam, sorte deles que podem fazer isso. Eu também hibernaria tranquilamente.
Mudando de assunto, já estamos em abril. Nossa como passou rápido. Me lembro como se fosse ontem dos fogos de artifícios do ano novo estourando feito pipocas fashion cintilantes. Lembro também da minha listinha que você já conhece para esse ano, que fiz com tanto empenho. Lembro das setes ondas imaginárias que eu pulei para dar sorte, já que curiosamente eu não fui à praia, mas pulei as ondas mesmo assim.

Ai diário, sei que estou em falta com você. Mil desculpas! Porém está tudo tão corrido ultimamente. Estou numa ansiedade monstruosa que você nem imagina. Está super próximo do aniversário do meu amor. E minha sogrinha está preparando tudo. TUDO! Então já deu para imaginar como estou, né?! Praticamente em pânico.

Ela está cheia de mimimi com essa festa. Ou seja, a frescura reinará totalmente. Ela decidiu que será mesmo no salão de festa chiquérrimo do centro da cidade. Já estou sofrendo por antecedência com o que terei que encarar. Céus, estou perdida!!! Imagina eu Thalita-não-pertenço-à-este-mundinho-bobo junto com todos aqueles me-inveje-sou-lindo(a)-e-superior-à-você. Óbvio que não irá dar certo. Está estampado para quem quiser ver, com letras garrafais e em neon numa placa dançando frevo.

Estou com um medo tremendo. Mal durmo e comer então está muito complicado, deu para ver que a coisa está brava mesmo, né?! Tenho pesadelos com as prováveis represálias. Por isso não tenho tido ânimo de te contar as coisas.
Esses últimos dias têm sido tensos. Em resumo está tudo na mesma, está tudo bem com meu príncipe, nosso namoro está de vento em polpa. E está tudo péssimo com meu trio preferido de recalque: naja-mãe, naja-filha e naja-tomate-seco. Aff essas chatas! Não param de me encher.

E por falar nelas, nem te conto o que rolou com a Evelyn hoje. Estávamos no intervalo quando percebi ela tentando disfarçar os olhares para o Jonas. Olha acertei o nome dele de primeira dessa vez!! Então continuando, sabe, dei uma reparadinha básica nele, e acho que descobri o porquê dela está a fim dele, pois ele está sempre todo trabalhado no sorrisão. Tá, ele ainda é estranho, porém eu sou a pessoa menos indicada para falar disso, hihi.

Sentei próximo ao pátio, e vi ele com sua blusa do sistema solar enquanto ria com seus amigos, rindo de algo muito engraçado, pelo que parecia.

Imagina esse casal? Improvável, não?
Eu continuava pensando nisso quando ele veio na minha direção. — Perdeu alguma coisa? — Perguntou se abaixando perto de mim.

— Por quê? — Não entendi a pergunta.

— Ora, você está me encarando já faz um tempo fazendo expressões esquisitas aí. — Riu de lado.

— Você está na minha frente, como quer que eu não te olhe? — Tentei despistar e ele continuou desconfiado.

— Não é o que parece. Olha, eu sei que sou irresistível, mas acho que seu namorado não iria gostar do seu interesse em mim, então é melhor você se controlar, ok?

O QUÊ? Cada coisa...

— Há-há, até parece. — Ironizei levemente irritada.

— Até parece mesmo, jamais daria uma chance para uma garota estranha feito você. — Falou convicto e eu sorri debochada.

— Já ouviu falar de um ditado que é assim: o sujo falando do mal lavado? Pois é. — Zombei e ele gargalhou e então sentou ao meu lado.

— Aí essa foi ótima! Eu sei, não sou nenhum exemplo de "bom partido." — Fez aspas com os dedos.

— Ainda bem que você sabe. — Ri também.

— Sabe, eu estou cometendo o mesmo erro que você. — Contou e eu o olhei espantada.

— Do que está falando? — Perguntei e ele olhou em volta e abaixou o tom de voz.

— Sobre você gostar do Caio. Eu também caí nessa roubada de... — Nem deixei ele terminar.

— Uou, espera aí! Não tenho nada contra isso, mas querer tomar o meu namorado é sacanagem. Eu custei a conseguir ficar com o Caio, arrume outro para você. — Falei nervosa e ele ergueu a sobrancelha.

— Como é?

— Não está na cara? Ora, você está dizendo que está gostando do meu namorado, e... — Ele gargalhou que se ouvia a quilômetros. Atraindo a atenção dos desocupados de plantão.
— Ei, qual é a graça? — Fiquei brava.

— Eu não disse que estou gostando do seu namorado, eu estava tentando dizer que assim como você eu estou a fim de alguém que não pertence ao meu mundo. — Explicou em um tom mais baixo.

— Ah, tá. Foi mal, entendi errado. — Falei sem jeito.

— Sem problemas. — Balançou a cabeça ainda rindo.

— Tá, mas se você não está a fim do meu namorado, de quem você está? — Questionei curiosa e ele me encarou por um tempo.

— Deixa baixo?

— Mas eu não tinha intenção de me levantar. — Respondi e ele olhou confuso. — Estou brincando, pode falar. — Ri irônica e ele revirou os olhos.

— Há-há, muita engraçadinha! Eu estou a fim de entrar na mesma família que você entrou.

— Você quer dizer que... — Ele me interrompeu.

— Isso mesmo. Evelyn. A garota mais linda e mais esnobe da escola me tem nas mãos. — Assumiu sem jeito. Nossa que babado fortíssimo!!!

— Sério? Estou de cara. — Vibrei animada e ele sorriu desanimado.

— Eu sei, não tenho a mínima chance.

Na verdade tem sim, porém eu que não vou me dedurar sobre como descobri isso.

— Como pode ter tanta certeza? Tudo pode acontecer. Olha o meu exemplo. — Sugeri sutilmente e ele ficou pensativo. O sinal bateu e ele levantou e me ajudou a levantar.

— Eu não tenho esse tipo de sorte.

Você que pensa, tive vontade de falar, mas me segurei firmemente.
Fomos para a sala. E o resto da aula foi insuportavelmente chata como uma segunda-feira que se preze.
Sabe diário, estava aqui pensando, será que se minha cunhadinha estivesse ocupada com um namorado ela me deixaria em paz? Huuum... Interessante! Acho que acabei de ter uma ideia fabulosa!

O Diário De Uma Garota "Feia"Onde histórias criam vida. Descubra agora