Acordei no dia seguinte com um estrondo vindo do andar de baixo. Não foi exatamente muito alto, mas foi capaz de me acordar do sono. Esfreguei os olhos, sentei na cama e comecei a me vestir enquanto a dúvida sobre o que estava acontecendo pairava em minha mente. Olhei por sobre o ombro, percebendo que Connor continuava a dormir apesar de tudo, com os lençóis o cobrindo apenas da cintura para baixo. Calcei os sapatos e fiquei de pé, depois caminhei para fora do quarto, tendo cuidado em fechar a porta. Ainda ponderei se seria prudente chamar Willy, mas provavelmente isso acarretaria em acordar Connor também, então deixei para lá.
Desci as escadas e encontrei a sala vazia, o que me fez supor que o ruído certamente viera da garagem. Ao passar em frente a um dos sofás velhos, notei que Marcus estava deitado lá, com a cabeça apoiada em uma das almofadas. Abri a porta da garagem e encontrei Nicholas debruçado sobre o motor da caminhonete enquanto mexia com uma ferramenta lá dentro. Ele ajeitou a postura e franziu o cenho, depois balançou a cabeça de maneira negativa e virou em direção da porta – parando de súbito ao me ver. Engoli em seco, me sentindo um pouco desconfortável por ter sido pega no flagra, enquanto ele gesticulava algo em linguagem de sinais.
Deve ter percebido a minha expressão de confusão, pois depois disso começou a falar de maneira pausada novamente.
– Acordei... você?
Balancei positivamente a cabeça.
– Desculpe... – ele falou, passando por mim e se dirigindo para a cozinha. No trajeto, passou pela sala de estar e bateu na cabeça de Marcus, fazendo-o acordar de maneira súbita.
Inspirei fundo e caminhei até a minha bolsa, onde decidi verificar o quanto de provisões ainda haviam guardadas ali. No fim das contas, constatei que a comida só daria para mais alguns dias, isso se eu soubesse organizá-la da maneira apropriada. Marcus levantou do sofá e semicerrou os olhos na minha direção, franzindo levemente o cenho em seguida.
– Elise? Por que está acordada tão cedo? – falou, passando uma das mãos pelo rosto. – Ou eu dormi demais?
– Não, eu acabei acordando por causa de uns barulhos.
– Sério? Acho que acabei apagando feito uma pedra.
Nicholas apareceu na porta, descartando os restos de uma fruta que não consegui identificar, e gesticulou algo em linguagem de sinais para Marcus.
– Sério mesmo? Nenhuma serve? – ele retrucou na mesma linguagem, mas pronunciou as palavras para que eu pudesse ouvi-las, vendo o outro balançar a cabeça negativamente. – Bem, isso é chato pra caramba.
– O que foi? – indaguei, olhando de um para o outro.
– Nicholas tentou dar partida na caminhonete de vocês algumas vezes e nada aconteceu. – Marcus me explicou e eu automaticamente relembrei dos ruídos que fizeram com que eu acordasse. – Parece que algumas peças foram danificadas por causa da batida e as que nós temos sobrando aqui estão velhas demais. Podem ser ainda mais problemáticas.
– Sério? – deixei um suspiro de frustração escapar.
– Calma, não deve ser algo tão complicado. – ele abriu os braços e deu de ombros. – Sei onde posso conseguir algumas peças em bom estado, se for necessário.
– E isso vai levar muito tempo?
– Podemos ir depois que eu comer algo, só que antes eu preciso verificar quais peças quebraram. – ele retrucou pondo uma mecha do cabelo atrás da orelha e só então eu percebi que eles estavam soltos. – Mas não se preocupe, vamos consertar a caminhonete.
Assenti levemente e subi as escadas, dessa vez retornando para o quarto de hóspedes. Connor estava sentado na beirada da cama, enquanto calçava os sapatos. Ele ergueu o olhar ao ouvir a porta sendo aberta, sorriu quando percebeu que era eu e depois de ficou de pé.
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Terminal 25
RomanceEm um mundo destruído pela Guerra, onde não há leis ou governo, o que sobrou da humanidade enfrenta a dura realidade de estar à mercê da sorte. Diante das dificuldades e do perigo, todos almejam ir para Nova Luz, a procura de uma vida melhor. Após a...