Capítulo 33

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01/05/2013

Prezado diário,
Hoje começou a missão para juntar a Evelyn e o Jonas. Até Alice resolveu nos ajudar nessa aventura. Então nós duas, com nossas flechas de aspirantes a cupidos, colocamos em ação nosso plano "infalível":

#Missão número 1_ O encanto da naja:

Chegamos e preparamos o local do crime, digo, do Love. Fiz o Jonas ir ao shopping e comprar um presente para a Evelyn. Dei 'N' dicas, mas ele disse que já sabia o que iria comprar. Espero que saiba mesmo. Então combinamos o seguinte: curiosamente eu iria ser a isca. Eu sei, eu sei. Isso é realmente perigoso. Porém o fato dela ser uma naja me dá uma certa vantagem vitalícia: se eu tocar a flauta ela irá se encantar e dançar para fora do cesto.

• Plano: Ser amigável: √
• Problema: ser picada e morrer envenenada: X
• Solução: não cutucar cobra com vara curta: X
• E uma pequena observação: quem teve essa droga de ideia? Putz, foi eu... Então esquece: √

Ouvimos o sonoro e insuportável toque que indicava o fim das aulas e nos olhamos sugestivamente. Com uma piscadela sincronizada entramos em ação. Então fiz um sinal da cruz e fui em direção a sala.

Que os jogos comecem!!!

Fui toda desconfiada - leia amedrontada - de encontro ao ninho de serpentes. Cheguei na maior cara de pau e sorri para a dupla dinâmica que me olhou com uma expressão onde beirava o "Como você ousa nos dirigir a palavra?"

Ok. O sorriso falhou, então foi a vez das palavras entrarem em jogo. Mas claro, não as minhas palavras. Eu estendi um bilhete em sua direção e a dona dos perigosos caninos me deixou no vácuo. Coloquei o bilhete no seu colo e fiz a coisa mais sensata que eu poderia fazer: obviamente, correr.

Após alguns segundos me olhando com um ar superior, Evelyn abriu o bilhete que eu não fazia ideia do que continha, porém que Alice depois me contara o que havia escrito, nada mais, nada menos que: "Sobre o lixo orgânico: vocês combinam."

— EU VOU ACABAR COM VOCÊ! — Ela vociferou.

Ótimo! Foi o suficiente para a bela megera indomável me perseguir implacavelmente até a área mais vazia do colégio: adivinhe? Dããã!!! Lógico que você já sabe onde é: a biblioteca.
Entrei e fiquei escondida atrás da prateleira de suspense. Irônico, não?
Então ela veio sorrateiramente balançando o chocalho. Tá, não me julgue. Cascavel e naja estão muito próximas uma da outra. Ou quase.

Bom, o importante é que ela estava ali. E o Jonas também. E o presente também. E eu também. E isso estava muito errado. Não precisava ser nenhum gênio para saber que nessa parte EU NÃO DEVERIA ESTAR ALI. Confirmei isso quando vi Alice fazendo sinal para que eu saísse logo dali.

— Corre! Cuidado! Abaixa! — Entre outras coisas que ela sibilou com os olhos arregalados. Me senti literalmente em um filme de terror. Daqueles que no final a cupido vira farofa com cenoura. E eu odeio cenoura.

Ok. Eu precisava urgentemente sair dali. Então como um bebê que acaba de aprender a arte de engatinhar eu tentei sair de cena ridiculamente. Estava prestes a chegar até a porta, quando percebi uma expressão de espanto da Alice, e do nada apareceram duas pernas finas unidas na minha frente. Ergui o olhar e me deparei com uma louca prestes a me trucidar.

— Oi! — Falei assustada. Em um rápido gesto tentei fugir e ela tentou me seguir. Ela segurou a minha perna e me puxou me fazendo deslizar no chão como um caracol numa pedra.

JONAAAAS! — Gritei, aliás implorei, aliás clamei por ajuda mesmo. Não só dele, como uma ajuda suprema também seria muito bem-vinda. "

Thalita! — Jonas finalmente apareceu e a Evelyn ficou estática, com um grande sorriso o olhando enquanto segurava minha perna. — Solta ela, Evelyn. — Ele mandou e estranhamente ela o obedeceu. Soltando a minha perna sem aviso prévio que se chocou no chão.

— Ai! Essa doeu. — Ele me ajudou a me levantar. — Fui. — Completei me retirando.

— Um momento, onde você pensa que vai? — Evelyn puxou meu braço.

— Deixa ela, Evelyn! Foi eu que pedi que ela te trouxesse aqui. — Jonas entrou na minha frente, tentando me proteger dela.

— Então foi você quem armou tudo isso? — Ela franziu o cenho.

— Sim, eu preciso muito falar com você. — Ele respondeu sincero.

Ela então sorriu e se aproximou dele lentamente. "Prevejo um bote", pensei.

Então ela do nada disse: — Por sua causa eu fiquei com lixo até nas orelhas. Por que eu ouviria algo de você? — Ela perguntou e me olhou furiosa.

— Foi merecido. Você não tinha direito de fazer isso com ela. — Ele fechou a cara.

— Vai ficar defendendo ela agora? — Ela enfiou o indicador no peito dele.

— Ei, eu estou aqui. Sabiam? — Protestei sendo ignorada totalmente.

— Sim, enquanto houver injustiças eu vou defender ela. — Ele sustentou o olhar de ira dela. Ok, ok. Estava na cara que isso não estava seguindo o caminho que deveria.

— Ah, claro! A nobre mocinha indefesa que precisa de advogados... — E o veneno escorria pelos seus lábios.

— Evelyn, eu não acho que... — Ele foi interrompido por alguém que apareceu atrás da gente.

— Posso saber o que fazem aqui? O sinal já bateu. Então vão embora! — Disse um professor de alguma turma do fundamental. Saímos silenciosos e já lá fora Alice se aproximou de nós.

— Então, o que aconteceu? — Ela perguntou curiosa.

— Tudo, menos o planejado. — Respondi chateada. Vi o meu príncipe em meio aos alunos e me despedi dela. Do nada Jonas apareceu ao .eu lado.

— Deu tudo errado! — Ele admitiu derrotado.

— Calma, vamos conseguir. — Eu disse tentando parecer confiante.

— Acha que vale a pena? — Ele me olhou desanimado.

— O que você acha? — Devolvi a pergunta.

— Acho que sim. — Ele sorriu travesso. Nesse momento Caio se aproximou de nós.  — Bom, vou indo. Tchau! — Fiz sinal para ele. — Amanhã? — Ele perguntou.

— Amanhã. — Respondi e ele sorriu indo embora.

— O que tem amanhã, Thalita? — Caio perguntou confuso.

— É que amanhã vamos continuar fazendo o nosso trabalho. — Menti.

— Espero que terminem isso logo. — Ele disse sério e eu sorri. Eita, ciúmes...

Bom, amanhã vamos colocar em prática o plano B. Só tem uma coisa: eu não tenho um plano B. Se bem que... Huum... Tive outra ideia. E essa vai dar certo. Espero!!!

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