Capítulo 8

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20/02/2013

Prezado diário,
Você não vai acreditar no que aconteceu hoje, nem eu estou acreditando até agora. Meu príncipe foi até minha sala e pediu para falar comigo. Foi simplesmente surreal! Me levantei como uma top model sem os saltos, sem a magreza, sem a beleza e sem o charme, desfilando na "Fashion Week". Enquanto todos me olhavam curiosos para saber o que ele queria comigo, entretanto ninguém estava mais curiosa que eu. Então fui até ele lá fora fechando a porta atrás de mim, e ele disse: — Olha, desculpa pelas brincadeiras idiotas dos meus amigos ontem, tá?

Diário, minhas pernas acabaram nesse momento, acho que meus neurônios esqueceram de fazer a sinapse e não mandaram a mensagem para minhas pernas resistirem de pé.Para o mundo que eu quero descer — disse o meu cérebro que boiou no líquor. Sério isso?

Abri e fechei os olhos algumas vezes, ei isso realmente estava acontecendo!! Daí eu respondi gaguejando: — Tu-Tudo bem.

Olhei em seus lindos olhos de jabuticaba e ele PEGOU NA MINHA MÃO. Isso mesmo que você ouviu, quer dizer, leu, ele pegou na minha mão e disse: — Não está tudo bem coisa alguma, não é justo que façam isso com você. Sinto muito pela idiotice deles!

Fiquei olhando para nossas mãos juntas, meu coração disparou. Não queria soltar a mão dele nunca mais. Ele me olhou confuso e eu disse: — Tudo bem, já estou acostumada com esse tipo de atitude. Não é a primeira vez que isso acontece. As pessoas tendem à ter essa reação por eu ser como eu... Sou.

Ele soltou a minha mão, eu ainda tentei segurar e ficamos nessa, ele puxando a mão e eu puxando também, como um "cabo de guerra". Então ele conseguiu se soltar de mim e cruzou os braços dizendo: — Você não deveria se acostumar com isso. Não tem nada de errado em você ser quem é. — Encostei na parede para não cair, fiquei o observando e então ele se aproximou lentamente quase me deixando sem ar: — Você foi incrivelmente corajosa e criativa nas repostas. Adorei ver você dar uma lição naqueles idiotas. — Contou sorrindo e eu o olhei confusa.

— Mas são seus amigos.

— São, mas não deixam de ser idiotas. Eles mereceram cada palavra. Na verdade mereciam coisas piores, entretanto você não o fez. Por quê?

— Por que eu não os insultei mais? Simples, porque não adiantaria nada. É como eu já te expliquei, em todos esses anos nessa indústria vital, não é a primeira vez que isso me acontece. — Respondi e ele riu.

— Você acabou de citar Pica-pau?

— Sim. — Abaixei a cabeça sem jeito e ele riu ainda mais e me olhou nos olhos. — Agora você também vai rir de mim? — Perguntei triste e ele pareceu nervoso.

— Jamais. Desculpa se pareceu isso. Não é de você que estou rindo. É só que... Sei lá, você tem alguma coisa que me encanta, sabia?

QUEEEEEEEEEEEEEE? Meu cérebro deu pane geral em todos os sistemas. É como se eu funcionasse à base de uma tomada e alguém tivesse puxado ela desligando tudo.

— E-e-eu te en-encanto? — Minha voz falhou terrivelmente confusa.

Ele me olhou sério e respondeu: — Sim, não sei se é seu jeito atrapalhado, ou por você ser tão pura em seu jeito de encarar as coisas. Eu sei que é estranho, eu nunca abordei ninguém assim, E também nunca me senti tão desconcertado na presença de alguém, não sei o que está havendo comigo.

Eu fechei a cara, extremamente irritada: — Ora, não tem graça isso. — Me virei pra sair e ele segurou meu braço:

— O que não tem graça?

Me afastei dele o máximo que pude:  — Isso que você está fazendo, achei que você fosse diferente, mas pelo visto me enganei, você veio até aqui apenas para brincar com a minha cara e depois rir com seus amigos. Háhá, muito original você. — Acusei e ele ficou paralisado me olhando aparentemente incrédulo.

Fui até a porta para entrar na sala, estava perdendo a aula de geografia e nessa altura nem sabia minha localização no mapa mais.
Caio me seguiu e afirmou: — Eu jamais brincaria com você, não sou esse cara que você está pensando.

— Infelizmente você não é mesmo o cara que eu pensei. — Cuspi as palavras com ódio e ele franziu a testa.

— Como assim?

— Não importa. Acho que já deu por hoje, não é mesmo? Já brincou o suficiente com a garota feia aqui, agora pode ir embora.

— De onde você tirou isso? Ei, espera, volta aqui!

— Eu preciso estudar.

— E eu preciso falar com você. Eu não sei o que eu disse que te irritou tanto, mas desculpa. Eu não quis te ofender de forma alguma. Não quero brincar nem te humilhar. Por favor, confia em mim?

Será que eu devia confiar nele? Sei lá, já vi esse filme antes, e no final quem sai machucada é sempre eu. Ele pareceu sincero. O olhei por um instante e me virei novamente para entrar na sala então ele segurou meu braço mais uma vez: — Me diz seu nome? Só ouço falar de você por aquele apelido horrível.

Meu coração acelerou e eu ponderei por um momento: — Thalita. — Respondi e ele sorriu.

— Eu sou o Caio. — Se apresentou e eu quase ri alto. "Baby, eu sei tudo sobre você, pensei ironicamente." — Thalita, é um belo nome.

Ele segurou minha mão mais uma vez e eu comecei a suar frio. Ai meu Deus, se segura Thalita, respira menina!

Então antes que eu me desmanchasse na frente dele decidi entrar na sala. — Obrigada, agora vou voltar para a aula. — Anunciei e ele voltou a segurar o meu braço.

— Só mais uma coisa: você não é uma garota feia. Você é incrível. Não deixe que comentários de pessoas babacas influenciem o que você pensa sobre si própria.

— Você diz que sou incrível porque não pode dizer que sou bonita. — Ironizei e ele soltou o meu braço.

— Quem disse que não? — Retrucou lançando um lindo sorriso. Senti meu coração tendo taquicardia e entrei como um furacão na sala.

Todos me olhavam atentamente, me sentei no meu lugar e fingi que nada estava acontecendo. Evelyn e Bárbara ficaram me olhando descaradamente a aula todinha. Na hora do intervalo elas vieram até minha mesa me investigar:

— O que meu irmão queria com você? — Evelyn perguntou direta.

— Nada. — Eu respondi ainda incrédula com o que havia acontecido. Então a Bárbara se aproximou me olhando debochada:

— Olha aqui, coisinha, fique sabendo que o Caio já tem dona, tá? — Ela sorriu com seus dentes extremamente enfileirados e brancos.

— Você está namorando com ele? — Perguntei e o seu sorriso perfeito se desfez no mesmo instante.

— Não. — Então se apressou em completar: — Ainda não.

Continuei olhando para elas sem dizer nada, então a Evelyn pegou na mão da amiga e ironizou: — Não se preocupe, Bárbara, isso aí não é uma ameaça para você nem aqui nem na China.

As duas riram alto e saíram de mãos dadas. Eu sorri também. Vocês têm certeza?

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