Find Me - Camren (Concluída)

Sem mais segredos

Los Angeles, 10 de maio de 2019
Depois de uma longa quarta-feira com período integral, Camila chegou em casa antes de seus pais. Ela passou pelo quarto de Sofia brevemente, apenas para vê-la. Entrou no seu quarto e tomou um banho relaxante ou que, pelo menos, deveria ter sido. Os nervos da latina estavam à flor da pele. Contaria hoje para seus pais sobre sua sexualidade e ela não tinha ideia de como sua reação seria, depois de tanto tempo escondendo isso. Ela contaria no jantar, porque acreditava ser o momento ideal. Sofia já sabia, então realmente não teria problema. Ou ela esperava que não tivesse. O pai de Camila chegou do trabalho primeiro e agora, esperavam a mãe da latina para jantarem. Sinu chegou apenas alguns minutos depois do marido, morrendo de fome. Sentaram-se à mesa e passaram a comer, conversando sobre como seu dia havia sido. Quando o silêncio tomou conta do local, Camila acreditou ser a hora perfeita para se abrir. Antes de começar a falar, a latina perdeu o controle e passou a chorar, o que seus pais não deixaram de notar.

-O que aconteceu, Mila? Você está bem? - o pai da garota perguntou.
-Mãe, pai... eu preciso contar uma coisa para vocês que venho escondendo desde sempre. - os dois se entreolharam e focaram novamente na filha. - Eu... eu nunca namorei nenhum daqueles garotos que eu trouxe aqui. Eles eram todos meus amigos que estavam fazendo um favor para mim, porque eu pedi. A verdade é que... eu não gosto de garotos. Eu sou lésbica. Eu sempre me senti culpada por isso e nunca consegui contar. - os olhos dos dois se arregalaram ao ouvir a confissão da filha. Eles nunca haviam desconfiado, porque Camila sempre disfarçou muito bem.
-Meu amor, está tudo bem. - a mãe de Camila disse. - Eu te amo. Eu não sei se vai ser fácil, mas se essa é você, então vou aprender a te amar ainda mais do que amo. Não tem problema nenhum.
-Obrigada, Mama. - a garota disse enquanto observava Alejandro com o cotovelo apoiado na mesa e o rosto sobre a mão, esfregando os olhos com os dedos. - Pai, você não vai dizer nada?
-Eu... eu preciso pensar, Karla.

Ele disse sem se mover. Os olhos de Camila foram preenchidos com ainda mais lágrimas. A mãe da latina a levou para o quarto, seguida por Sofia. As três sentaram na cama da irmã mais velha, enquanto Sinu tentava convencer a filha de que tudo ficaria bem. A criança estava sentada no colo de Camila, abraçando-a, enquanto recebia os dedos de sua irmã em seus cabelos, ondulando-os. A mãe das garotas deixou o quarto depois de perceber que as filhas conversavam sobre outro assunto. Era a maneira como Sofia tentava fazer a cabeça da irmã viajar sobre outro tópico. Sinu foi até seu quarto, encontrando seu marido andando de um lado para o outro, desconfortável. A mulher fechou a porta com irritação.

-Você está louco, Alejandro? Não acredito que disse isso. Precisa pensar?! Em que mundo você vive?
-Você está feliz com isso?
-Claro que não! Mas ela é a minha filha e eu a amo. Ela ser lésbica fez com que você deixasse de amá-la?!
-Óbvio que não. Mas não foi assim que eu planejei nossas vidas.
-Você ainda não aprendeu que as coisas nem sempre saem como planejado? - ela perguntou ironicamente. - Eu sugiro que você vá até Camila e mostre que a ama, independente de tudo. Porque você pode dizer que isso é verdade, mas se não demonstrar, nunca vai ser.

A mulher entrou no banheiro para tomar um banho e deixou o homem com suas falas martelando na cabeça. Alejandro foi forçado a assumir que a esposa estava certa. Ele vestiu seu pijama antes de seguir para o quarto da filha mais velha, com muito receio. Ele não tinha ideia do que diria. A única coisa que o pai de Camila sabia era que havia decepcionado a filha, e isso não poderia ficar assim. Ele havia criado duas meninas incríveis, que viam o mundo como ele realmente é, e que conseguiam respeitar a todos. Com suas diferenças de todos os tipos que devem ser aceitas incondicionalmente. Ele se perguntava como elas eram capazes de ver isso tão facilmente, enquanto ele precisava de ajuda para enxergar. Ele abriu a porta do quarto de Camila, e a encontrou trançando o cabelo da irmã mais nova. Alejandro sorriu com aquela imagem.

-Sofi, eu preciso falar com a Mila. Você se importa de nos deixar sozinhos por um tempo? - a pequena deixou o quarto, e Camila passou a encarar os dedos, enquanto seu pai se aproximava. - Você está bem?
-Estou. Me sinto bem por ter contado.
-Que bom, porque quero que saiba que eu e sua mãe te amamos mais que tudo.
-Eu sei. Obrigada, pai.
-Eu queria me desculpar pelo modo que reagi quando você me contou. É só que... me pegou completamente de surpresa.
-Tudo bem. Vejo que pensar fez bem para você.
-Você não perdoa uma, não é? - a latina fez que não com a cabeça, sorrindo. - Camila, eu sei que apenas nos contou, porque existe uma garota. Estou certo? - ela acenou com a cabeça. - Você vai me contar o nome dela?
-Acho que não seria justo com a mamãe se eu te contar primeiro.
-Se esse é o problema... - o homem levantou da cama e foi até a porta do quarto da filha e gritou o nome da esposa até que ela aparecesse ali. - A Camila disse que só vai me dizer o nome da garota se você estiver junto.
-E a Sofia? - a mãe da latina perguntou.
-Ela já sabe. - os pais encararam a filha mais velha. - Elas até já se conheceram.
-Como assim, Karla? - a mãe da garota deixou um tapinha carinhoso na perna dela.
-Enfim... o nome dela é Lauren, eu a conheci na universidade e estamos namorando já faz 1 mês e 1 semana, exatamente.
-Aquela que veio aqui te buscar?
-Essa mesma. Mas não se preocupem, vou trazê-la aqui em casa algum dia.

Os pais e a latina permaneceram conversando sobre o assunto por mais um tempo. Eles perguntaram de tudo. Como se conheceram, o primeiro encontro, o pedido de namoro. Tudo. Camila agradeceu por eles terem sido abertos e carinhosos. Também foi grata pelo susto e pelos pensamentos ruins envolvendo a aceitação do pai por serem tão curtos. Agora ela sabia que eles estavam de bem com ela. E que o pior já havia passado. Pelo menos o pior desse semestre. O grande bloqueio que se encontrava entre ela e seus pais já havia desaparecido. O muro havia sido derrubado e uma ponte colocada no lugar, assim como Michael havia dito. A primeira coisa em que a latina pensou foi avisar seus amigos e sua namorada que estava bem, mandando mensagens para todos eles. Conseguindo, finalmente, dormir sem nenhuma preocupação.
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Espero que tenham gostado, gente. Obrigada por acompanharem até aqui.
Beijos delusionals, bia💕