Parte I - Capítulo 11

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– E quanto ao robô?

– Transforma em sucata. – o individuo com a lanterna respondeu. – Duvido que ele seja útil para alguma coisa.

– Não! – gritei enquanto tentava me soltar, mas recebi um soco no estômago, que me fez cair curvada e de joelhos no chão. Depois disso um pano foi colocado na minha boca.

– Ninguém gosta de rebeldia... – um deles sussurrou aos meus ouvidos. – Colabora, se não corto tua garganta aqui e agora, e deixo o corpo para os ursos comerem.

Grunhi enquanto era erguida a força e arrastada pela floresta, de volta para a estrada. Percebi que o veículo se tratava de uma caminhonete antiga com um holofote no teto e parte traseira com espaço suficiente para duas pessoas ficarem em pé. Logo que nos aproximamos, a luz foi desligada, deixando todos mergulhados na penumbra, fui empurrada para os assentos posteriores enquanto era acompanhada por um dos homens. Dos que haviam restado no lado de fora, dois ocuparam os bancos frontais e o último subiu na caçamba.

– Enquanto ao outro cara? – o motorista indagou dando a partida.

– Eu sei lá. – o outro que estava ao seu lado respondeu. – O desgraçado me acertou um tiro de raspão e então começou a correr pra longe dela. Perdi de vista.

– Deve ter usado como isca e fugiu.

A caminhonete começou a avançar pela estrada e depois de alguns minutos já estávamos na rodovia asfaltada. Minha mente não parava de pensar naquilo que eles haviam dito, sobre Connor ter me usado como isca. A raiva só não era maior que a frustração e o arrependimento por ter sido tão burra daquela forma, perdendo Willy como consequência.

Willy.

A carabina encontrava-se apoiada junto da bolsa, ao lado do sujeito que me acompanhava, mas logo descartei qualquer chance de pegá-la. Primeiro por que meus pulsos estavam amarrados, e segundo por que todos ali dentro, além de mim, estavam armados. A caminhonete foi acelerando e seguindo para o Leste, onde as planícies e pequenas elevações montanhosas se tornavam ainda mais evidentes e comuns. As florestas por ali eram dominadas por pinheiros e árvores de caules estreitos, mas de folhas longas e delicadas.

– Ah, merda. – O motorista falou enquanto olhava pelo retrovisor, rompendo o silêncio no interior do veículo. – Como esse filho da puta subiu?!

Virei a cabeça e vi através da pequena janela traseira o que ele estava querendo dizer. Havia uma segunda pessoa atrás que, com um rápido movimento, agarrou o sujeito que estava sentado ali e o feriu na altura do pescoço com a faca. O indivíduo agonizou por poucos segundos enquanto o sangue escorria até que o corpo caiu da caminhonete, rolando pelo asfalto. Depois disso, eu pude ver que o intruso em questão era Connor.

Um misto de alivio e indignação me dominou, mas que logo foi se dissipando quando vi o homem sentado ao lado do motorista abrir a porta e agarrar-se às armações de ferro que revestiam o carro.

– O que está fazendo? – o motorista indagou, se fazendo ouvir apesar do som do motor.

– Me livrando de um parasita. – gritou de volta enquanto saltava para a caçamba.

Tentei me arrastar para perto da porta, mas meu braço foi agarrado e o responsável por isso balançou a pistola que segurava, como em uma ordem silenciosa para que eu não me movesse. Engoli em seco, voltando meu olhar em direção da janela traseira para assistir enquanto Connor trocava socos e chutes com o sequestrador.

Mesmo suportando parte dos golpes, eu sabia que Connor não duraria por muito tempo pelo modo como sua respiração estava acelerada e pelo modo como seu rosto assumia expressões de dor. Depois de um soco recebido no rosto, ele virou a cabeça para o lado, cuspiu sangue e saltou para cima do outro com um grito de raiva.

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