Parte I - Capítulo 8

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– Chris! – Laura gritou. – Traz essa sua cabeça careca pra cá, agora!

Descemos pela escada e então saímos da casa. Subitamente recebi o calor do sol na minha pele e um vento fresco soprou, causando um leve arrepio. Como não estava assim tão quente quando chegamos, a primeira coisa que deduzi foi que havíamos passado a noite toda naquele porão, algemados à parede. Respirei o ar da manhã, sentindo uma estranha sensação de alívio dominar o meu corpo – Connor vinha logo atrás, seguido de Willy.

A primeira coisa que percebi ao ver a rua foram as casas construídas de maneira precárias nas calçadas. Muitas paredes eram feitas com placas de aço enquanto as estruturas de sustentação, predominantemente, eram de madeira. Eram extremamente próximas umas das outras, o que dava o aspecto de superpovoamento, mesmo tendo pouquíssimas pessoas ali. Além disso, tinham tamanhos e formas variadas, já que muitos deles haviam se aproveitado das carcaças de alguns veículos de grande porte. Vi crianças correndo pela rua enquanto brincavam e sorriam, completamente alheias do que realmente estava acontecendo.

Adentramos no prédio em frente, que funcionava como um galpão improvisado, onde o metal dos veículos ganhava novas formas e funções.

– Chris! – a voz de Laura ecoou pelo recinto, chamando atenção de todos que trabalhavam ali. – Cadê esse merda?!

Vi alguns balançando a cabeça enquanto leves murmúrios acompanhavam. O cheiro da fundição do metal dominava todo o espaço, deixando o ar um pouco impróprio para inalação, além do forte calor. Voltamos para a rua e então fomos guiados até uma antiga lanchonete de vitrines quebradas que agora possuía tábuas de madeira tampando quase todos os buracos. Logo que entramos, me deparei com um sujeito carrancudo, de olhar severo, que estava sentado atrás da bancada – semelhante a um vendedor.

– Chris está aqui? – Laura indagou.

– Nos fundos. – O homem respondeu com uma voz arrastada e rouca.

Passamos pelo balcão e em seguida por uma porta para então chegarmos a um depósito onde várias armas podiam ser vistas. Haviam alguns rifles presos em suportes nas paredes, algumas pistolas e revólveres soltos sobre uma mesa, espingardas apoiadas no canto e até mesmo arcos e flechas. A resposta inicial de para onde os recursos daquela cidade tinham ido havia sido encontrada e até mesmo justificada. Junto a isso tudo, haviam dois homens conversando debruçados sobre uma mesa mais ao canto, onde vários papéis estavam largados em pilhas isoladas.

Um desses homens, eu notei, era o mesmo sujeito que horas antes havia acompanhado Laura até o porão.

– Aconteceu alguma coisa, Laura? – ele falou, franzindo o olhar para nós.

– Eu que pergunto. – ela retrucou pondo as mãos na cintura. – Viro as costas por dois minutos e você desaparece?!

– Levi havia me chamado, parece que houve um erro na contagem das armas. – respondeu, apontando para o homem logo atrás. – Por causa disso tivemos que checar todo o estoque novamente.

– Sei... E quanto aos morros? Já descobriram se é possível cultivar algo lá?

– Ainda não, chefe, estamos procurando. – Levi respondeu. – Mas estamos com medo de ultrapassarmos os limites da cidade e chamarmos atenção das milícias.

– Certo, não tentem nada idiota. – ela esfregou as mãos e olhou de relance para nós. – Enfim, só vim avisar que você, Chris, vai ficar no comando hoje à noite.

– O quê? – ele retrucou incrédulo. – O que você vai fazer?

– Preciso leva-los para fora da cidade. – completou apontando para nós. – Suas armadilhas continuam ativas, esqueceu?

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