Parte VI - Capítulo 50

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Estando em um quarto praticamente vazio, percebi que uma cama simples podia ser a melhor das companhias. Com minhas opções reduzidas a quase nada, tomei um banho e passei as horas seguintes deitada, tentando imaginar o que estaria acontecendo com Connor e Willy no refúgio. Quando suas imagens surgiram em minha mente, não pude deixar de sentir um aperto no coração por tê-los deixado daquela forma.

Em algum momento devo ter caído no sono por conta do cansaço, pois quando abri os olhos novamente a militar que havia me acompanhado do porto até ali estava parada na porta, ao lado da médica. Ao que parecia os resultados dos exames já haviam saído, ou eles simplesmente decidiram que eu não merecia mais ficar sozinha dentro daquele quarto.

– Bom dia. – Michelle saudou com um sorriso.

– Já é de manhã? – franzi um pouco o cenho enquanto sentava.

– Você perde um pouco a noção do tempo aqui dentro, mas sim, já é de manhã e eu tenho os resultados dos seus exames. – ela gesticulou para os papeis que segurava e começou a falar. – Seu sangue mostrava carência em alguns nutrientes e vitaminas, mas isso se deve, certamente, à dieta que você teve durante os últimos meses. Além disso, não detectamos nenhum tipo de enfermidade ou contaminação em seu organismo.

– Mesmo eu tendo passado por Indiana?

– De fato Indiana foi um dos epicentros durante a Guerra, mas nenhum armamento nuclear foi usado nos ataques. – a militar informou de maneira breve. – Aquela região não passa de um grande amontoado de concreto, hoje em dia.

– Entretanto, essa certeza não era a mesma em relação as outras regiões. – a médica completou. – Por isso lhe fiz aquelas perguntas e também submetemos o seu sangue a alguns testes. Todos tiveram resultados negativos, o que nos surpreendeu. Você teve bastante sorte.

– Então posso entrar em Nova Luz? – indaguei um pouco tímida.

– Isso nos leva ao próximo ponto. Usamos a amostra de sangue para fazer uma busca no banco de dados do assentamento e encontramos alguém que partilha de semelhanças genéticas muito fortes. – ela continuou enquanto abaixava os papéis. – E você será levada até essa pessoa, que atualmente vive no setor leste.

Uma chama de esperança se acendeu dentro de mim naquele momento. Após essa conversa, fui retirada do quarto e levada até uma saleta quadrada, onde havia apenas uma mesa no centro. Passei por uma revista e fui instruída a esvaziar lentamente a mochila que mantive fechada durante todo aquele tempo. Enquanto retirava as peças de roupa uma a uma, meus dedos esbarram em algo frio e rígido, mas que parecia ser pequeno. Puxei o artefato para fora e arquejei com surpresa ao ver que se tratava do cordão de Connor.

Ele o havia colocado enquanto arrumava a mochila.

– Idiota. – sussurrei enquanto fechava a mão ao redor da pedra amarelada.

– Algum problema? – o soldado atrás de mim indagou de maneira séria.

– Nenhum. – falei e então coloquei o cordão no bolso da calça.

Após catalogarem e analisarem todo o conteúdo da minha bolsa, fui autorizada a guardar tudo de volta e sair da saleta. Fui acompanhada por uma dupla de soldados até o lado de fora do prédio e em seguida guiada até onde um carro estava parado. A neve no chão não estava tão alta, o que permitia uma caminhada sem muitos problemas. Depois que entrei, o veículo avançou pela rua até uma região da cidade cuja a presença de prédios altos não era tanta. O tamanho das casas era reduzido e muitas delas até apresentavam um número alto de moradores.

O carro dobrou a esquina e seguiu em linha reta por quase toda a extensão do asfalto por cerca de vinte minutos, até que diminuiu a velocidade e parou em frente a uma casa de madeira, cuja as paredes eram revestidas externamente por placas finas de metal enferrujado. Estava claro que aquele era o meu destino, mas a residência em si não parecia ter um morador. Engoli em seco e desci do carro, fechando a porta com força em seguida. A neve se acumulava perto da cerca de madeira, mas havia um caminho feito com sal que levava até a entrada.

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