Parte II - Capítulo 21

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– Quem era ele? – indaguei, enquanto acompanhava Virginia do lado de fora do refeitório.

– Ele trabalha com Julia, pode ser considerado seu braço direito. – ela me explicou rapidamente. – O mesmo vale para Ingrid, a mulher com quem vamos conversar.

Contornamos o refeitório e seguimos em direção a um espaço mais afastado, onde alguns veículos estavam estacionados. Parada ao lado de uma caminhonete cinza, enquanto conversava com um trio de homens, estava a mesma mulher desconhecida de antes. Logo que viu nossa aproximação, ela encerrou a conversa e esperou até nos aproximarmos.

– Já tem os grupos definidos? – Virginia foi a primeira a falar.

– Bem... tenho um deles. – Ingrid gesticulou para os homens com quem estava conversando. – Eles faziam a vigia ao redor do nosso acampamento. Vem com a gente?

– Sim e Connor também. – Virginia apontou com o polegar para mim e eu meneei levemente a cabeça.

– Isso é bom, já estava com medo de não ter pessoas o suficiente. – ela abriu a traseira da caminhonete, revelando algumas armas. – Não conseguiremos levar mais do que uma pistola por pessoa, qualquer coisa maior do que isso correrá o risco de ser vista.

– Entendido.

Jordan apareceu vindo pela porta dos fundos, carregando uma mochila que foi colocada na caçamba da caminhonete vizinha.

– Partiremos em alguns instantes. – ele anunciou, tanto para nós quanto para Ingrid. – Julia disse que aguardará cerca de uma hora até enviar o comboio maior e iniciar a invasão.

– Uma hora? – Ingrid franziu o cenho, fechando a traseira da caminhonete. – Espero que seja tempo suficiente.

Dali até a nossa saída não se passou mais do que quarenta minutos – entretanto, para mim, mais se pareceu com duas horas. Sentado no banco traseiro e com a porta do carro aberta, vi pessoas transitando pelo terreno, muitas delas carregando armas. A impressão ali era de guerra e por um mísero momento eu me vi preso ao passado. Balancei a cabeça, tentando afastar aquelas imagens que mais se assemelhavam as de um pesadelo, no mesmo momento em que percebi alguém se aproximando do veículo.

– Sigam logo atrás e tentem manter a velocidade constante, de preferência com os faróis baixos. – Ouvi Jordan falar, provavelmente para alguém do outro grupo. – Iremos parar alguns quilômetros antes do povoado e seguiremos o resto do caminho a pé. Vamos nos espalhar para despistar qualquer estranhamento, mas sigam diretamente para o ponto de encontro.

– Entendido. – o homem respondeu. – Mas e se encontrarmos algum membro da milícia?

– Não reajam, continuem como se conhecessem a região. – Jordan continuou de maneira firme. – Por mais que eles sejam perigosos, não há como saberem de imediato se você é aliado ou inimigo.

– Certo.

Depois disso veio o som de passos na terra úmida, afastando-se em meio ao som das conversas alheias. Alguns minutos depois Ingrid chegou acompanhada de Virginia, que me entregou dois cartuchos para a pistola, e nós partimos. Conforme nos afastávamos do acampamento, senti um arrepio percorrer meu corpo, mesmo que o clima não estivesse propenso para o frio, naquele momento. Olhar pela janela acabou se tornando meu passatempo favorito durante o trajeto, já que o interior do veículo era dominado completamente pelo silêncio.

Vi as árvores diminuírem de quantidade até se serem vistas em pontos isolados do horizonte. A estrada passou de lamacenta para asfalto e em seguida para terra batida, deixando um rastro de poeira fina no ar. Haviam poucas nuvens no céu, o que permitiu que a lua brilhasse forte, acompanhada de algumas estrelas. Passamos sobre uma ponte de madeira sustentada por colunas de concreto, que aparentava estar ali há muitos anos.

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