Quando a noite caiu, eu não me vi capaz de dormir. Depois de mais de duas horas deitada, rolando de um lado para o outro e encarando o teto, enfim consegui cair em um sono conturbado e extremamente breve. Passei o dia seguinte inteiro com uma sensação de cansaço e até mesmo abatimento, que se refletia no meu modo de agir. Foi difícil deixar minha mente ocupada, mas de alguma forma eu consegui fazê-lo durante todo o dia. A tarde estava pela metade quando eu fui visitar Malick, que apresentou uma recuperação bastante avançada, pelo menos para quem havia recobrado a consciência a um dia apenas.
Ao entrar no quarto, flagrei-o andando de um lado para outro, ao redor da cama.
– Parece estar cheio de energia hoje. – comentei, fechando a porta atrás de mim.
– Estou cansado de ficar deitado, então achei melhor me mover um pouco. – ele respondeu e então se sentou na cama. – Não quis exagerar, já que o ferimento ainda não está fechado.
– Fez bem em considerar isso, mas acho que ainda é muito cedo para você se mover dessa forma.
– Quero está pronto para quando fomos partir. – Malick informou, permitindo que eu analisasse o curativo. – Ouvi Arthur comentar com Erica que iríamos partir em breve.
– Bem, então compartilho do mesmo sentimento. – murmurei, vendo-o inclinar ligeiramente a cabeça para o lado. – Também estou pensando em partir logo mais.
– Não virá conosco?
– Infelizmente não, meu objetivo e o de Arthur são muito diferentes. Acabaríamos atrapalhando um ao outro.
– Entendo. – Malick assentiu, aparentemente compreendendo. – Nesse caso, só me resta agradecer pela sua ajuda.
– Não precisa de tudo isso. – abanei uma das mãos de maneira casual.
– Ah, preciso sim. – ele cruzou os braços sobre o peito. – Você aceitou cuidar de um completo estranho, apesar das ameaças. Se não fosse por isso, provavelmente eu já estaria morto.
Balancei a cabeça, desistindo de tentar convencê-lo do contrário. Sai do quarto pouco tempo depois e retornei para o apartamento provisório, onde tomei um banho rápido e em seguida esvaziei a última lata de comida que havia em minha mochila. Além dela, ainda restavam algumas provisões que durariam, no máximo, uma semana.
– Teremos que ir atrás de comida, cedo ou tarde. – resmunguei enquanto fechava a mochila. – Connor?
– Um momento. – a porta do banheiro foi aberta e ele saiu, ainda com os cabelos molhados. – O que foi?
– Tudo bem se partirmos? – indaguei, vendo-o arquear uma das sobrancelhas.
– Acho que sim, mas tem certeza? – Connor retrucou e passou uma das mãos pelos cabelos, jogando-os para trás. – Não quer deixar para amanhã? Pelos menos organizamos as coisas com mais cautela.
– Queria ir o mais rápido possível. – informei, relembrando a conversa com Arthur. – Mas acho que posso esperar.
– Estou apenas sugerindo. – ele se defendeu e então vestiu a camisa. – Por segurança.
– Como se estivéssemos mais seguros por estarmos aqui. – balancei a cabeça enquanto caminhava até a janela e depois abraçava o próprio tronco. – Eu queria que as coisas fossem mais fáceis.
Ouvi os passos se aproximarem e então seus braços rodearam minha cintura. Connor beijou minha cabeça, fazendo com que algumas gotas d'água caíssem em mim. Toquei levemente sua mão e entrelacei os dedos. Momentos como aquele me deixavam mais tranquila, permitindo que eu esquecesse todos os meus problemas por apenas alguns instantes.
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Terminal 25
RomanceEm um mundo destruído pela Guerra, onde não há leis ou governo, o que sobrou da humanidade enfrenta a dura realidade de estar à mercê da sorte. Diante das dificuldades e do perigo, todos almejam ir para Nova Luz, a procura de uma vida melhor. Após a...