Capítulo 23

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15/03/2013

Prezado diário,
Hoje é sexta-feira, FINALMENTE!!! Nossa não aguentava mais, essa semana foi osso. As garotas me encheram o saco o máximo que puderam. Aff! Para você ter ideia, meu saco está maior do que aquele que o papai Noel usa. Isso é um verdadeiro teste de paciência que você nem imagina.

E claro, para fechar a semana com chave de ouro, elas obviamente não poderiam deixar de aprontar. Certo? Certo, infelizmente.
Bom, eu estava super tranquila no meu canto, exalando beleza interior, tentando imensamente prestar atenção na aula, embora quanto mais eu tentava absorver a matéria, mais eu ficava imaginando como deve ser legal dançar ula ula em volta de uma fogueira na praia...

Quando de repente a aula acabou e eu ouvi risadas muito suspeitas. Ao me virar me deparei com a cena mais bizarra de todos os séculos: um moleque alto e excessivamente magro estava simplesmente tentando colocar um sapo de borracha na minha cabeça. Vê se tem base uma coisa dessa? Eu tomei o sapo da mão dele e:

AAAAAHHHH! É UM SAPO DE VERDADE. — Gritei loucamente enquanto sentia aquela pele pegajosa e fria pulsar na minha mão. Todos começaram a rir. Que nojooo! Quase morri. Joguei o sapo para o garoto novamente e ele o pegou no ar. — Qual o seu problema, garoto? — Perguntei irritada. Ele sorriu desengonçado:

— Meu problema? São muitos. Mas não mais do que os seus problemas. — Riu até suas bochechas ficarem vermelhas.

HÁ HÁ, Pensei irritada.

Todos continuaram rindo até sairmos para a quadra, para a aula de educação física. Segui o garoto até o vestiário masculino.

— Ei, ei você está pensando em ir aonde? — Ele me perguntou se virando bruscamente para mim, ele parecia saber o tempo todo que eu estava seguindo ele. E eu me achando a agente 006,5.

— Ora João, júnior ou sei lá o que... — Falei e ele ergueu a sobrancelha.

— É Jonas, e fala logo, o que você quer? — Até parece que ele nem desconfiava do que se tratava.

— Tá, vamos direto ao assunto, quem mandou você fazer aquilo? — Perguntei e ele riu.

— Bom, ela não me pediu segredo mesmo, então dane-se, foi a Evelyn que mandou colocar o sapo nesse ninho aí na sua cabeça. — Riu achando graça.

Estava na cara, né? Claro que a pirralha da minha cunhada tinha que estar por trás disso.

— Então, Jonathan... — Ele me interrompeu.

— É Jonas. — Opa, ato falho.

— Então Jonas, você ainda está com o sapo? — Perguntei e ele me olhou por um instante.

— Claro, Zack  é meu bicho de estimação. — Uou, o que é mais estranho? Um garoto ter um sapo pegajoso de estimação ou o nome desse sapo ser Zack?

— E você me empresta o Zack? — Pedi e ele pegou uma caixa dentro da mochila e tirou aquele bicho de olhos arregalados.

— Toma, mas cuidado com ele. — Me advertiu e entrou no vestiário.

Posso falar? Que nojo, nojo, nojo! Argh... Mas o sacrifício era necessário. Segui até a quadra com o Zack na mão, fui na direção da Evelyn que ria com sua "bff" Bárbara (rindo provavelmente da minha pessoa). Então me aproximei dela.

— Evelyn! — Chamei e ela me olhou, então eu coloquei o sapo dentro da blusa de uniforme de "pintinho" dela. A garota gritou como uma cigarra prestes a estourar, e todos rimos muito. Cheguei até a ficar com a barriga doendo. Ela jogou Zack no chão e saiu correndo (ainda gritando, como se o sapo ainda estivesse grudado nela) para o vestiário. O dono de Zack o "salvou" da histeria das garotas da sala que pularam feito pipocas.

Saí da quadra e encontrei meu príncipe, após contar tudo o que havia acontecido ele deu crise de riso: — Então você colocou o sapo dentro da blusa dela? — Perguntou incrédulo entre risadas.

— Sim e ela gritou e pulou como uma louca. — Imitei a "coreografia" de "Deu a louca na Evelyn". Ou no sapo, tanto faz.

— Não acredito que perdi isso.

Eu recuperei o fôlego aos poucos: — Pensei que você ficaria bravo. — Contei e ele franziu o cenho.

— Bravo? Por quê?

— Ora, ela é sua irmã e tal... — Ele me abraçou ainda rindo.

— Mas só vive aprontando com você, então ela só teve o que merece. — Sorriu todo fofo.

— Pois é, quando ela vai parar de me atormentar? — Perguntei já sabendo a resposta: nunca.

— Amor, não é por falta de conversar, de "desenhar" e até mesmo de brigar com ela. Já pedi até para o meu pai falar com ela, mas não deu em nada. — Ele contou chateado.

— Eu sei,  amor. Vamos ver até onde vai isso. Falei desanimada e ele me beijou, por um instante até esqueci de tudo.

Caio me trouxe aqui em casa e agora estou lendo sobre a tal guerra fria. Em pensar que ainda tenho que fazer esse trabalho com aquelas garotas... Minha cabeça até ferve. Bom, pelo menos ela provou do próprio veneno. Ai diário, você tinha que ver a cena... Foi hilário! Coitado do sapo!

O Diário De Uma Garota "Feia"Onde histórias criam vida. Descubra agora