Parte II - Capítulo 15

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Era impressionante o quão fria aquela área da floresta ficava a noite. Logo que saímos da casa de Alex, fui recebido por um vento gelado que me fez estremecer e imediatamente trinquei os dentes. A visibilidade havia caído consideravelmente e uma neblina singela começava a ser vista, deixando as árvores ao redor com um aspecto mais sombrio. Luzes amareladas oriundas de lamparinas se destacavam, iluminando um pouco o nosso trajeto pela trilha.

Virginia me guiou até uma área nova, dominada por cercados de madeira grossa, onde alguns animais e plantas eram mantidos em espaços separados. Logo que nos aproximamos de uma das cercas, vi cerca de vinte animais, divididos entre galinhas, porcos e algumas cabras. Continuamos por mais alguns minutos pela estradinha, terminando em uma via maior, feita de terra batida – um pouco mais rígida daquela usada na trilha dentro da floresta. Encontramos uma caminhonete cinza, de capô levemente amassado e portas arranhadas, parada no que deveria ser um protótipo de acostamento. Ao lado, estavam Oliver e um sujeito que presumi ser Corey.

Ambos assistiram nossa aproximação em silêncio, enquanto vento fazia-nos relembrar a temperatura baixa.

– Então esse é o cara que encontraram no rio? – Corey indagou, me encarando através dos olhos estreitos.

Aparentemente aquele seria o meu mais novo apelido dentro da comunidade. Para ser sincero, eu já estava começando a me acostumar.

– Ele mesmo. – Virginia respondeu.

– E vocês acham que vão conseguir tomar aquele estoque? – ele balançou a cabeça e cofiou o cavanhaque. – Vocês são realmente malucos.

– O local não é tão grande e duvido muito que Herbert vá manter mais do que cinco agentes lá. – Oliver argumentou de maneira firme. – Há vários outros estoques da milícia, Bernard escolheu esse por ser mais próximo da gente.

– Sendo menor que os outros ou não, isso não diminui o grau de perigo. – Corey retrucou após suspirar. – Só espero que vocês saibam o que estão fazendo...

– Trouxe o que eu havia pedido? – Virginia interrompeu, pondo as mãos na cintura.

– Não foi tão fácil assim, mesmo você tendo falado com Bernard, ainda houve alguns impedimentos. – ele retirou a manta que cobria a traseira da caminhonete, revelando algumas armas. – Isso foi o que eu consegui pegar.

– É o suficiente. – ela continuou, pegando um revólver e pondo-o no cinto. – Pelo menos eu espero.

Recarreguei a pistola com um cartucho que fosse compatível e em seguida peguei uma faca de caça que era bastante parecida com a que eu costumava utilizar antes de perde-la ao cair da ponte. Corey deu as costas e abriu a porta do motorista, entrando em um movimento rápido. Oliver contornou o veículo, ocupando o assento do passageiro enquanto eu e Virginia ficamos nos bancos posteriores. O carro ganhou vida logo depois, com os faróis lançando dois fachos alguns metros à frente, e Corey acelerou pela estrada de terra batida.

Eu não tinha ideia de para onde estávamos indo e a negritude da noite não estava ajudando em praticamente nada. Senti a caminhonete chacoalhar com o terreno instável e ocasionalmente meu corpo era jogado para esquerda e depois para a direita, para então ficar estável – provavelmente por que havíamos chegado à via asfaltada. As árvores ficaram um pouco mais distantes e eu passei a ver os campos mais abertos das planícies, onde alguns locais para a criação de animais e para plantar podiam ser vistos. Tão logo o cenário a nossa volta mudou, ouvi um grunhido de irritação oriundo de Virginia.

– O que foi? – Oliver indagou, voltando a cabeça para trás.

– Nada. – ela sussurrou em um tom grave. – É só que... Me irrita ver esse lugar completamente deserto

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