Parte V - Capítulo 41

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Quando alcançamos a tal construção, fiquei aliviado ao perceber que de fato era uma cabana. Mas, diferente da anterior, aquela não parecia ser uma casa comum. As paredes eram reforçadas com pedras e concreto, com exceção do telhado que era de madeira. Notei que tinha uma espécie de garagem logo ao lado e uma estrutura de metal que se assemelhava a uma torre no fim do terreno, onde as bases exibiam algumas marcas de ferrugem. Quando me aproximei da porta, percebi que a tranca estava quebrada, o que denunciava que o local já tinha sido invadido em algum momento do passado.

– Isso não é um bom sinal. – Elise comentou, vendo a maçaneta estragada.

– Vamos torcer pra que ninguém volte. – falei, adentrando na estrutura deserta.

Elise me acompanhou e em seguida veio Willy. O interior era se resumia a três cômodos apenas, sendo o primeiro, e também maior de todos, ocupado por uma bancada eletrônica, que certamente servia para monitorar a torre que havia logo atrás da cabana. Fora isso, vi uns móveis de madeira e uma lareira de ferro, que provavelmente seria nossa salvação daquele frio.

– Tá, isso é novidade. – Elise murmurou, olhando para o equipamento eletrônico envelhecido. – O que acha?

– Não faço ideia. – respondi e depois fui em direção da lareira. – Desde que nos mantenha aquecidos, não me importo com que esse lugar possa ter sido.

– Só espero que não exploda enquanto estivermos dormindo.

Não pude deixar de sorrir com aquele comentário. Vendo o estado de conservação de toda aquela tralha, explodir, definitivamente, seria a última coisa que iria acontecer. Enquanto vasculhava o cômodo, notei que não havia lenha por perto, o que me forçou a ter que usar um dos móveis como combustível para o fogo. Willy me ajudou na maior parte do processo, mas no geral foi bem fácil quebrar duas cadeiras, já que a madeira se encontrava mais frágil do que aparentavam.

Alguns minutos após isso, o fogo já crepitava.

– Quanto tempo essa tempestade vai durar?

– A noite toda, provavelmente. – falei enquanto me aproximava um pouco mais da fonte de calor. – Nunca senti tanto frio.

– Bem, você vai ter o inverno inteiro pra se acostumar com ele. – Elise retrucou e eu meneei a cabeça de lado, tendo que concordar.

Naquela noite, em particular, foi difícil dormir. Primeiro por que a lareira não era potente o suficiente para manter todo o cômodo aquecido e segundo por que o som do vento parecia mais alto a cada segundo. Me revirei deitado algumas vezes e até mesmo senti inveja de Elise por conseguir dormir tão tranquilamente naquela situação. Quando enfim consegui cair no sono, acabei tendo sonhos conturbados e rápidos, que me fizeram sentir ainda mais cansaço.

Acordei no dia seguinte com algo batendo no meu braço e, quando minha visão se acostumou com a claridade, percebi que se tratava de Willy.

– Willy? – franzi o cenho e me sentei. Era a primeira vez que eu o via fora da hibernação sem autorização direta de Elise. – O que foi?

– Este ajudante pede desculpas por acorda-lo dessa forma. – ele me deu um pouco mais de espaço. – Mas a temperatura corporal de Elise está acima do normal.

– Como é? – me aproximei dela e em seguida toquei sua testa com as costas das mãos. – Ah merda...

– Uma bela palavra para definir o momento. – ele disse e parou ao meu lado. – Este ajudante aplicou a medicação necessária, mas apenas isso não será o suficiente.

– Em quanto está o seu estoque?

– Em cerca de dezessete por cento. – Willy inclinou ligeiramente a cabeça para o lado. – Mas este ajudante não se referiu aos medicamentos.

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